capítulo 8

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Coloquei o café nas duas xícaras e levei para Cole, ele ainda estava sentado no chão, e eu continuei no sofá, bebemos o café e ficamos em silêncio, apenas silêncio.

— Todos ficaram te tratando como se tivesse sofrido um acidente gravíssimo? Porque as minhas irmãs me encheram o saco quando cheguei em casa.
O moreno falou rindo, sorri com a imagem de suas irmãs o paparicando.

— Também recebeu folga?
Ele assentiu
— acho que vou me prender em elevadores mais vezes.
Cole riu e concordou. Mas silêncio.

— Porque tentou me beijar no elevador? Perguntei depois de minutos de silêncio, não tinha mais nada a perder, não ficaria mais nenhuma noite sem dormir por causa dessa coisa idiota.

— Porque você não recuou?
Fiquei em silêncio, porque eu não recuei?

— Não sei.

— Parecia certo.
Nós dois falamos juntos e nos encaramos assustados, queria falar mais alguma coisa, queria falar de sua família, da minha família, de meus sonhos, dos deles, queria falar qualquer coisa, mas o silêncio gritava na sala, era bom, tão calmo, tão certo. Mas também era sufocante.

Depois de um tempo o café acabou, e não tinha mais motivos para ele ficar, então ele foi embora, sem abraço, sem beijo, sem aperto de mão, ele apenas foi embora.

Não, eu não podia me envolver com outro alguém, não depois de ter sofrido tanto nas mãos de Hart, não depois de tudo que passei, precisava de tempo, não posso.

Sempre é assim no começo, tudo flores, sorrisos bobos, coração acelerado, depois isso vai embora, e percebemos que amor é uma cilada.

Não vale a pena me entregar outra vez, eu me entreguei de corpo inteiro, e ele me destruiu, não quero passar por aquilo de novo, nunca mais.

Eu não conheço Cole, não sei nem seu nome do meio, não sei suas intenções, não sei o sentimento que ele tem por mim, não sei nem o sentimento que estou sentindo por ele!

Mas não é amor, todos esses anos sem nada, sem atenção, apenas uma boneca, eu o odeio, não quero ser amiga dele, não quero ele na minha vida.

E ele me odeia, isso que rolou aqui não foi nada, foi apenas duas pessoas que ficaram presas por mais de 2 horas em um elevador idiota, que tem muitos assuntos em comum.

Se eu o odeio tanto, porque meu coração acelerou quando ele me olhou? Quando ele quase me beijou? Porque meu estômago doeu quando ele me segurou? E porque eu planejo algo com ele, se eu o odeio?

Carência, carência e carência

Apenas carência

Não seja tola, não caia nesse papo novamente, não entre nesse ciclo, não ame alguém que não te ama, não seja tola Lili.

Minha cabeça girava e todas as nossas conversas vieram em minha mente, todas as provocações, sorrisos, não não não.

Eu odiava querer que ele ficasse mais um pouco, e não sabia o quanto queria a sua companhia, eu só quero alguém para conversar, falar sobre nossos medos, querer alguém que eu possa contar, eu já tenho Madelaine, não preciso de mais nada.

Porque de repente eu resolvi pensar nisso tudo? De repente resolvi querer ser amiguinha dele? Por Deus Lili! Você é patética, ninguém pode te dar um pouco de atenção e você já acha que são amigos!

Isso é o preço de ter ficado sem nada, nada! Eu não recebia um eu te amo, ou um presente no dia dos namorados, Hart não lavava nem a própria louça! Queria tudo na mão, de bandeja, ele nunca passou por dificuldade e nem precisou se esforçar pra ganhar nada, já nasceu rico e filhinho de papai.

𝑳𝒐𝒗𝒆 𝒂𝒕 𝒇𝒊𝒓𝒔𝒕 𝒔𝒊𝒈𝒕𝒉  ᷤ ᷮ ͬ ͦ ͧ ᷤ ͤ ͪ ⷶ ͬ ͭOnde histórias criam vida. Descubra agora