É hoje. Primeiro dia no trabalho, e aqui estou eu muito empolgado mas mal acredito que realmente consegui a vaga, além de que meu superior, vulgo pessoa mais adorável da terra não me odeia por ter surtado ao lado dele.
E aqui estou eu indo para a escola de música praticamente saltitando, e quando finalmente chego e dou de cara com Yuta conversando com uma criança que estava chorando por estar nervosa com seu primeiro dia. Decidi não atrapalhar, mas não contive a curiosidade em observar a cena, q criança que devia ter aproximadamente 5 anos estava toda encolhida e tristinha, enquanto Yuta conversava com ela e afagava seus cabelos, tentando acalmá-la. Comecei a me preocupar com o pequeno, mas quando estava prestes a me aproximar e ver se poderia ser útil em algo, quando o menininho abraça o pescoço de Nakamoto, o qual fica surpreso, mas o abraça de volta, já que a criança parecia ficar mais calma. Ok, é possível morrer de amor? Porque eu não aguento uma cena fofa dessas logo cedo. E a certeza que morrerei quando Yuta sorri, e meus queridos, se alguma dúvida restava de que aquele cara não era humano, agora não temos mais, porque como pode um sorriso ser tão lindo meu Deus? Se ele me ver aqui com cara de panaca encarando ele sorrindo com a criancinha ainda nos braços eu infarto de vez.
E como eu não tenho tanta sorte na vida, e toda ela foi gasta ontem quando consegui esse emprego, o universo não me ouve e o homem me nota aqui, e socorro, alguém me chama o SAMU, que vou infartar agora mesmo. E não me entendam mal, não estou dizendo que me tornei um doido apaixonado a primeira vista com q fofura do moço, mas é que convenhamos, Yuta sem fazer nenhum esforço consciente consegue deixar qualquer ser humano no chão. Como eu estou agora na minha cabeça, já que na realidade meus pés resolveram tomar as rédeas da situação e me levaram sem que eu percebesse para a frente da cena fofissima que eu estava apreciando de longe a vários minutos. E quando vejo já estou cumprimentando a ele e tentando conversar com a criança que agora parece muito mais alegre, e curiosa sobre mim.
- Bom dia Yuta! Bom dia pequeno! Qual o seu nome? - pergunto enquanto me abaixo para ficar na altura dele e de Yuta que também está agachado.
- Oi, meu nome é Shuyang. E quem é você?
- Meu nome é Mark, e acho que vou ser um dos seus professores hoje. Certo Yuta?
- Sim, e hoje é o primeiro dia de vocês dois. Espero que gostem e possamos todos nos dar bem. - Ele continua sorrindo, e eu olhando como se tivesse viajado para outra dimensão, o que não deixa de ser verdade, já que me sinto numa espécie de paraíso e não consigo conter um sorriso também.
- Vamos.
[...]
As primeiras aulas durante a manhã foram tranquilas, Shuyang até havia se enturmado com outras crianças, e tudo correu bem. Mal vi o tempo passar e já era hora do almoço, e na minha empolgação em vir para o trabalho esqueci de trazer minha marmitinha, que a esta hora deve estar na minha geladeira se perguntando como pude esquece-lá. E depois de toda a alegria da manhã me vi triste sem minha comida, e sendo obrigado a sair sozinho para comer fora. Até que passei ao lado de Yuta, e pasmem, só percebi sua presença por ele ter chamado por mim. Vejam o nível em que estou borocoxô agora, não vi o anjo do meu sunbae passando. Mas como já disse, ele é um anjo e não deixou de notar minha cara jururu de criança que perdeu a mãe no mercado.
- Está tudo bem Mark? Você estava alegre enquanto estávamos na aula, mas parece triste agora. O que houve?
- Nada não, é que eu me empolguei demais de manhã e esqueci meu almoço e minha carteira em casa. - confessei, e ele surpreso provavelmente pela minha burrice deu uma risadinha. E vai parecer que estou boiolando demais, mas a risada contida dele é muito fofa. E agora antes de morrer de fome, morrerei de infarto, porque não tem condições.
- Se quiser podemos dividir meu almoço, eu costumo cozinhar porções meio grandes para uma pessoa só e acabo trazendo comida a mais. - A. Meu. Deus. Pane no sistema alguém me desconfigurou. Dividir o almoço? Eu estou num dorama e ninguém me avisou, socorro. Não deveria me apaixonar assim não, mas tá difícil.
