Extra 2: A noite de Fang Xin no Distrito Vermelho parte 2

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                                   Dois estranhos conhecidos colidem como duas estrelas solitárias parte 2

          Em meio a chuva, ouvia-se música.

          Num dos bordéis, uma dama em trajes menores tocava concentrada e apaixonadamente um liuqin¹ enquanto cantava com sua voz aguda e melodiosa uma tragédia de amor em cantonês.

          Fang Xin e Huang Ho passaram perto de algumas barracas que vendiam comidas variadas, se abrigando da chuva caminhando por baixo de suas lonas, havia uma outra locanda que se localizava estrategicamente ao lado de um dos prostíbulos.

       Talvez fosse por conta da chuva, que naquela noite não andava favorecendo os negócios. Havia muitos lugares vazios, mesas solitárias arrumadas para clientes que não viriam.

      Fang Xin tinha predileção em ocupar sempre os cantos mais sombrios e naturalmente que Huang Ho sentou-se bem ao seu lado, não se preocupando muito com o lugar.

      Em verdade, sua atenção estava centrada nas gotículas de chuva acumuladas feito orvalho no longo cabelo em tom terroso de Fang Xin.

      Assim que o atendente da locanda se moveu por trás do balcão para atender os dois, Fang Xin já ia perguntar se Huang Ho queria beber alguma coisa, quando duas damas da noite se chegaram, uma delas fechando o guarda chuva de bambu que tinha usado para proteger as duas do pequeno temporal.

         A outra jovem dama de vermelho, abraçou Huang Ho furtivamente pelos ombros, se encostando às suas costas úmidas.

     O rapaz ergueu a sobrancelha fina, sempre arqueada como se o senso irônico e irritadiço nunca o abandonasse, em repúdio ao toque da estranha.     

— Por que tão sozinho? Não quer se livrar dessas roupas molhadas? Posso tira-las para você...     

— Eu não estou sozinho... — Huang Ho replicou indócil, buscando o olhar da moça excessivamente maquiada. — Estou com Fang Xin e por que eu deixaria que tirasse minhas roupas?

— Ora, não seja assim... Você é tão bonito, que não cobro quase nada se vier comigo... Quanto tem aí nos bolsos, hum?

     Fang Xin que observava a cena com o cotovelo apoiado no balcão, o rosto descansando em sua palma da mão, retrucou antes que Huang Ho respondesse:

— Aposto que ele não tem nada nos bolsos, é um cabeça de vento... Durmo com sua amiga, se perder a aposta.             

      A mulher um pouco mais velha que segurava o guarda-chuva que respingava formando uma pequena poça perto de seus pés calçados com sapatilhas prateadas, sorriu de lado, desconfiada.

    E a dama de vermelho encarou Huang Ho na expectativa, com interrogações no olhar, ainda abraçando-o pelos ombros largos.

— Eu não tenho nada nos bolsos... Nem mesmo tenho bolsos. Do que vocês estão brincando afinal? Escafedam-se.

      Huang Ho soou um pouco invocado, subversivo.

— Ora, mas como você vem para o distrito vermelho sem um mísero yuan que seja? — A dama de vermelho soou injuriada, afrouxando o toque, quase se desfazendo dele. — Ainda mais num mau tempo miserável desses!

— Não perca seu tempo, Mei Niu. Esses dois aí...

     E dama que segurava o guarda-chuva olhou especialmente para Fang Xin, seu olhar como se o acusasse de algo previamente:

A Noite Secreta de E-Ming e RuoYe [HOB]Onde histórias criam vida. Descubra agora