7 de janeiro de 1998 – Orfanato Lírio Carmen Spemall, Londres.
O dia amanhecera bonito naquela quarta-feira. Os raios de sol banhavam o grande pátio coberto por grama, ainda molhada por gotículas da chuva que havia caído no dia anterior. Ventava, o que causava o contraste do frio com o calor do sol. O tempo estava agradável para a estação, o que era convidativo para as crianças que saíram para brincar após o café da manhã.
Uma das meninas mostrou a grande corda que havia conseguido roubar do armário da zeladora. Rapidamente as crianças juntaram-se para pular corda. Excerto uma menina, ela tinha seus cabelos loiros escuros em contraste com seus olhos esverdeados, que encaravam a brincadeira, enquanto seus pequenos braços enlaçavam as próprias pernas. A pequena estava fazendo quatro anos naquele dia, onde só desejava ser acolhida por uma boa família, já que a sua verdadeira não a quis.
- Villanelle? – Uma das meninas chamou por ela. – Quer brincar também?
Villanelle apenas assentiu, levantando-se e caminhando até o grupinho de crianças.
- Você pode girar a corda. – Uma menina mais velha lhe estendeu uma das pontas da corda.
Villanelle assentiu novamente e iniciou os movimentos conforme a outra menina que segurava a ponta reversa a sua. Duas meninas iniciaram os pulos com precisão, até uma delas tropeçar na corda, o que a fez cair e chorar.
- Villanelle, como pode girar a corda com tanta força? – A menina que também girava uma das pontas indagou.
- Mas eu não girei com força. – Tentou defender-se. – Você quem levantou a corda! – Acusou.
- Mentirosa! Você quebrou a porta, quebrou o galho da árvore e os pratos com sua força, agora girou a corda muito rápido! – A menina acusou, causando o verdadeiro caos.
- Eu não girei! – Villanelle impôs, segurando a ponta da corda com extrema raiva, afinal estava sendo acusada de algo que não havia feito. Não entendia porque não gostavam dela por ali. Até mesmo as cuidadoras tinham medo de se aproximar.
- Fogo! – As crianças correram ao perceberem que a corda que Villanelle segurava, agora pegava fogo. A pequena soltou a corda rapidamente e se afastou. Deixando que lágrimas caíssem de seus olhos.
31 de Agosto de 2005 – Orfanato Lírio Carmen Spemall, Londres.
Com uma postura impecável, olhar tão concentrado quanto sua expressão facial inteira, a mulher de grisalhos cabelos curtos dava passos firmes, mas num ritmo constante que poderiam ser ouvidos discretamente.
Após atravessar a rua em seu mais propício silêncio, Dasha Duzran subiu pelos pequenos degraus e batera a porta de entrada suavemente, no entanto, com segurança o bastante para ser ouvida.
Levantou o olhar para o local enquanto juntou as mãos umas nas outras, esperando ser atendida. O lugar, visto de fora não aparentava ter tantos recursos, mas quando fora atendida por uma moça que lhe dera um sorriso sem graça desculpando-se rapidamente por qualquer demora possível, Dasha pôde ter por cima de seu ombro direito um vislumbre de como as coisas deviam ser internamente no orfanato que, apesar de simples, era fácil de se reparar que havia asseio.
- Boa tarde. – Dasha desejou-a com um pequeno sorriso que não mostrava seus dentes. Antes de respondê-la educadamente, a moça a olhou como se dispusesse de tempo o suficiente para subjugar a figura diante de seus olhos. – Temo que a governanta do lugar esteja a minha espera, uma vez que tenho hora marcada. – Dasha completou mantendo seu tom como se não houvesse percebido o olhar inconveniente dela.
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Catch Me, Eve - Villaneve
FanfictionESCRITA EM PARCERIA COM @SadnessDaLana "Eve, a pecadora original, aquela destinada a perseguir as trevas. A que desobedeceu ao sentir-se atraída pela luxúria." Seguindo a profecia mundana cristã, Eve estava fadada a seguir a personificação do mal e...