A Noite Secreta de E-Ming e RuoYe [HOB]

Chapter II Meados da noite

Chapter II

Naquela corrida que parecia sem sentido, com o ar noturno em seus rostos, os dois quase caíram dentro de um lago! Por sorte freando seus pés, caíram sentados à margem e E-Ming praguejou baixinho.

- Olhe para si mesmo, E-Ming! Olha só o seu reflexo na água...

Na água calma e turva do lago, não havia somente seu reflexo, havia a noite refletida ali, a claridade lunar o brilho pálido das estrelas.

RuoYe ajeitou a franja de E-Ming com os dedos compridos e claros e riu.

- Vê? E-Ming é tão bonito que faz uma conjunto perfeito com a noite refletida no lago.

Sua mão tocou novamente seu rosto enquanto observava seu reflexo e E-Ming agora, talvez se sentisse um pouco tolo... Ou eram as palavras de RuoYe que o fazia se sentir atraente como uma noite enluarada.

E sentado na beira, esfregando os dedos dos pés na margem numa atitude despretensiosa e livre, RuoYe riu alto:

- Sabe quem deve ser realmente feio se tiver forma humana? Fang Xin! Aquela espada de Jade negro merece é se aposentar!

Não pode deixar de sorrir quando ouviu a risada realmente boba de RuoYe.

E-Ming tinha um desgosto profundo por Fang Xin, havia confrontado a antiga espada de Jade Negro no Monte TongLu, de todas as espadas que havia tido como rival... Provavelmente Fang Xin era a mais séria e arrogante de todas.

- Não foi bom sair um pouco do Santuário, E-Ming? Nem tinha porque pensar que estava feio...

- Hum, fácil você dizer... Não é RuoYe que é sempre censurada e chamada de "Lixo Inútil", meu mestre não gosta de si mesmo e por isso... Também não gosta de mim, eu apenas sirvo como uma cimitarra sanguinária. O único que olha diferente para mim, é o Gege do meu mestre.

RuoYe se ajoelhou perto de E-Ming, a luz falsa do luar tornando seu cabelo sem cor ainda mais belo, seus cílios descoloridos ainda mais suaves.

- Não é verdade... Eu também olho diferente para E-Ming, que é forte e corajoso... Melhor do que eu em tudo, não sou bom nem em fatiar legumes... Só sirvo para amarrar, prender e segurar. Sei que não sou uma arma sagrada muito boa... Mas, fico grato por meu mestre ser tão gentil e nunca me deixar para trás.

Ah, as bobas disputas passadas com RuoYe... E-Ming se lembrava bem.

E agora os dois estavam ali à beira do lado na Aldeia Puji e num gesto lento, pensativo E-Ming olhou para uma de suas mãos, a palma aberta, os dedos levemente dobrados e a ergueu, tocando a face rósea e morna de RuoYe.

- Não é bem isso... Olhando para RuoYe humano... Sinto que é muito melhor do que eu. Que é forte e capaz, se desejar ser... E no Monte TongLu...

E-Ming se interrompeu como se meditasse profundamente no instante, retomando o que dizia com a voz um pouco mais baixa:

- Quando Fang Xin te partiu em duas metades e você caiu imóvel no chão... Fiquei tão... Tão...

- Bravo? Zangado?... Furioso?

- Isso também, mas... Fiquei também um pouco... Triste.

RuoYe sorriu e tocou de leve a mão de E-Ming em seu rosto.

- É?... Não sabia que se importava assim.

- Eu também não sabia... É estranho o que um coração batendo no peito faz um humano sentir.

RuoYe assentiu fechando os olhos, o sorriso sem se desfazer entre seus lábios:

- É estranho, mas eu gosto... O toque... A alma sem um corpo humano não conhece realmente o toque.