— Muito obrigado a todos por comparecerem a reunião. — a voz grave de Saymon agradece enquanto desliga o telão de videoconferência que estava reproduzindo a imagem de alguns dos clientes vips da empresa.
— Ótimo trabalho doutora Guimarães e doutor Reis.— em uma das telas, que ainda ficaram ligadas, Thierry parabeniza a mim e Pedro pelo caso encerrado e bem sucedido da semana — Espero que a senhorita tenha o mesmo sucesso no caso em que está envolvida.
Acho que quando estamos fazendo algo "errado" ficamos com a mente tão fixada naquilo que qualquer frase diferente do usual nos faz pensar que tenha algo relacionado. Por isso, pensei que ele estava falando sobre o estúpido caso do Nicolas, mas logo ouço um coçar de garganta seguido da seguinte frase:
— Sim, o caso do plágio. — é Nicolas que se apressa em dizer em outro televisor, enquanto me encara como se implorasse pelo meu silêncio e levanto as sobrancelhas em sua direção. Pedro observa tudo ao meu lado e morde os lábios reprimindo uma risada.
— Ah, esse caso. — digo em tom de ironia, mas Thierry nem parece notar, ao contrário de Saymon que estala a língua e balança a cabeça negativamente de forma impaciente em direção a Nicolas.
— Se já estamos resolvidos, eu e Nicolas precisamos fechar um contrato presencial hoje, então não posso me demorar. Au revoir! — Vaux desliga sua chamada logo em seguida.
— Amanda, aquilo não teve graça. Meu pai não pode saber, eu já disse.
— Ela está te fazendo um favor absurdo e tu ainda quer xingar? — ouço o irmão mais velho dizer, enquanto bate os documentos sob a mesa na intenção de ordena-los.
Incrível como um irmão pode ser tão mais responsável do que o outro, muito mais educado. Contenho um sorriso e olho para Nicolas, o pegando com uma expressão de rancor em direção a Saymon.
— Ela deixou bem claro que não é um favor. E não seja curieux.
— O fato de ela cobrar pelo serviço não quer dizer que não é um favor idiot, trabalho é trabalho. — Nicolas resmunga alguns palavrões em francês e desliga sua chamada. Dou uma risada baixa junto de Pedro
— Como o senhor aguenta? — Pedro pergunta de forma descontraída.
— O Nicolas é difícil, mas família a gente não escolhe, certo? — ele manda um sorriso discreta. Percebo que ele está um pouco desconfortável enquanto arruma algo dentro de sua pasta, e antes que eu saia da sala ele quebra o silêncio — Amanda, posso conversar com você em particular? Se não for incômodo, claro.
— Pô, claro. — respondo meio incerta e olho para Pedro e o mesmo entende saindo da sala de reunião logo em seguida. Com certeza a primeira coisa que ele irá fazer é mandar mensagem no grupo fofocando — Pode falar...
— Sei que é um pouco estranho e repentino, mas eu estou em uma situação muito delicada e eu precisava agir com rapidez. — ah nem — Tu me parece ser uma pessoa honesta, então sinto que posso confiar em você para o que preciso falar. — respirou fundo e seus olhos exageradamente verdes focaram em mim — Eu trabalho com com o Henrique a muito tempo desde que cheguei ao Brasil, e como você sabe ele quem administra os negócios por aqui. Porém, faz uns meses que eu e o contador de São Paulo temos observado algumas transações incoerentes na conta da firma, e a quantia tem sido transitada entre alguém daqui do Rio.
— Puta merda! — digo abismada e me sento na poltrona — Tu tá suspeitando de alguém em específico?
— Putz Amanda, eu não sei. — se joga na poltrona ao meu lado e começa a massagear a nuca — Quero dizer, é muito difícil eu sair apontando dedos. E meu pai não pode lidar com isso agora, nós estamos com uns problemas familiares, não posso jogar esse peso encima dele.
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Copacabana francesa
RomanceQuando Amanda se formou em Direito nem imaginava que teria que lidar com situações tão aleatórias e fúteis quanto as de seu dia a dia. Na verdade, ela não precisaria lidar com nada disso se não tivesse aceitado trabalhar na maldita empresa ecológica...