Terapêutica

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Navalha na pele, água escorrendo
No banho, no íntimo, os pelos
caindo enquanto depilo
Hoje é dia daquilo, amanhã pago isso
Minha mente fala pelos cotovelos

Calcinha, perfume, passagem
Estou fechada em meu vestido
A terapeuta me aguarda desnuda
Não sei se devo me abrir toda
Aos seus ouvidos

Pela janela do ônibus lento
Quase vazio às dezessete e trinta
Não vejo nada lá fora
Só o meu pensamento e a tinta
Da tua caneta a marcar o retorno
O dia e a hora, às dezenove em ponto

Os buracos do asfalto e os solavancos
As subidas, descidas, freadas e trancos
Acendem em minha pele sensível
Sentidos impuros do indizível.
Sinto o tecido da roupa roçando as minhas partes
Apertando as pernas comprimindo as carnes
Que se incham por nada
Que crescem como espada
E minam água

O tempo passa, minha cabeça vai longe
Sem se desviar do meu centro
Meu corpo pulando com o ônibus.
Minha pequena molhada, sem nada dentro
Além de desejo ardente de algo que ainda não sei
Uma pequena vergonha me expõe um sorriso
Que vejo no espelho que se fez no vidro
Janela erótica do meu sentido
O ônibus para. Cheguei

No pequeno trajeto que percorro ao prédio onde me aguarda a terapeuta
Eu sigo silente pensando
se escondo ou se mostro o pequeno deleite
Um passeio de ônibus e esse acidente
Um ligeiro descuido e uma grande enchente
Na minha calcinha gelada e ardente.
Eis o elevador
Paro em frente.

É hora do encontro: meu medo e alegria
O olhar julgador da psicologia
Medindo meu corpo, minha patologia
E essas pernas tremendo
Sem desespero
Euforia, alforria
Eu faria...

Quinto andar, andar é difícil.
Sala três, dez para as sete.
Estou adiantada, de que adianta
O corpo ferve e a fala desmente
O desejo parado e o nó garganta
Seus olhos à espera:
Por favor, entre...

Ela é doutora, minha terapeuta
Eu cliente, paciente louca
Ela tem tato, os fatos, a roupa
Eu só tenho o ato falho
Ela, essa rósea boca
Eu, o toque na bochecha
Ela, o azul nos olhos
Eu, vestido sério
Ela mistério
Eu desejo
Beijo

Minha mão em sua nuca
Meus dedos entre seus cabelos
Meu suco íntimo descendo pelos joelhos
Minha doutora, minha puta
Meu tesão, tua boceta...

Sob minhas ordens você vai ao divã
Tira o tailleur, desce dos saltos
Eu abro zíperes, desfaço laços
Com lábios nervosos solto teu sutiã
E te prendo de novo em quentes abraços

Sem dizer palavra, você nua, deitada
Me dá teu peito de bicos eretos
Me deixa lamber tua pele rosada
Percorre meu corpo também com teus dedos
E entra na minha gruta molhada
conhece, safada, meus piores segredos

Eu subo em você, roçando minha pepeca
Em tua pele de leite, quente e macia
Clitóris pulsando, eu molhada e moleca
Entregue a tua mão que me acaricia
E a tua boca que ainda não sacia
O desejo de ter você completa

Meu peito em teu peito, tua boca na minha
Teu sabor é melhor do que fruta madura
Teus gemidos de prazer já te fazem rainha
Sentada em seu trono que é minha cara
Me deixa beber tua água todinha

De leve eu chupo tua linda boceta
Lambendo o clitóris va-ga-ro-as-men-te
Com a língua lá embaixo e subindo pra meta
De ver duro teu grelo
Tua pepeca sem pelo
Teu puxão de cabelo
Vou lambendo o teu selo
Cada vez mais depressa

Te ponho de quatro, olho pela janela
A noite caiu como meu vestido
Melhor te levar pra encontrar as estrelas
Nossos corpos exalando libido
Você faz qualquer cidadela
Maravilhosa
Teu corpo é monumento esculpido

Meus dedos molhados dos nossos licores
Abrem caminho por tuas nádegas perfeitas
Entram nos mais proibidos lugares
Te deixam mais do que satisfeita
Tremendo de prazer da orelha
aos calcanhares

Volto a reinar, exigindo meu gozo
Tirana cruel, sento em sua língua sedenta
Sinto o sabor selvagem do sexo
Você entrando em mim: porta aberta
Lambendo trêmula as minhas entradas
Me faz perceber o tesão que me move
Te deito de lado, o relógio parado
Marca hora e sessenta e nove

Tua língua percorre minha boceta vadia
Meus lábios beijam tua pepeca vagabunda
Nenhuma palavra se pronuncia
Em silêncio se ouvem as ânsias
Dessa imensa vontade que abunda

Eu aperto entre as pernas teu lindo rostinho
Tremendo de prazer gozando em tua boca
Você ejacula teu suco quentinho
E eu desfruto o sabor de cada gota
Você, doutora teraputa,
É minha garota!

Eu não peço e você não me dá conselhos
Caladas nos beijamos de joelhos
Sentindo o gosto uma da outra em nossas línguas
O fim dessa sessão já se aproxima
E vejo uma leve vergonha em sua face
Para mim o mundo é menos do que você merece

Volto a esconder a vergonha que eu não tenho
Te visto novamente em seu tailleur comportado
Você já devolveu meu pagamento adiantado
Apesar de merecer todo meu empenho

Talvez essa sessão descumpra o regimento
Ou você tivesse um improvável sentimento
Se deixou levar pelo momento
Ou talvez não

Saio como entrei, muda e sozinha
Prometo devolver tua calcinha
Na próxima sessão.

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⏰ Última atualização: Jun 21, 2020 ⏰

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