- Se não tiver nenhum problema e nem for um incomodo eu aceito sim Yuta. - Não sou nem besta de perder uma oportunidade dessas de me aproximar e sei lá né, puxar uns assuntos, virarmos amigos, e quem sabe refazer aquela cena de beijo de hospício que eu causei. Mas é o que fala aquela música famosa né? "Sonhar mais um sonho impossível". Se bem que aconteceu uma vez né, podia rolar de novo pra pelo menos eu morrer em paz e poder dizer que aproveitei pelo menos 2 minutos nessa terra como se estivesse no céu, já que tem aí algum tempo (leia-se muito tempo), que não tenho nem um ficantezinho, que dirá estar em um relacionamento mais sério. E de novo estou aqui divagando sobre meu sunbae, enquanto vamos em direção a uma sala que não é o refeitório dos professores. Certeza que ele disse algo sobre onde estávamos indo e eu concordei sem nem ouvir uma palavra porque estava ocupado nutrindo meus sonhos.
Mas quando chegamos percebo que na verdade se trata de uma sala de treino individual. E agora eu entendo menos ainda o que estamos fazendo aqui. Ótimo Mark Lee, continua viajando na maionese na frente dele pra tu ver o que acontece.
- Porque estamos aqui? - pergunto o óbvio, torcendo para que ele não tenha dito isso a 2 minutos atrás.
- Eu prefiro passar o horário do almoço por aqui, o refeitório costuma ser muito barulhento e gosto de comer e ter um tempo de descanso longe de tantas pessoas. - Ô dó, olha quem ele chama pra almoçar com ele, logo eu que não consigo passar 5min em em silêncio que já quero conversar até com as paredes. Mas vou pagar de quietinho pra não assustar mais ainda o moço né?
- Ah, entendi, vou tentar atrapalhar o menos possível seu descanso. Vou ficar quietinho aqui depois de comermos. - É o que eu pretendo pelo menos.
- Não se preocupe, eu gosto de conversar, e você parece muito amigável, eu só costumo sair do refeitório porque são muitas pessoas desconhecidas falando ao mesmo tempo e eu sou um pouco reservado, então não me sinto muito bem lá.
- Entendo, mas mesmo sendo reservado você foi muito amigável comigo desde o fatídico dia no avião. E hoje quando te vi com Shuyang achei muito delicado o cuidado que teve com ele - Eita, lá vai eu falar demais e admitir que estava boiolando vendo ele com Shuyang de manhã. Impulsividade 2x0 sensatez.
- Obrigado por pensar assim, as vezes as pessoas tem a impressão que eu sou sério demais, e evitam qualquer aproximação.
- Quem tem coragem de fazer isso com um bolinho desses? Vou dar na cara se cruzar com uma criatura dessas na rua. - Espera. Porque ele tá quase sem ar de tanto rir? Não me diga que eu pensei em voz alta e falei o que passou na minha cabeça. Eita, eu nunca vi ele rindo tanto assim, então é certeza que eu passei essa vergonha, e foi no débito, e à vista. Mas vou só confirmar por desencargo de consciência.
- Eu disse em voz alta né? - falo já rindo da minha própria desgraça, e porque a risada dele é contagiante por algum motivo.
- Desculpa por rir desse jeito, mas fiquei surpreso, e o jeito que disse isso tão indignado foi adorável. - Ele por acaso tá flertando comigo? É isso mesmo produção? Pane no sistema², estou desconfigurado para todo o sempre. Tão desconfigurado que não consigo nem responder e fico novamente com cara de pastel, só que dessa vez vermelho e mudo, já que tenho dúvidas até se estou respirando direito.
E como resultado agora temos um climão que dura 30 segundos (por sinal os mais longos da minha vida), até que minha situação começa a deixar Yuta preocupado sobre eu estar passando mal ou ter ficado tão chateado com ele rindo da minha cara que estou né recusando a falar. Mal sabe ele que na realidade eu me perdi no momento que ele flertou comigo. Tenha sido intencionalmente ou não.
- Mark? Está se sentindo bem? Você está vermelho, está chateado comigo? Com febre? - Em seguida passa a mão na frente do meu rosto esperando alguma reação que não chega, e quando finalmente me sinto pleno o suficiente para falar qualquer coisa ele se aproxima ainda mais e roça minha testa para testar minha temperatura. Se eu não ia desmaiar antes, agora vou. Adeus mundo cruel. Se ele chegar mais meio centímetro perto de mim, não serei responsável pelos meus atos. O problema é que parece que ele está me ouvindo pensar, já que se aproxima ainda mais depois de eu ter arregalado os olhos com sua aproximação anterior. Agora é real. Morri. Simplesmente morri. Tem um Yuta entrando em desespero na minha cara e eu só consigo olhar pra boca dele como se tivesse algum tipo de problema. Mas uma forcinha de vontade tirada do cu me faz falar alguma coisa antes que o garoto entre em colapso na minha frente ou chame mais alguém pra apreciar minha cara de panaca.
