Fallin' In Love (Together)

15 - Felicidade em uma noite fria

Ainda estavam sentados à mesa, Ed olhava alguma rede social no celular, enquanto Lana fazia o mesmo no dela.

Artur comia a última porção de comida no prato, se levantou e ia rumo ao quarto quando parou e se virou para Iann.

- Tem certeza que não quer dormir aqui?

Dessa vez ele estava sério, diferente de minutos atrás ele não tinha dito isso por provocação.

- Tenho... Outro dia eu fico!

- Ok. Vou pegar a chave da moto!

Ele se virou de novo e seguiu rumo ao quarto. Ed largou o celular sobre a mesa, levantou e começou a recolher os pratos sobre a mesa, sem tirar o foco do trabalho que fazia quando questionou Iann.

- Por que você quer ir cedo assim?

- Cedo? Já são nove e pouco...

- Você já saiu daqui mais de meia noite, Iann...

- Eu não falei pro John que ia ficar, fora que não trouxe a roupa do colégio!

- Ok... Como se não pudesse usar uma minha ou do Artur!

Com isso ele não perguntou mais nada e levou os pratos para a cozinha.

- Inn, amanhã você pode levar uma cartolina pro colégio? Lana devia estar lendo alguma mensagem no celular.

- Cartolina? Mas já? Não é nem o terceiro dia de aula....

- É só pra fazer um cartaz, não é trabalho!

- Aa... Tá! Que cartaz?

Iann tentou olhar por cima pra ver se enxergava a mensagem, mas ela percebeu e recolheu o celular.

- Amanhã você vai saber pra que é, deixa de ser curioso!

Uma das coisas que Iann mais detestava era ficar curioso sobre alguma coisa e ter que esperar pra ter a resposta.

Artur voltou do quarto, mas não colocou outra roupa, ainda estava de short e sem cueca, era mais que perceptível.

- Você vai assim? Iann o olhou como se Artur tivesse pirado.

- O quê que tem? Ele abriu os braços fazendo menção que mostrassem o que havia de errado nele, o que era mais que óbvio.

- Artur vai fazer frio... Quando eu vim com o John já estava, imagine agora!

- Tá tranquilo! Eu aguento! Ele passou ao lado de Iann, abriu a porta e seguiu pra garagem ao lado. Antes de sair ele parou e olhou para trás.

- Você vem ou não?

- Estou indo...

Iann foi até a cozinha, mas não entrou, apenas olhou pela porta, Ed estava lavando os últimos pratos que restavam na pia.

- Tchau, Ed... Ficou esperando ele responder de volta.

- Até amanhã, cabeção... Ele olhou pra trás por cima do ombro.

Voltou pra se despedir de Lana, mais uma vez tentou chegar em silêncio pra ver se conseguia ler as mensagens, não deu certo. Ela já o esperava e abaixou o celular.

- Aff... Você em... Tchau!

- Até amanhã, babe! Não esquece da cartolina!

Quando Iann saiu na calçada, olhou ao redor e Artur não tinha retirado a moto da garagem ainda, ouviu o barulho de motor, estava ligada e o portão já aberto. Ele a tinha colocado pra aquecer um pouco.

Andou até o passeio e parou entre a varanda e a rua, mesmo não sendo muito tarde, não havia nenhum movimento por ali, ao olhar a luz do poste já podia ver um pouco de neblina que caia lentamente.

Tinha sido uma péssima escolha ter pego a camisa de manga curta, o frio começou a envolver seu corpo fazendo com que Iann cruzasse os braços na tentativa de contê-lo. Quem imaginaria que durante o dia o calor que é escaldante a noite se tornaria quase um inverno sem neve.

Enquanto chutava umas pedras da calçada, Iann viu um casal surgir na única entrada que dava acesso à rua. Os dois conversavam e riam de algum assunto que pelo jeito era bastante engraçado, mas a distância não o deixava entender sobre o que poderia ser.

Quanto mais ela ria, mais ainda ele repetia seja lá o que fosse que estivesse falando.

Ao passarem embaixo da luz do poste, o cabelo loiro dela reluziu em um amarelo vívido, quase como ouro. Ela usava uma touca vermelha e os cabelos volumosos caiam pela lateral. Ele era um pouco maior que ela, a envolveu com um braço e puxou pra perto de si.

Quando ela levantou um pouco o rosto, ele a beijou, durou apenas alguns segundos, ela o afastou e voltou a rir. Seja lá o que estivessem conversando os fazia bem.

Artur acelerou a moto e freou a fazendo derrapar na frente de Iann, sua única reação foi levar um susto. Estava tão concentrado na felicidade do casal que havia perdido a noção do tempo e não o viu chegando.

- Você é doido?

- Estava dormindo em pé?

Iann olhou de volta para o casal mas já estavam abrindo a grade da casa deles, provavelmente. Até que entraram e não pôde os ver mais.

- Vai subir ou mudou de ideia e decidiu ficar?

Artur tinha um braço estendido à frente com o capacete na mão. Iann desviou o olhar da casa e o voltou pra pessoa à sua frente. Pegou o capacete e o colocou, em seguida tentou subir na moto, na primeira tentativa seu corpo pendeu pra trás e voltou a pisar no chão.

- Quer uma escada? Artur começou a rir e aquilo havia irritado Iann, mas ele riu também.

- Ha ha, engraçadinho... Não entendo essa tara de vocês em moto alta!

A moto do Jhon é uma CB-650, e a do Artur é uma XRE-300, que era ainda mais alta que a do seu irmão. Colocou a mão no ombro dele pra ter equilíbrio ao subir. A pele de Artur estava ainda mais fria que antes.

- É porque você não tem altura!

- Por que você não pegou uma camisa de manga longa? Iann havia ignorado o comentário dele, só o fato de estar sem camisa com o frio que estava fazendo o preocupava.

- Não preciso! Artur acelerou aos poucos e seguiu em frente até sair na rua principal.

O que era pra demorar de uns dez a quinze minutos, iria durar ainda mais com a velocidade que ele pilotava. Artur não estava acelerando pra ir mais rápido, e parecia não se importar se iria chegar logo ou não.

Diferente de quando andava de moto com seu irmão, Iann estava usando o apoio na lateral pra se segurar. O frio tinha aumentado por causa do vento. "Que falta faz o Jhon aqui agora". Soltou o apoio cruzando os braços, mas não adiantou muito.

Não estavam sequer na metade do caminho ainda, a pé a distância era menor por seguir uma linha quase que reta, de moto ou carro era preciso dar a volta na orla e retornar para que pudessem chegar em casa.

Artur tirou a mão do acelerador tocando em seguida na perna de Iann, a mão balançando fazia menção pra que segurasse na cintura dele mas Iann demorou de entender. Artur foi mais rápido e segurou sua mão o fazendo se agarrar a cintura dele.

Não foi o suficiente, ele o segurou de novo, agora pelo pulso, mas dessa vez o puxou para frente fazendo o corpo de Iann esbarrar nas suas costas em um abraço, e o fez envolver as mãos na cintura dele.

- Me abraça aí que está frio... A voz de Artur saiu abafada dentro do capacete, mas Iann conseguiu entender já que ele não ia tão rápido.

Iann só estava acostumado a andar desse jeito com o Jhon, a pele de Artur estava fria, o suor tinha secado por conta do vento. Mas pôde sentir que o corpo dele começou a tremer, ou já estava.

Já sabia que Artur iria se arrepender de ter vindo sem camisa desde que saíram.