Minha cara metade [LIVRO 01 COMPLETA]

confusão

  
      Acordei faz 3 horas,decidi ficar na cama todo esse tempo pensando, quando desci para tomar meu café, dou de cara com o cara que deveria ser meu pai parado "me esperando" na ponta da escada com uma cara de cachorro abandonado, fico irritada e com repulsa da tamanha audácia, fala sério! ele nunca quis saber de mim, por que justo quando consigo me recuperar emocionante ele volta? Será que sempre será assim?
   Antes que eu seja sugada pelos meus próprios pensamentos entro na cozinha, e Denise vem atrás dizendo que ele veio para almoçar comigo.

-Como assim ele veio almoçar? - Digo olhando em seus olhos.

-Ele apareceu aqui, falando isso! Não tive culpa! -Ele se defende

-Esse merda ficou maluco?- Rosno raivosa.

-Desculpa...-Ela diz

-Por que você aceitou? Você sabe de tudo tia..- Digo cansada, sentido um aperto no peito.

- Ele praticamente me obrigou Jade, não pude nem negar.

    Eu estava um misto de emoções, não aguento viver essa montanha russa quando o assunto é esse lixo de cara. Cansei de tudo isso. Sai da cozinha e fui até meu quarto, troquei de roupa e peguei minhas coisas. Quando tava descendo às escadas, esse cara ficou me olhando esperando resposta, reviro os olhos.

-Perdeu algo? - Digo raivosa

-Não, e agora vamos, temos que almoçar. - Ele diz de modo autoritário.

-Só pode estar brincando né? -Gargalho- Não vou a lugar nenhum.

-Vai sim! Você ainda é minha filha!- Ele rosna.

- Você não é meu pai, assim como minha mãe, você morreu. Pena que não foi real - Digo pausadamente.

-Menina insolente- Ele diz entre os dente, ótimo ele tá mostrando quem é

-Olha! Ele voltou a ser o mesmo escroto de sempre -Exclamo- Desaprendeu hein velho, esse teu xingamento nem fez cócegas - Digo sarcástica

-Sua...- Ele começa

-Vai, fala seu cretino, fala que eu sou isso e aquilo, vindo de ti não é novidade! - Rosno na sua direção

     Ele se abalou, abaixou a guarda e o olhar, é hora da minha fuga, passo por ele como um furacão, porém ele pegou meu braço e me fez olha aquela cara velha dele:

-JeyJey, eu te amo...- Ele diz perdido,  aquilo me causou repulsa e uma dor no peito..

-Você não sabe o que é amor, nem o que é amar! -Digo tremendo

-Claro que sei filha, desculpa se nunca te falei - Ele diz de cabeça baixa, quando ele levante eu digo

-Você demorou a porra de 17 anos para me dizer, então não você não me ama, e eu deixei de ser sua filha naquela noite! Bom dia - Saio dali deixando olhando pra porta.

   Pego o carro de Denise e saio daquela maldita rua,deixando  minhas lágrimas escaparem pelo meu rosto, eu estava confusa, com raiva, fúria e principalmente triste. Ele demorou 17 anos para demonstrar o que eu sempre quis ouvir na minha vida toda. Não aguento mais ter esse lixo na minha vida. Porque ele nunca vai mudar, tenho certeza.

      Penso em ligar para Cat, para passármos o dia juntas, já que ela é a única amiga que eu tenho, e seria legal passar a tarde com ela, eu acho...Mas, ela foi passar o dia na casa de sua vó, então não atrapalharei isso.

    E outra,sempre cuidei dos meus problemas sozinha, hoje será mais um dia. Eu não vou almoçar com aquele cara nem fudendo. Não mesmo. Prefiro ficar andando de carro por ai.
      Estava louca de fome, então, paro na lanchonete que acabei conhecendo pelo imbe...Tá, pelo Beck. Entro no local e peço um chocolate quente e panquecas. Sorte a minha lembrar de pegar minha carteira.

