Como não conhecer seu sunbae

680 44 5
                                    

Estou ansioso, hoje preciso voltar para casa depois de passar as férias da faculdade na casa dos meus pais em Busan, já que milagrosamente consegui uma entrevista de emprego em Seul, onde estou estudando.
E antes que me esqueça, e vocês fiquem ainda mais confusos, deixe que eu me apresente. Sou Mark, tenho 21 anos, e estou fazendo faculdade de música em Seul.
E como estava dizendo antes sobre voltar para casa, nada poderia me deixar mais nervoso do que a entrevista de emprego, a não ser o fato de ter que ficar dentro de um avião. Sério, se parar para pensar, é realmente assustador ficar horas em uma caixa de metal, com mais várias pessoas, e dependendo do clima e das leis da física para literalmente não morrer. E sim, talvez digamos que eu esteja exagerando, já que dizem que é o meio de transporte mais seguro existente, e que eu tenha um tiquinho de medo apenas.
Mas como não tenho escolha entro no avião e me preparo psicologicamente para não surtar, afinal não pode ser agora, justo quando finalmente estou para conseguir um emprego que vou acabar sofrendo um acidente de avião. Simplesmente seria muita sacanagem do universo.
Porém algum tempo depois, quando já me tranquilizei, e nada de errado aconteceu, o piloto nos passa a mensagem que me faz ter certeza de que todos nós vamos morrer e que eu estava certo em ser paranóico, afinal como uma lata voadora pode ser segura? Principalmente durante uma tempestade. Sim, a previsão do tempo que eu chequei 10 vezes antes de entrar aqui, e que prometia um dia lindo de sol, me enganou, e no final das contas estamos no meio de uma tempestade. O problema? Vamos deixar claro de uma vez por todas, eu tenho PAVOR de altura, e possíveis problemas em um avião se enquadram no primeiro lugar das coisas que podem me causar um surto.
E o que fazemos quando entramos em crise? Falamos sem parar para qualquer pessoa que esteja perto na tentativa de manter a calma que já foi para o espaço a séculos. E aí começam meus problemas (como se eles já não tivessem surgido junto com essa turbulência). A pessoa mais próxima de mim, que é claramente um dos tantos desconhecidos que tenta chegar a Seul, é um rapaz que provavelmente é poucos anos mais velho que eu (analisem como fazer amigos aqui crianças), mas o interessante é que ele está perfeitamente calmo, tão calmo que estava dormindo. Isso mesmo, estava, já que eu acabei gritando e apertando o braço do coitado do moço até ele acordar sem saber o que estava acontecendo, e nem porque tinha um doido, vulgo eu, o apertando. Mas eu disse que ele estava calmo não é mesmo? E além de calmo foi um anjo em não gritar comigo, já que aí sim alguém derrubaria aquele avião. Mas mesmo nessa linda calmaria acabei falando de todos os meus problemas da vida (pasmem, reclamei até dos crushs que não me notaram no ensino médio), enquanto o cara que eu nem sabia o nome ainda tentava a todo custo me manter sob controle. E aí vocês me perguntam, tem como ficar mais constrangedora toda essa situação? Mas é claro, ou meu nome não é Mark Lee.
Suponhamos que em algum momento do meu surto sobre más experiências amorosas da adolescência eu tenha dito que o rapaz ao meu lado era muito bonito, com cara de que era popular na escola. Mas o mico não acaba aqui não, depois dessa pérola, eu beijei o moço. EU BEIJEI UM DESCONHECIDO. No avião.
Para minha sorte (a única até agora), o voo estava chegando ao final, e eu pude correr e fazer a egípcia até perder o rapaz de vista, que ficou tão estático com tudo o que aconteceu que deve ter achado que eu tinha enlouquecido completamente, já que só tentou me perguntar algo quando eu já estava dando o fora daquela maldita lata de sardinha.

[] Teachers In Love [²]Onde histórias criam vida. Descubra agora