Two Steps Away ❤ H.S. (Parada)

Por entre as nuvens...

Goodbye, goodbye

Goodbye, my love

I can't hide, can't hide

Can't hide, what has come 

I have to go, I have to go

I have to go, and leave you alone

But always know, always know

Always know, that I love you so

I love you so 

I love you so

                                                          Avril Lavigne - Goodbye

 Sexta-feira

 Acordei bem pela manhã, eram 6:30 da madrugada.

 Na realidade já estava acordada faz um bom tempo e apenas tinha ficado a rebolar na cama, impaciente. A ansiedade estava a tirar-me o sono, e já não consegui aguentar mais e decidi levantar-me. Calcei os meus chinelos e desci as escadas silenciosamente, para não acordar ninguém, e dirigi-me para a cozinha.

 Ao chegar à cozinha vejo o meu irmão David com os braços cruzados em cima do balcão e a cabeça sobre os mesmos. Pareceu-me ouvi-lo fungar, indicando que, provavelmente, ele estaria a chorar.

 -David? - sussurrei-lhe enquanto passava os meus dedos pelo seu cabelo castanho claro, massajando-o. - O que fazes aqui a esta hora, acordado?

 -Oh Ariane, vou sentir tantas saudades tuas! - disse abraçando-me inesperadamente.

 O David encostou a sua cabeça ao meu peito, enquanto lutava para controlar a sua respiração ofegante. Pousei a minha cabeça junto da sua enquanto deixava escapar uma lágrima que escorria pela minha bochecha abaixo. Ele desfez o abraço e encarou-me, com os seus olhos raiados de sangue e as bochechas num tom de vermelho brilhante.

 Desde estas últimas semanas que me tenho vindo a preparar para a nossa despedida. Como já tinha dito, sou muito ligada aos meus irmãos, principalmente ao David. Ia sentir falta de toda a minha família e das amizades que criei cá... Mas como eles próprios já tinham dito diversas vezes, eu não deveria deixar de seguir o meu sonho, que passava por voltar para Inglaterra e tornar-me numa bailarina de renome. Espero que este aperto no coração passe o mais depressa possível, porque esta agonia pode dar cabo de mim...

 O David esboçou um pequeno sorriso e limpou as suas lágrimas. Bateu com as suas mãos nas pernas e olhou em volta, levantando-se de seguida. 

 -Então, queres tomar já o pequeno-almoço ou ainda vais dormir mais um bocadinho?

 -Por muito que eu quisesse não conseguiria dormir nem mais um bocadinho, por isso vou comer já.

 -Ansiosa? - perguntou e eu assenti. - É da maneira que passas boa parte das 11 horas da viagem a dormir. - disse soltando um riso abafado

 Para variar, pegámos nas nossas taças de cereais e fomos comer para a sala. Fechámos a porta da mesma para que o barulho da televisão ligada não acordasse ninguém lá em casa.

 Após terminarmos de comer, ficámos a ver televisão por mais algum tempo, até que eu consegui adormecer novamente, mas desta vez nos braços do David.

 Acordei com um leve abanar. Olhei para cima e vi a minha mãe, que olhava para nós e sorria. A Carly também assistia a tudo, mas encostada à ombreira da porta.

 -Já tens tudo preparado, amor? - perguntou-me a minha mãe. Amor? É tão estranho ela chamar-me amor...

 -Sim, eu já tinha deixado tudo preparado... Não te preocupes, eu tenho tudo organizado.

 -Eu sei que sim, eu conheço-te. Não és daquelas de deixar tudo para a última da hora.

 Com preguiça levantei-me e fui para o meu quarto escolher a roupa que levaria. Como ia passar mais ou menos 11 horas enfiada dentro de um avião, não ia precisar de me preocupar muito em fazer vista grossa ( não é que normalmente me preocupasse...). Decidi que ia vestir as minhas skinny jeans pretas e uma t-shirt branca com letras pretas. Dirigi-me para a casa-de-banhoe tomei um relascante banho de imersão, que era exatamente aquilo que eu já à muito tempo andava a precisar. Apenas quando senti a minha pele toda enrrugada é que decidi sair do banho e enrolar-me numa toalha. Penteei o meu cabelo, lavei os dentes e fui-me vestir.

