Capitulo 18

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Estou com o Moss sentada a beira dum rio, estamos deitados na relva a rir, tínhamos árvores a nossa volta verdes e vivas. Fechei os olhos por um momento e ao abrir os olhos tudo ficou castanho e morto a nossa volta e fui empurrada para a água, alguém estava a segurar-me dentro dela. Tentava libertar-me e a chamar o Moss mas todos os meus esforços eram em vão, sentia os meus pulmões a encherem-se cada vez de mais água e arderem com tanta força.

Acordo com o respirar muito alto. Eu estava a enlouquecer com isso, não aguentava mais. O meu coração estava a bater com tanta força que parecia que ia saltar pelo meu peito fora.

Estava deitada na cama a chorar e a soluçar, ao levantar da cama ia quase cair, parecia que não tinha controlo sobre o meu próprio corpo. Ao chegar a sala vi uma janela aberta e encosto o meu corpo ao parapeito. Eu só queria morrer neste momento, parecia que estava a adiar o inevitável. Quando tempo vou durar lá? Nunca vou ser a vencedora? Se pudesse saltar daqui. Mas existe uma rede protetora. Estava em desespero, estava a revirar as gavetas a procura de algo afiado. Mas não encontro nada. Sinto alguém tocar-me no ombro e assusto-me. Era o Avox.

-Continuo a tê-los. Eu quero que isto tudo acabe rápido- sento-me no chão ao pé do último armário que tinha remexido- não aguento mais isto.

O Avox foi-se embora mas quando voltou trouxe consigo a caixa de comprimidos e um chá. Neste momento parecia que a minha vida depende-se desse comprimidos. Enquanto eu tomo-os com o chá, levanto me para ao pé do parapeito outra vez. Olho em volta. A cidade brilha a noite, nunca encontraria algo assim no meu distrito. Gostaria de viver aqui, não há preocupação de ir para os Jogos, não há preocupação de que os filhos sejam escolhidos, têm uma boa vida aqui. Se pudesse mudava-me para este sitio. Podia ter esta vida mas nunca a vou ter, nem sei se vou ter vida depois disto sequer. Todos os dias penso no mesmo. Como é que vou ganhar? Como é que vai ser a vida dos meus pais se eu morrer? Muitas perguntas, poucas respostas.

Fui tentar dormir, amanhã tenho mais um dia que estou viva e vou tentando tirar estes pensamentos da mente. Passado algum tempo consegui adormecer.

Na manha seguinte acordo tarde e para não me atrasar vou logo para sala, sem mudar de roupa. Sento-me a mesa e ao que reparei a Nikkie não tirava o olhar de mim.

-Desculpa se te pergunto isto mas porque é que estas de pijama sentada a mesa?- pergunta-me ela.

Antes de eu tentar dizer alguma coisa o Alex diz:

-Isso é algo incomum aqui?-diz ele um pouco rabugento, ao aqui ele quer referir no Capitolio.

-Eu adormeci e não queria atrasar-me ao pequeno-almoço.- mas ao que parece ninguém estava a ligar ao que eu dizia.

-Sim é incomum. O pijama é para dormir e não para estar a mesa.-diz ela num tom irritado.

-É uma roupa, não percebo porque é que não se pode comer com ela, eu as vezes até ficava com o pijama o dia todo.

A Nikkie fica pasmada com essas palavras e então eu começo-me a rir.

-Que coisa horrível, porque é que uma pessoa quer ficar com ela o dia todo?

-Porque se tem preguiça de mudar de roupa.-diz o Alex mostrando-se mais animado com a situação.

O Noah também começa a rir.

-Eu adorava fazer isso quando era miúdo.- diz o Noah.

O ambiente melhorou imenso e estávamos os três a falar sobre o assunto, a Nikkie é que não esta a gostar muito.

-Desculpem- interrompe-nos ela quase a gritar conosco.- nós temos outras coisas mais importantes para falar, como por exemplo sobre a entrevista de hoje.

Todos se calaram.

-Muito bem, eu quero que saibam que vai ser muito importante para ganhar patrocinadores. Têm que dar uma boa impressão e por isso vão ter que responder bem as perguntas. Não stressem, tenham sempre calma e vão ver que vai correr tudo perfeitamente.

-Bom dia- dizem o Armon e a Clarysse ao mesmo tempo ao entrarem no nosso apartamento.

-Nós estamos prontos para começar.- diz o Armon sempre com uma voz ridiculamente feliz.

Eu e o meu estilista caminhamos para o quarto. Ele pousa a sua mala na minha cama e tira de lá de dentro um vestido. Era um vestido azul escuro, como o vestido anterior tem diamantes mas desta vez em forma de fios.

-Bem, eu mostrei da outra vez um lado forte, agora quero mostrar um lado mais adorável mas ao mesmo tempo não deixando o lado forte de parte e é por isso que escolhi essa cor para o vestido, também para realçar os diamantes.

-Adoro o vestido-digo.

-Eu sabia que ias gostar -diz-me ele dando uma palmadinha nas costas- experimenta.

Visto o vestido e vou-me ver ao espelho, não podia haver um vestido mais bonito que aquele e tão suave ao toque, eu podia viver a minha vida toda com este vestido.

O meu estilista encaracolou-me o cabelo. Parecia completamente outra pessoa, nunca na minha vida me tinham feito isso ao cabelo, eu sabia que se podia encaracolar mas os materiais para o fazer era demasiado caro, era o que a minha mãe dizia.

O dia tinha passado rápido, parecia que só tinha passado 2 horas e já era a entrevista.

A primeira pessoa sou eu.

Oiço o meu nome misturado com palmas do público. Ao entrar no palco as únicas coisas que estava a pensar é não fiques nervosa, vai correr tudo bem.

5ª Edição dos Jogos da FomeWhere stories live. Discover now