  Termino de comer e volto pro carro, penso em ir até um lugar perto da outra escola, mas seria burrice voltar lá..eu não nem chegar perto daquilo.
      Decido então, ir até o parque em que estávamos ontem, quando chego ao local me sento na frente de uma árvore, a brisa do início da tarde está começando, e o sol começou a ficar quente, mas eu nem ligo, era bom estar ali.
   Minha cabeça parece que vai explodir. Não aguento mais essas brigas com meu pai, era pra ele se tocar que não quero contato com ele nunca mais. Além dessas brigas tem o Beck, porque sempre quando ele precisa estou aqui, e quando eu preciso ele está aqui? Era pra gente se odiar.. Pelo menos eu coloquei na cabeça isso. Será que seremos amigos apesar de sempre discutir? E POR QUE DIABOS EU TO PENSANDO NELE?
    Quando saio de meus devaneios,  Beck está sentado ao meu lado olhando pra frente, falando no diabo olha quem aparece, penso.
     Ficamos assim por uns minutos, e eu só conseguia pensar: como ele me achou?

-Sua tia ligou para Cat, que ligou pra mim, já que não poderia vir pra cidade agora - Ele diz como se respondesse meus pensamentos.

-Ah claro, é típico dela ligar para os outros invés de mim - Digo me referindo a Denise.

-Ela se preocupa contigo Jade, ela te ama..- Beck diz calmo

-É eu sei..- Digo vencida -E como sabia que eu estaria aqui?- Digo

-É o lugar que venho pensar, como eu disse somos muito mais parecidos do que você pensa. Pode apostar- Ele me olha nos olhos.

-Estou tão perdida, era pra gente se odiar e olha agora a gente aqui? Eu não entendo!- Digo e ele ri

-Realmente, mas não precisa gostar de mim. Pode me odiar, só me deixa cuidar de você quando é necessário

-A última vez que ouvi isso...-Beck me cala com um dedo em meus lábios, e olha nos meus olhos.

- Eu não sou igual ao seu passado! Nunca - Ele diz - Agora vem, vamo se divertir um pouco.

-Pra onde vais me levar? - Digo desconfiada

-É surpresa!

A tal surpresa era na verdade inusitada, mas me alegrou, mesmo que eu nunca admita.
  Eu nunca fui num parque de diversões, mas até que não foi tão ruim, claro que no início meu mau humor quase estragou tudo, mas Beck afirmou que é bacana e que os brinquedos divertem pessoas de qualquer idade.
    Depois de horas no parque, estamos na fila do Carossel, subimos neles, dando risada foi muito engraçado ver Beck quase caindo de um.
  Após isso, ganhei um urso dele no brinquedo de pescaria.

-Obrigada, não sei como retribuir, sou péssima nisso -Afirmo.

-Me paga uma batatinha frita com refri que está tudo certo - Ele diz sorrindo, e vamos até a área de alimentação.

Quando estávamos na mesa comendo nossos lanches, decido por agradecer por isso.

-obrigada - Digo com receio, ainda bem que estava escuro já, e era difícil ver a expressão em meu rosto

-Pelo o que? - Ele diz olhando pra mim confuso

-Por isso, por tudo isso na verdade -Fico sem graça

-Foi você que pagou- Ele brinca

-Não, sobre me ajudar, estar aqui comigo, se eu tivesse sozinha com toda certeza estaria quebrando algo. Ou sei lá.

- Eu sempre vou te ajudar Jadezinha - Ele diz sorrindo.

Apesar do apelido ser irritante, Beck não é nenhum um pouco, pelo contrário, ele é bem legal, espero que poderíamos nos tolerar.

    Depois de comermos e andarmos pelo parque, Beck me deixou em casa afirmando que se eu precisar, era pra mim ligar. Só agradeci e entrei .
   Encontrei minha tia no sofá, apenas lanço um olhar furioso e subo, deixando-a falando sozinha.      
   Após tomar um banho, fico vendo série até pegar no sono, pelo menos aquele imbecil não está aqui para me encher com aquelas baboseiras de amor paterno.