 Olhei pela janela e reparei que embora fosse Inverno, estava um caloroso Sol a brilhar em Los Angeles. Provavelmente em Inglaterra não iria estar assim, por isso decidi pegar no meu casaco preto felpudo e deixei-o de parte, para não me esquecer dele.

 Após ver e rever tudo umas três vezes, confirmei que estava tudo mais que preparado para a viagem.

 Olhei para o relógio e vi que já eram 9:00 horas, e o meu voo era às 10:30. Aproveitei essa última hora para conversar um pouco mais com os meus pais e irmãos, que se encontravam todos acomodados no largo e espaçoso sofá da sala.

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 Já eram 10:00 horas e encontrava-me a arrastar as minhas malas trolley pelas escadas abaixo, com a ajuda da Carly. Enquanto isso o David carregava os meus sacos de viagem; a minha mãe preparava-me um pequeno lanche para comer a caminho do aeroporto e o meu pai gritava desesperado para nos despacharmos. Entrámos todos apertadamente no elevador e descemos desde o 5º piso até ao  -1, onde ficavam as garagens. Mais uma vez apertados colocámos toda a minha  preciosa tralha na bagageira do carro e fomo-nos sentar nos nossos lugares.

 À chegada ao aeroporto tratei logo do check-in e aguardei até me indicarem que iria para o portão de embarque nº 3. Antes de me dirigir para a fila despedi-me pela última vez de todos, não conseguindo resistir a soltar umas pequenas lágrimas. Com um " Boa sorte, princesa!" dito pelo meu irmão, segui para a fila e aguardei que chegásse a minha vez para entregar o bilhete à funcionária. Ao chegar perto dela, a mesma deve ter-se apercebido do meu mau estar e ofereceu-me um sorriso compreensivo, à qual eu, por boa educação, correspondi.

 Sentei-me no lugar que me estava destinado, junto a uma janela. Peguei no meu mp4 e coloquei na minha playlist predileta. Retirei a minha almofada para o pescoço e coloquei-a por detrás do mesmo, para assim me sentir mais confortável durante aquela longa viagem.

 Ao meu lado sentou-se uma senhora já com uma certa idade, que me pareceu até bastante simpática. Durante as primeiras duas horas conversámos um pouco, até eu me queixar de cansaço e ir descansar. A senhora, que descobri que o nome era Emily, também decidiu passar um pouco pelas brasas.

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 Acordei com um leve abanar e alguém a chamar por mim. Olhei e vi que era Emily, que me queria informar que estávamos prestes a chegar a Londres. Agradeci-lhe e preparei-me para sair do avião. Após a aterragem, levantei-me e senti as minhas pernas dormentes, consequência de ter estado sentada durante tantas horas.

 Já com os pés acentes na terra e de malas nas mãos, despedi-me de Emily. Talvez não nos fôssemos ver mais, mas quem sabe talvez nos encontremos em Londres...

 À minha espera estavam a minha prima Sophia e a minha tia Pamela. Vi-as junto ao  carro da minha tia, mas elas não me viram a mim. A Sophia olhava em volta para ver se me encontrava. Quando olhou para perto de onde eu estava, acenei-lhe e ela veio a correr até mim toda sorridente, abraçando-me.

 -Ai priminha tive tantas saudades tuas! - disse apertando-me ainda mais contra ela

 -Anda, tenho muitas novidades para te pôr em dia!

 Fui quase arrastada até à  minha tia, que olhava para nós a rir-se.

 -Ariane! Quanto tempo! Estás tão linda! - exclamava enquanto também ela me abraçava e depois agarrava nas minhas duas bochechas e dava-lhes um leve aperto. Tão típico da minha tia... já parecia a minha avó!