[06] O Diferente Machuca

242 46 7
                                    

" тαℓѵεƶ α ɱเɳɦα ερเƒαɳเα "
____________________- .....

Enxerguei os fios de Sana balançando com o vento daquela tarde, ela andava apressada nas calçadas estreitas e limpas. Senti ondas gélidas ultrapassarem os buraquinhos do meu suéter fino amarelo, o céu indicava mau humor e em poucos minutos iria cair uma tempestade. Mas eu não podia arriscar outra chance, necessitava tirar palavras de Sana, ela estara perto demais para simplesmente deixar para um depois futuro.

Agarrei minha bolsa contra o peito e apertei os passos, ela olhava para os lados como se procurasse por alguém um tanto afoita, ou assustada, não soube definir. Ela ergueu a cabeça para cima para fitar o céu fechado, e depois para trás ao ouvir minha respiração cansada e descontrolada.

Ela olhou por bons segundos e passou a caminhar novamente até seu destino.

Meu rosto se enrrugou em resposta, por não obter ao menos uma saudação. Arfei e dei passos largos, segurei seu braço esquerdo na intenção de fazê-la me encarar.

- O que está fazendo?!

- Eu quem deveria lhe perguntar isso, por que está me ignorando?

- Eu não sei do que está falando.

Sana voltou a caminhar, e eu lhe puxei novamente. Pude enxergar sua casa à alguns metros, ela olhava para lá.

- Você não aparece faz dias, não responde nenhuma mensagem, ignora Momo nos corredores... o que está acontecendo? você decidiu que não nos conhece mais?

Minha voz saiu baixa e calma, Sana se torturava olhando para qualquer outra coisa que não fosse meus olhos. Nada respondeu.

- Momo sente sua falta, eu sinto sua falta...

- Eu ... não... posso fazer nada. - A garota deu as costas e apressou os passos que faltavam para chegar a porta de sua casa.

Eu lhe segui, tentando proucurar em sua face algum resquício de simpatia, mas ela só parecia apenas extremamente cansada.

- O que está fazendo? não pode entrar na minha casa.

- O que aconteceu com a nossa amizade de anos, Sana? simplesmente acabou? sem nenhum motivo?

Sana imprimiu a boca em linha reta e apertou os olhos.

- Pare, Mina...

- Pare, você, Sana!

- Olha, eu não quero discutir com você, Mina, você é minha melhor amiga desde os oitos anos de idade... - Sana me olhou nos olhos. - Só está complicado, eu... não, eu só tenho novos amigos, eles são diferentes, muito diferentes, e eu gosto deles e--

- Eu não acredito em você, Sana.

- Mina...

- Não! quem é você?!

Ela pediu com as mãos para que eu não falasse tão alto. Por mais que eu olhasse para Sana, eu não sentia a energia da Sana da qual eu conhecia, em seus olhos era apenas um campo vasto preenchido de um vazio deprimente.

- Mina, eu sinto muito.

- Não, Sana, você não sente.

- Me desculpa. - A garota tinha o olhar ilegível, mas no fundo senti que ela queria puxar o ar com as narinas, como sempre faz.

- O que aconteceu com você, Sana?

Antes que a garota pudesse inventar mais desculpas, a porta foi aberta por sua mãe, a mais velha tinha um sorriso enorme e sua cabeça estava tombada para o lado em curiosidade. Logo ela lançou.

Talvez A Minha Epifania - MICHAENGOnde histórias criam vida. Descubra agora