A explosão foi vista e até sentida ainda de muito longe pelo pai da família que retornava com auxílio da cidade de Giro. Ele conseguiu ajuda de dois guardas do Templo da cidade e de um "faz tudo", moço esperto que trabalhava para qualquer um que lhe pagasse pelo serviço. Ele se chamava Finon e, por sorte, estava disponível naquela hora. Eles aceleraram o passo para chegar logo ao local e, ao se aproximarem, perceberam o desespero do jovem Sonyn, que tentava subir na pedra que rolou com a explosão. Para alívio do pai, a criança estava viva e abraçada com a mãe.
Sonyn explicou a eles o ocorrido, que seu Senhor Krupert havia descido para retirar a criança. Ele ainda se encontrava dentro da caverna quando houve a explosão. Surpresos pela explosão ter sido de dentro da caverna, começaram a falar que ninguém sobreviveria. Resignado e em pranto contido, Sonyn não tinha o que contestar.
A corda usada para descer na caverna se queimara completa- mente, mas o tal de Finon tinha trazido outra forte e longa consigo.
Pelo menos deveriam recuperar o corpo, era o que Sonyn pedia, mas isso ficou decidido pelos três somente após discutirem o preço. É, o povo da cidade grande fazia de tudo, mas somente por retribuição financeira. Como o pai já havia pagado pela presteza dos três, agora restava Sonyn pagar para resgatarem o corpo de Krupert.
Já era noite e o "faz tudo" desceu com uma tocha na mão que jogou mais a frente, no chão da caverna. Ele avistou o corpo de Krupert, que estava caído em posição quase fetal. Finon desceu até o piso do primeiro degrau gigante, não reparou na escada lateral, que agora tinha sido parcialmente liberada. Pulou dois grandes degraus até o chão e foi se aproximando do corpo. Notou a adaga fortemente presa à mão, tocou no corpo que ainda estava muito quente e levou a mão ao rosto do jovem. Admirado, atônito e espantado, gritou, fazendo o som ecoar por toda a caverna:
— Ele ainda não morreu! Ele está vivo!
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Ao retirarem o jovem mago da caverna, notaram que as abas de sua veste e as pontas de seus cabelos vermelhos estavam queimadas, e que a mão direita que segurava o cabo da adaga estava marcada de queimadura. Como foi possível ele sobreviver? Será que a explosão não foi tão forte assim? Tentaram de tudo, mas Krupert não despertava. Já era noite, então armaram acampamento no canto da estrada, pois viajar na escuridão seria perigoso demais, ainda mais com alguém desacordado. Seguiriam para a cidade no outro dia.
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Não demorou muito para chegar o Dia da Lua de Sangue, menos de uma dezena de jovens magos vindos de todos os cantos daquela terra se reuniram para a cerimônia. O Mestre Bozar comentou sobre a quantidade de novos magos, que eram tão poucos naquele ano. A realidade era que ano após ano o número de Iniciados diminuía por motivos ainda desconhecidos. Então, ele perguntou a Sacerdotisa Poukorla sobre o tal jovem acidentado, mas ela não soube responder, pois havia encarregado seus servos para ajudá-lo no que fosse preciso e não cuidou do caso pessoalmente. No mesmo momento, Bozar buscou se informar com os servos, recebendo a notícia que o mago continuava na mesma situação, desacordado.
— Lamentável! — Era sincero o lamento de Bozar, embora ele se preocupasse mais com a ordem dos magos do que com a pessoa ferida em si.
A baixa do número de magos colocava em risco o status dos mestres e sacerdotes. Por isso, antes do início da cerimônia, o Mestre Bozar foi ver o estado de Krupert pessoalmente. Entrou no quarto da estalagem sem nem bater na porta. Sonyn estava tentando alimentar Krupert com uma sopa rala que derramava garganta abaixo. Mestre Bozar, perguntou a Sonyn como o jovem estava passando e ele respondeu que não houve nenhuma alteração ou melhora.
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Krupert - Aprendiz de Necromante
FantasíaKrupert - Aprendiz de Necromante é um livro de fantasia que narra a jornada de autoconhecimento de um jovem mago para superar os próprios limites e proteger sua família, mesmo que para isso precise quebrar as regras de seu mundo e invocar uma magia...