- Tá tudo bem sim Yuta, eu estava só divagando. - falo dando um risinho da minha própria vergonha e para tentar acalmá-lo (desde quando ele fica desesperado? Eu quase infartei na frente dele e ele nem falou nada. Talvez porque eu o tenha beijado antes de dar chance pra resposta). E por falar em beijo (já disse que me sinto em um dorama desde que vi ele a dois dias atrás?), Yuta todo fofinho foi me abraçar depois de constatar que eu não ia ter um siricutico na frente dele de novo, e por algum motivo inexplicável (talvez reflexo, ou talvez só porque eu seja meio besta, e agora esteja besta por inteiro) eu virei para olhá-lo, e num segundo de descuido da minha parte acabei deixando meus lábios ao lado de sua boca por míseros segundos que foram suficientes para cessar qualquer surto ou risadas da parte de ambos e criar a sobremesa perfeita, uma belíssima torta de climão. Detalhe, ele continua me abraçando, e eu não estou nem um pouco disposto a me soltar dele. Nessa hora meus divertidamente devem estar enlouquecidos, a raiva reclamando da minha coordenação motora ruim, mas que não foi ruim o suficiente para um beijo de verdade, a tristeza obviamente triste que não rolou bitoquinha, o medo se cagando pensando que agora vou ser demitido por ser abusado demais sem querer, e a alegria tá saltitando por aí porque tô na beira do abismo de arrumar um crush potencialmente não correspondido mas que não me largou até agora mesmo com o climão que eu criei sem querer. E nem faz mais sentido estarmos abraçados porque nem aconteceu nada comigo, mas Yuta não parece desconfortável e me parece estar tão pouco disposto a me soltar, tanto quanto eu estava relutando em deixá-lo.
Mas como tudo que é bom dura pouco, ouvimos o sinal que marca o fim do almoço tocar e nos soltamos, sairmos da sala rumo a nossa próxima aula. Não sem antes eu elogiar a comida que de fato estava muito boa.
- Obrigado por se preocupar comigo e dividir seu espaço e sua comida, estava simplesmente perfeita. - digo sorrindo porque é a única coisa que deveria ser permitida de se fazer na presença dele.
- Eu que agradeço por se aproximar e me fazer companhia, as vezes é solitário ficar completamente isolado por aqui. - eu vou espremer ele de tanta fofura, alguém me segura.
- Sempre que quiser companhia pode contar comigo então. - digo somente o suficiente para deixar meu interesse de passar tempo com ele claro, mas sem passar mais vergonha, porque minha cota diária já passou a tempos.
- Então podemos nos encontrar aqui novamente amanhã? - Direto como sempre e eu emocionado como sempre, quase caí duro na frente dele pelo que deve ter sido a 10 vez hoje. Obviamente concordei mais rápido que o Relâmpago Markinhos ganhando a Copa Pistão, o que aparentemente foi engraçado, já que Yuta começou a rir novamente. E não me cansarei de dizer, que coisa mais fofa. S o c o r r o. Mas como ninguém precisa saber do meu surto interno, apenas vou andando em direção a porta, e quando toco a maçaneta sinto sua mão agarrar meu pulso, me surpreendendo e me deixando sem tempo de responder ou se quer corresponder o selinho que me dá em seguida. Agora a pane foi seria mesmo, se não cair morto aqui e agora, viverei mais uns 90 anos com um coração perfeitamente saudável, porque o bichinho disparou como nunca aqui no meu peito. E olha que foi literalmente um selinho. Um segundinho. Uma bitoquinha. E já estou aqui d e s m a i a d o. Depois de divagar alguém minutos sobre como a boca dele pareceu se encaixar na minha, e como ela parecia macia, mesmo que tenha sentido por um mísero segundinho, percebo que estou quase atrasado para voltar para a sala de aula, e que Yuta já se foi a tempos enquanto eu encarnava a tela azul do Windows com a mão na maçaneta da porta, esta agora já aberta. E é sonhando acordado com um beijinho do crush (reparem que a algumas horas atrás eu disse que não era crush, e que só o achava adorável), que volto para a sala onde lecionamos juntos, e é ai que a vergonha me bate. Quando percebo que ficarei mais algumas horas trancado na mesma sala que ele com várias criancinhas fofas. O problema? Como irei encará-lo agora?
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[] Teachers In Love [²]
Fanfiction[Yumark] Mark, estudante de música, em uma viagem de volta para Seul, se desespera durante uma turbulência e acaba contando toda a sua vida para o passageiro do seu lado, além de beijá-lo em meio a iminência de uma tragédia. O problema? Nada acontec...