Capítulo 14: A Pessoa Que Mais Amo

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Davi entrou em seu quarto e se jogou na cama sentindo como se seu estômago estivesse cheio de borboletas drogadas trepando até a morte. Ele bolou sorrindo nos lençóis. O zíper de sua mochila se abriu e dela saiu Pika, o coelho alado, sonolento.

–Que soninho bom! Eu perdi alguma coisa?

–O Yukito tem um caso com o meu irmão.

–O quê?!!! Droga, o Fábio ganhou a aposta.

–Que aposta?

–Eu apostei que o Clark ia ficar com o Yukito e ele apostou que na verdade seria o Touya. Aquele sortudo ganhou o bolão.

–Como assim nenhum dos dois apostou em mim?

–Você ainda esta em negação quanto à sua sexualidade. Essa mania de rotular tudo é um dos males desse milênio –Debochou Pika –Que seja, mas você esta sorridente de mais, para quem viu o Yukito com outra pessoa e ainda por cima seu irmão.

–É que... eu não sei explicar o que acontece comigo quando estou perto do Yukito, mas eu sei com toda a certeza de que não sou apaixonado por ele. Na verdade fico até feliz dele ter algo com meu irmão, talvez agora o Touya seja menos... Touya.

–Tá... –Concordou Pika sem muita confiança.

–Mas... eu acho que não estou mais em negação quanto a minha sexualidade... Estou pronto para me aceitar como alguém bissexual! E... –Ele tapou o rosto com o travesseiro para abafar um gritinho –Hoje dei um beijo numa garota e num garoto!

–O quê?! Quem foram esses dois loucos?

–Eles foram a mesma pessoa, eu beijei o Clark.

–Estou chocado. Então você gosta dele?

Davi se lembrou dos dois beijos, o primeiro com a forma Clarice, o segundo com Clark, os dois foram bons, mas o segundo foi melhor, pois era a forma original. Depois de alguns segundos constrangedores, os dois sentaram e comeram o bolo que tinha comprado pro o Yukito. Eles não comentaram sobre o beijo, mas de tempos em tempos se olhavam e riam.

–Se eu gosto dele? –Davi pensou sobre a pergunta –Acho que gosto das coisas de forma lenta. No momento só estou feliz por descobrir o que sou. Fazia um tempo que isso queimava dentro de mim, enquanto eu afirmava repetidas vezes que gostava de mulher e não de homem. Só o fato de poder gostar dos dois, tirou um grande peso das minhas costas.

Enquanto Davi descobria o prazer da auto-aceitação, Fábio foi com a mãe ao aeroporto receber seus dois primos que viriam passar alguns dias com eles. Desde a discussão deles quando Fábio roubou os pingentes, o clima andava muito pesado entre eles.

–Não sei pra que eu precisei vir receber aqueles dois –Se queixou Fábio que não era muito fã dos primos.

–Fui eu quem os convidei, trate de recebemos bem! Eles são membros respeitados da nossa família, e diferentes de você, não precisaram roubar os pingentes dos elementares.

–É, e diferente de você, o pai deles fez a cerimônia no tempo certo ao invés de negar à eles a magia que lhes é de direito.

–Eu não te submeti a cerimônia, pois não achava que estava pronto!

–Mas eu estava! Acho que sempre estive! –Fábio apertou o seu pingente de concha e sentiu o elementar da água lhe dar força até mesmo para encarar a mãe que sempre considerava tão implacável e assustadora.

–Tia!!! –Os primos chegaram super animados e Fábio revirou os olhos.

Eles eram Fagner e Fey, irmão gêmeos de dezenove anos, o primeiro era do elemento terra e o segundo água, por mais que fossem idênticos era muito fácil diferencia-los por sua personalidade. Fagner era mais sério e falava pouco, Fey costumava mudar facilmente de humor, praticamente fluído como a água. Os dois eram muito bonitos e considerados gênios na utilização dos poderes dos elementares.

Davi Card Captor e as Cartas SexuaisOnde histórias criam vida. Descubra agora