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[06] Todo mundo ama a verdade

Jimin

Se você acha que a vida de um ator é fácil, que tudo são flores e mil maravilhas, pode ter certeza que se enganou completamente. 

Isso porque existe tanta cobrança, competitividade e exigências de todos os lados, que vezes chega a ser difícil saber quem realmente está do seu lado ou só quer ver você cair. Além disso, uma das coisas mais difíceis desse ramo é perder totalmente a sua privacidade e ter sua vida inteira praticamente controlada pelas grandes empresas. Sem contar que muitos de nós precisam ficar longe da família e amigos para seguir a carreira, então é como se no fim você tivesse que lutar sozinho com gigantes que são muito maiores e melhores que você. Um pouco assustador, não?

É claro que eu sempre soube do preço que teria que pagar para seguir meu sonho, também estava consciente de que nem sempre eu conseguiria passar em todos os testes e que precisava saber lidar com os fracassos no caminho. Então é para isso existe o apoio das pessoas que te amam, que querem o melhor pra você independente de como, ou o que você é.

Desde criança eu amava atuar, afinal não era a toa que eu fazia o papel de Jesus na peça da Igreja todo ano. Meus pais sempre foram muito religiosos, então eu sentia uma dose de satisfação pessoal ainda maior quando eu via o sorriso orgulhoso deles ao me ver brilhando no palco. Era aquilo que eu mais queria, eu queria ser um orgulho para as pessoas que me assistiam, e aquele sorriso dos meus pais foi o meu grande impulso. 

Então eu entrei para o Clube de Teatro da escola e aprendi o básico de atuação o resto foi um pouco de sorte e intuição, talvez. Daí comecei a fazer apresentações simples como: “Sonho de uma noite de verão”, “Hairspray” e até ganhei o papel do agiota judeu Shylock em uma adaptação de "O mercador de Veneza" e acabei ganhando mais elogios do que esperava receber, já que o clube de teatro era o menos popular da escola. Naquela época a Sra. Jung, minha professora de teatro viu um talento especial em mim, por isso ela sugeriu que eu fizesse um teste para uma bolsa em uma grande escola de artes de Seul, que eu acreditei que nunca fosse ter a chance de entrar, já que aquele lugar só tinha os melhores artistas do país.

Felizmente eu estava terrivelmente enganado e conseguir passar em um teste para entrar naquela escola foi a primeira conquista da minha vida, e uma das que mais me orgulho. 

Mas veja bem, eu ainda tinha meus dezesseis aninhos de idade, então é óbvio que precisava da autorização dos meus pais para poder frequentar aquela escola, uma permissão que eu nunca recebi, porque assim que eles souberam que eu estava fazendo aulas de teatro na escola, tentaram me proibir de todas as formas, dizendo que eu precisava frequentar uma faculdade de verdade e não perder tempo com essas "bobagens".

Meus pais pensavam que ter um bom emprego e ganhar dinheiro era mais importante que a minha felicidade e aquele foi o primeiro passo que eles deram para se afastarem de mim.

Em resumo, a desaprovação dos meus pais não foi o suficiente pra me desanimar e apesar de tudo, eu continuei ainda mais decidido a me matricular na escola de artes, e foi só com a ajuda da minha falecida avó e da mobilização de todo grupo de teatro que eu consegui. Minha avózinha, que sempre foi uma pessoa muito aberta, aceitou assinar os documentos da matrícula da escola e se dispôs a ficar comigo por alguns meses, mesmo com a oposição dos meus pais.

Mas desde o começo, eu sabia que não poderia depender dela para tudo e que precisava conseguir um meio de me sustentar em Seul, porque só o dinheiro da bolsa de estudos não era suficiente. E foi aí que a Sra. Jung reuniu todo o clube de teatro e juntos conseguiram arrecadar todo dinheiro que eu precisava para me manter, fazendo várias apresentações pagas — e muitas vezes tirando do próprio bolso para me ajudar. Até hoje eu sou extremamente grato a todas as pessoas que me apoiaram naquela época, sem a ajuda dessas pessoas eu tenho certeza que nunca teria chegado onde cheguei.