4. New Romantics

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Há a adição de dois personagens conhecidos para o público da Rede Globo: Marco Pigossi e Estela Renner. Ele, bastante visto em novelas das 9. Ela, diretora de Aruanas. 

Esse é um capítulo de ampliação de mundo, principalmente. 

Hoje, sua companheira de leitura é: New Romantics. Devo dizer que essa música cresceu em mim enquanto eu escrevia. Como sempre, em itálico está a letra. 

♫ no youtube: https://youtu.be/rpemDBaFK0c

♫ no spotify: https://open.spotify.com/track/0qAIiGFKLdV1xpNlEhjpq8

Boa leitura!


POV RAFA

"Eu não acho que isso vai dar certo"

"Por que?"

"Nada se encaixa. Parece que tudo se conecta, mas é só na aparência."

"Por que você tá dizendo isso?"

"Olha isso aqui. Não tá vendo?"

"Corta!" a diretora fala e, eu e Marco suspiramos. Estávamos no estúdio a horas e Estela não gostava de nenhum take. Era uma cena dentro de uma sala na delegacia com os agentes, nós dois, olhando para um quadro e estudando como se daria uma apreensão. Pelo visto, nossas expressões não eram as melhores depois da vigésima tentativa e Estela Renner, a diretora, pediu para encerrarmos ali.

Meu companheiro de cena também era, praticamente, novo naquele ambiente. Claro que já tinha emplacado vários mocinhos no horário nobre, mas só retornou para a empresa por conta desse personagem. 

Pelo que havia me dito em um café, algumas tarde atrás, tinha lido o roteiro e sabia que precisava interpretá-lo. Sua escolha havia ficado ainda mais fácil quando soube que seria uma produção do streaming. Algo mais amplo.

Marco se despede e parte para os corredores. Eu fico ali até que o espaço fica praticamente vazio. Por ser uma novata, sentia que precisava me esforçar mil vezes mais. Repasso a cena de novo e de novo e de novo. Tento com uma entonação, com outra. Tiro a mão da cintura, coloco. Levanto e abaixo as sobrancelhas. 

Busco a perfeição inclusive no modo de respirar. 


We're all bored


Fico naquele ciclo até começar a repetir os passos sem nem prestar atenção. Até tudo estar no piloto automático. Até um assistente me pedir para sair, avisando que vai fechar o estúdio.

Volto para o camarim, me olho no espelho e vejo as olheiras de cansaço escondidas por trás da maquiagem. Aceitaria um chá quentinho e uma cama como ninguém.

Depois de tirar o figurino e pegar o celular pela primeira em muitas horas, vejo duas chamadas perdidas de Gizelly. Mando uma mensagem para perguntar mas, como sei que ela demora a responder, ligo. Ando até a saída do prédio enquanto espero a resposta.

"Boa noite, global" só consigo abrir um sorriso com essa saudação. O apelido da minha nova profissão, aparentemente, havia grudado. "Não atende mais os pobres civis?" Ela parece estar procurando algo, pois não olha diretamente para a câmera e consigo ouvir ruído de papéis.

"Você não podia ser pobre, 5b7k" implico

"Ainda com essa? Já até me mudei"

"Mas ainda paga 7k. Só que agora, em São Paulo" Vejo a sua cabeça balançando e posso sentir seus olhos revirando. Avisto meu motorista já esperando e caminho até o carro. "Como você 'tá, Titchela?"

DarlingOnde histórias criam vida. Descubra agora