Prólogo

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"Não poucas vezes esbarramos com o nosso destino pelos caminhos que escolhemos para fugir dele."

Jean de La Fontaine

- Você é patética, Cassidy Turner. Patética! – Resmungo, observando o celular tocar incessantemente, sentindo meu coração se apertar doloroso ao ver o nome de Austin na tela junto a foto que tiramos em nosso primeiro encontro.

E é somente quando a ligação cai na caixa de mensagem é que eu consigo desligar o aparelho e o colocar no bolso de minha calça. Andando pela orla da Ocean Drive, observo o mar agitado e as nuvens cinzentas que anunciavam que uma forte chuva estava por vir. Pessoas andavam apressadas, ansiosas para chegarem em suas casas antes que a tempestade que se formava as pegasse.

Três meses se passaram desde que eu agir como uma covarde e fugir sem dar nenhuma explicação. E mesmo depois de todos esses meses, Austin continuava a insistir nas ligações e mensagens, buscando respostas e perdão por algo que não era sua culpa. Na verdade, ele era apenas mais uma vítima dessa frustrante situação.

A minha vida inteira eu acreditei que o amor era algo que existia apenas nos livros e filmes de romance. Sendo filha de um político com uma garota de programa, eu era o fruto de uma traição que poderia ocasionar em um grande escândalo. Por causa disso, minha mãe tentou diversas formas interromper a gravidez e no fim acabou não conseguindo.

Preocupado com a possibilidade de ter a sua candidatura prejudicada, meu pai deu o apoio financeiro a minha mãe até que eu tivesse idade suficiente para viver em internatos, já que a mulher que me trouxe ao mundo não tinha o mínimo desejo de cuidar de uma criança, que, como ouvi diversas vezes, apenas atrapalharia sua vida.

Aos sete anos, fui enviada para viver em um internato católico em Burford, uma típica vila antiga inglesa que fica no condado de Oxfordshire, sudeste da Inglaterra, onde fui mantida presa até os meus dezesseis anos. Por causa da minha personalidade, nunca consegui me dar bem com as outras crianças. Minha vida era completamente monótona e solitária.

Como presente de aniversário, recebi a minha tão sonhada emancipação e pude finalmente voltar para os Estados Unidos. Recebendo uma mesada para me sustentar durante o mês enviada pelo meu pai, eu me matriculei na Marino High School, uma das melhores escolas do país, e aluguei um pequeno apartamento próximo a escola. E eu não poderia me sentir mais feliz. Pela primeira vez na vida, estava experimentando a sensação do que é ser realmente livre.

Eu achei que estivesse preparada para viver uma grande aventura, que fosse forte o bastante para enfrentar qualquer obstáculo que surgisse, mas hoje eu vejo que fui ingênua demais. Eu subestimei o mundo que sempre tive a curiosidade de explorar.

E foi nessa nova realidade que eu conheci Austin Moon. O adolescente extrovertido e de personalidade forte era conhecido por sua rebeldia e beleza. Ele era o garoto mais popular da escola, desejado por todas as garotas. Austin era incrível. Loiro de olhos castanhos calorosos e sorriso encantador, ele era excelente nos esportes, cantava como um anjo e dançava como ninguém.

Como era de se esperar de uma garota sem qualquer experiência amorosa, que passou a vida inteira trancafiada em um internato apenas para garotas, eu me tornei alvo fácil para o rapaz. Eu lutei. Com todas as minhas forças, eu tentei impedir que ele assumisse o controle sobre meu tolo coração, mas eu não era forte o bastante para resistir a Austin Moon.

Quanto mais eu tentava me manter longe, mais Austin se aproximava e me mostrava a pessoa incrível que ele é. Por detrás da máscara de espírito indomável e língua afiada, existe um rapaz sensível de coração gigantesco. Ele me fazia rir com uma facilidade absurda, me fez experimentar sentimentos que jamais imaginei ser capaz de sentir. Austin me deu o amor de contos de fadas que secretamente sempre sonhei em viver.

Acidentalmente ApaixonadosOnde histórias criam vida. Descubra agora