REDENÇÃO 🙏 (FINALIZADO)

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Mesmo chorando ele repetia sem parar que ela tinha destruído a vida dele e que ele a mataria. E eu  olhava o seu estado e a cena sem acreditar! Denner chorando? Não dava pra ser real.

Mesmo sabendo que ele não estava em sã consciência, que aquilo era efeito das drogas, vê-lo chorar em um ato desesperado me deixou extremamente triste e sem reação.

Eu não sabia 1/3 do que ele já tinha passado, eu na minha vida já senti muitas dores, passei por situações difíceis, carrego lembranças tristes... mas nenhuma delas me deixava dessa forma!

A dor, angústia, magoa, ódio, raiva e desespero que ele carregava consigo por simplesmente ter encontrado alguém que te remetia ao seu passado era uma das coisas mais pesadas que já vi na vida, principalmente quando essa pessoa é a tua própria mãe.

Coréia: Eu vou matar ela! - puxou a arma do coldre, pegou o rádio e só aí eu tive alguma reação.

Luna: Denner, para com isso! - segurei a mão tentando que ele guardasse.

Coréia: Me solta, caralho! Toca em mim não, porra. - tentou me empurrar. - ... Eu vou matar ela! - disse com ódio.

Luna: Para com isso... você não vai matar ninguém, guarda essa arma. Você não tá bem! - continuei segurando a mão dele enquanto ele me encarava e aos poucos foi abaixando a mão. - Vem, senta aqui! - puxei ele pro sofá mesmo a contragosto.

Ele sentou ainda com a arma em punho e abaixou a cabeça falando várias coisas em voz baixa enquanto as lágrimas desciam por seu rosto. Peguei um copo de água na cozinha e entreguei pra ele, mas o mesmo jogou longe.

Sentia o ódio dele de perto, sabia que ele seria capaz de fazer tudo que estava falando, mas também sentir o dever de falar alguma coisa... vê-lo assim tava me incomodando, afinal eu nunca quis o seu mal.

Luna: Lembra quando você veio aqui e disse que tentaria mudar? Nunca achei que isso fosse acontecer até ver a sua mudança de perto, sabia? Pra mim você seria sempre o mesmo e na verdade ainda é... Só que em uma versão melhorada! - sentei ao seu lado . - E de verdade essa versão é a sua melhor fase. Você tá conseguindo ter e sentir várias coisas que você nunca teve ou conseguiu sentir... Tu tá se tornando uma nova pessoa, tá indo por um bom caminho.... não deixe que coisas negativas acabem com isso, não se deixe levar pela raiva e remorso não! Teu passado já aconteceu, você não pode mudar, mas pode fazer um futuro diferente. - ele ficou em silêncio por um bom tempo, mas me respondeu...

Coréia: Foda-se que o meu passado já passou, não importa não, rapá. Você não tá ligada em tudo que ela fez comigo não... de como fudeu minha vida pô... Você não sabe! Eu quero ela morta, não quero ver aquela filha da puta na minha frente nunca mais... ela acabou comigo. - disse se recostando no sofá e jogando a cabeça pra trás. - Eu comia o pão que o diabo amassou todo santo dia dentro de casa e eu não fazia nada! Nunca fiz nada pra merecer ódio e porrada todo dia. Eu era um moleque tranquilo pra caralho po, ninguém nunca brotou lá na minha porta pra falar nada de mim. Eu era tranquilo, um bom filho e ainda trampava fora pra sustentar os vícios de merda dela, mas ela nunca reconheceu isso. Perdi minha infância toda ralando na rua pra dar dinheiro pra Elza. Saia de manhã, só voltava à noite de baixo de sol ou chuva pra sustentar a porra dos vícios delas e quando eu chegava em casa ela só sabia me bater e maltratar... todo santo dia era isso, eu nunca tive um dia inteiro de paz!!! Cinto, arame, chute, murro... tudo que tudo possa imaginar ela fazia comigo e eu guri ainda po. - disse me encarando. - Quando eu achei que tinha matado ela pra mim foi um alívio, senti um alívio do catálogo! Me libertei... foi uma libertação do caralho! Senti até mais leve depois de ter descarregado um pente todinho na minha própria mãe. - deu risada. - Aquela filha da puta mereceu cada bala que meti nela e se tivesse mais, eu usaria também. Papo reto... Saber que ela estava morta, que eu não veria mais minha própria mãe me tornou invento de mais sofrimentos na vida, mas fez com que eu não sofresse mais pelas mãos da minha própria mãe, tá ligado?

Ouvi tudo aquilo enquanto já chorava. Não sabia o que dizer e não tinha palavras pra dizer... eu entendia a dor e revolta dele.

Em um gesto rápido e impensado só fiz o que tive vontade... eu o abracei mesmo ele não respondendo o meu abraço de imediato. Abracei em um gesto de compaixão, empatia e carinho!

Eu já senti muitas coisas ruins, muitos sentimentos negativos em relação ao Coréia... De verdade, as vezes em silêncio, mesmo que por milésimos de segundo já desejei a morte dele quando ele me fez mal, mas agora, pelo Denner... eu não sentia nada disso! A pessoa que eu via a minha frente eu gostava, queria bem e não queria ver assim de jeito nenhum.