57%

10.8K 954 1K
                                    

E Josh, assim como prometido, contou mais uma de suas histórias para Any, ele só não queria ouvir a menor chorar um minuto sequer.

A história era engraçada,todos que a ouviam sempre riam e se perguntavam como ele havia conseguido fazer tal proeza, mas Any estava tão apavorada que dessa vez mal prestou atenção nos detalhes.

Josh sentia seu coração coração diminuir, como se ele precisasse tirar um riso de Any para que aquilo não acontecesse. Ele não entendia aquele sentimento de proteção, sentia vontade ou desejava que aquilo fosse embora ou não existisse.

- Você está com fome ? - Perguntou baixinho.

- Não muito. Eu comi antes de tudo acontecer, estava vendo um filme.

- Vontade de ir ao banheiro?

- Ah, não me lembre disso.

- Desculpe. Só estou preocupado.

- Não precisa eu_

- Fica quieta, uh. Só fica - Josh a interrompeu.

- Tudo bem. - O alívio que Any sentiu foi tão necessário.- Josh, minha vez de contar uma história.

- Tem certeza? - Tentou conter o sorriso no rosto, mas logo foi tomado por sensações boas e não resistiu. - Vou adorar ouvir.

- É uma história triste, eu acho.

- Se não quiser contar tudo bem.

- Eu era um pouco gordinha quando mais nova e todo mundo adorava apertar minhas bochechas como se eu não me importasse com aquilo. Ninguém sabe como isso dói.

- Você ainda tem essa bochechas? - Josh riu.

- Mais ou menos. Continuando... Eu estava em uma fila com uma tia e as pessoas sempre ficavam me olhando como se eu fosse uma miniatura de algo fofo. Então uma senhora perguntou para minha tia se ela podia apertar as minhas bochechas. Como se as minhas bochechas fossem propriedades da minha tia e não minha .

Josh gargalhou do outro lado da linha.- Desculpa, isso foi engraçado. Continue.

- Então eu gritei na hora que ela se aproximou, falei que as bochechas eram minhas e que isso doía muito. Fiz a minha cara de mau, a melhor que eu tinha, cruzei os braços e fiz um bico enorme.

- Até eu senti vontades de apertar agora.

- Então a senhora começou a chorar desesperadamente e disse que eu não fui criado bem, que eu havia assustado ela. Conclusão: Eu era uma criança tão má, Josh.

Os dois riram e Josh sentiu um alívio ao ouvir o riso baixo dela.

- Só minha mãe apertava minhas bochechas e ela não vai mais fazer isso. Está doendo tanto.

- Ei, olha... - Josh não sabia o que dizer. - Eu não sei oque dizer.

- Tudo bem, você está ai do outro lado, isso já é o bastante.

- Eles estão por perto?

- Está tudo muito quieto, só o barulho da TV.

- Você viu seu pai em algum momento?

- Não. - Suspirou. - Devem ter deixado ele na casa da piscina, lá nos fundos.

- Ele deve estar bem.

- Não me importo com ele. - Esbravejou baixo, quase sussurrando. - Quando eu tinha 15 anos ele arrumou outra mulher e a engravidou, a minha irmãzinha querida não tem culpa disso, eu nunca a culpei por nada. Mesmo ela sendo insuportável.

Last Call - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora