Capítulo 1

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O som do violino preenchia o ambiente, o aroma quente da comida contrastava com o frio que fazia do lado de fora e o suave ruído das conversas nas outras mesas dava vida ao restaurante. Meu prato de canelloni já havia passado da metade e minha taça de vinho o acompanhava com maestria. Cada garfada que chegava à minha boca era um prazer único a ser experimentado em todos os detalhes. Do outro lado da mesa, uma taça manchada de batom se encontrava vazia ao lado de um prato de lasanha não finalizado em frente a uma cadeira sem ninguém. Não havia chegado sozinho até aqui, mas agora era assim que me encontrava, ao menos temporariamente.

Observando o ambiente a vi retornar com seus sapatos finos de salto alto, suas pernas esguias forradas pela meia-calça, seu corpo coberto por um vestido preto de alça colado ao corpo e sua coleira de couro ao redor do pescoço. Seus passos eram decididos e seu olhar estava fixo ao meu. Para ela não existia mais nada ao nosso redor, estávamos a sós no universo. Só assim para que ela cumprisse o comando que lhe fora dado. Seus longos cabelos emolduravam seu rosto de traços sutis enfeitado por uma maquiagem bem feita. Em suas orelhas tilintavam brincos e na boca, sua calcinha preta de renda.

Ela caminhou até mim sem desviar o caminhar ou o olhar, chegou ao meu lado e abaixou a cabeça na minha direção. Retirei a peça de roupa de entre seus dentes e a coloquei no bolso do meu casaco. Pela argola da coleira puxei-a até mim e beijei-lhe os lábios.

—Bom trabalho. Pode sentar-se e terminar sua refeição. — Com um sorriso estampado ela se encaminhou ao lugar que se encontrava vazio e recomeçou a comer. Preenchi sua taça e continuamos nosso jantar. Olhares curiosos nos observavam, mas o papel deles já fora cumprido, serviram apenas como um tempero para nossa noite e nada mais.

Após consumirmos nosso alimento, nossos olhares demonstram o desejo de nos consumirmos a qualquer momento. Paguei a conta, me levantei, dando-lhe o braço para irmos embora. O frio a atingiu em sua pele descoberta e ela se agarrou mais a mim. Caminhamos pela rua em direção ao nosso hotel aproveitando a beleza da noite e a presença um do outro. Nossa viagem tão planejada estava transcorrendo perfeitamente bem. E o jantar fora apenas o começo desta noite.

Ao chegarmos no nosso quarto, abri a porta e permiti que ela entrasse. Fechei a porta e desci para fumar em uma área descoberta e também para dar tempo que ela preparasse tudo que deveria estar pronto quando eu entrasse no quarto definitivamente. O frio da noite tornou o cigarro ainda mais agradável e os minutos transcorreram confortavelmente. Joguei o resto do cigarro que apaguei nos pés em uma lixeira próxima e retornei para o interior do hotel.

A porta do quarto estava exatamente igual, porém sabia que dentro dele toda a atmosfera já havia sido preparada de acordo com meus desejos. Abri a porta e meu olhar foi diretamente para ela. Das vestes com as quais entrou no quarto só sobraram o sutiã e a coleira. No lugar do que fora retirado, ao redor de seus punhos, haviam algemas de couro no qual a corrente que as une ainda não havia sido presa, assim como nas tornozeleiras de igual estilo.

Ela se aproximou de mim e tirou meu casaco indo colocá-lo sobre o cabideiro que ficava próximo à porta. Me sentei no sofá enquanto ela cuidava de minha roupa e percebi que uma xícara de café fumegante estava posta na mesa de canto ao meu lado esquerdo. Tomei a xícara em minhas mãos e comecei a provar a bebida perfeitamente adoçada de acordo com meu gosto. Enquanto bebia, ela se aproximou de meus pés, tirou meus sapatos e meias começando a me massagear. Cada gesto era feito com delicadeza e pressão perfeitas, a habilidade de quem já o fizera incontáveis vezes.

Terminei a bebida e pus a xícara novamente sobre a mesa. A observei de joelhos à minha frente, com meus pés sobre suas coxas e decidi levar meu pé direito à altura de sua boca. Movimento plenamente respondido por seus lábios que me beijaram por toda a parte superior antes de descer pela sola e dar atenção especial a cada um dos dedos. Sem necessitar de comando, ela abaixou meu pé e buscou o outro para repetir as ações que acabara de fazer.

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