Capítulo 1 🌹

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Recife, capital pernambucana 03/11/2020

Ao soar da escuridão, só se ouvia o som estridente dos sapos, o grito das corujas e o cantar dos grilos que insistiam persistentemente. O sítio se encontra bem localizado, nem longe nem ao menos muito perto da cidade, um lugar agradável, ao menos pelos olhos de quem vem de fora, todavia tudo que é bonito é confiável aos olhos dos cegos.

Sentado sobre uma pedra cheia de mofo alguns metros à frente de casa, consequência das chuvas intensas nos últimos dias, Jackson se pôs a pensar, até não aguentar mais e chorar como uma criança que precisa ser protegida, seus monstros voltaram e estão pior que antes, seu medo o consome, assim como suas lágrimas junto aos seus soluços que o torturam de uma forma tão agonizante que um tapa doeria menos.

— Puta que pariu! O que eu faço agora? — Levanta ele pondo suas mãos sobre seus cachos enquanto os puxa com força fazendo contendo um grito que não quer sair e o deixa ainda mais angustiado.

Seu rosto está vermelho de tanto chorar, sua raiva e nítida, tão explicita que seus olhos quase pulam para fora tentando pensar em algo que se passaram mais de 17 anos para resolver.

— Pensa Jackson, pensa pelo amor de Deus, pensa em algo porra! — Força a mente com tamanha necessidade que o faz ficar com dor de cabeça. Sua respiração fica cada vez mais acelerada, seu sentimento é aquele que ele sempre teve, o qual sente que não vai conseguir ter tempo o suficiente.

Ele teria que sair daquele lugar o mais rápido possível, e levar sua mãe junto, porém nem ao menos sabia como fazer isso, sair andando naquele lugar é difícil, facilmente seriam pegos, ele bate em sua cabeça com a intenção de pensar, bate tanto que sai sangue de seu nariz, que escorre por sua boca e encontra sua camisa e logo mais o chão. Logo respira olhando para cima, sentindo seu corpo arrepiar e enfraquecer facilmente, após escutar passos vindo em sua direção.

— Oh Caralho, está chorando por quê? — Jackson olha seu pai com cólera, o amaldiçoando em sua mente. — Eu nem te peguei ainda moleque, mas vou deixar passar, a vadia da sua mãe estava merecendo mais. — Fala seu pai, o olhando com um sorriso arrogante, dando-lhe uma rasteira o derrubando sobre o chão cheio de pedras, seus ossos estalaram tanto que parecia até mesmo que tinham quebrado. — Olha aqui moleque, me olha direito, não sou qualquer um para tratar do jeito que bem entende. — Jackson é silenciado com um forte tapa em seu rosto.

— Eu quero que se foda! — Fala Jackson tentando respirar, o peso de seu pai o impedia de fazer isso. Marcos, pai de Jackson o enche de soco, tanto no rosto, quanto em seu corpo, o deixando totalmente detonado e mesmo que tente o impedir, ele não tem força o suficiente. E com mais cinco socos em seu rosto foi apagado rapidamente, o homem o pega nos braços o levando para casa, o deixando jogado sobre a cama, cheio de sangue, marcas roxas, mas nada quebrado.

— O que você fez com meu filho? Seu bêbado de merda! — Fala Helena mãe de Jackson, dando um tapa no rosto de seu marido. Que não pensou duas vezes em pegá-la pelo pescoço e cabelo, a enforcando sem parar.

— Bêbado? Eu vou te mostrar o que eu sou de verdade! — Arrancou as roupas da mulher e tirou seu sinto, a açoitando levando-a ao quarto, onde lá, aconteceu tudo, mas para a família linda que eram não aconteceu nada. E lá ficou ele, deitado, desacordado, sem rumo, sem ajuda, totalmente desnorteado, com feridas, sufocado, calado e medroso demais para falar.

Veio acordar tarde da noite no relógio que marca exatamente 22:00, suas costas doem, quase como tivessem passado uma faca entre suas costelas, seu rosto está inchado, olha-se no espelho, várias marcas roxas por seus braços e abdômen. Olhou para o lado, e observa sua mãe sentada sobe o chão apenas com uma toalha a cobrindo, parte de seu cabelo foi cortado, suas bochechas totalmente roxas, seu pescoço então nem se falaria muito, ela olha para o espelho fixamente e chora pondo a mão na boca, para que seu filho não a escute. Jackson foi até ela, sentou-se ao seu lado e a viu chorar sem conseguir parar, seus soluços são insistentes, ela treme suas mãos, passa elas com força em seu rosto para enxugar as lagrimas.

TUDO O QUE VOCÊ NÃO SABE SOBRE A VIDA (DESGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora