Capítulo II

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"A melancolia é tão ruim como descreveram uma vez? Emoções 'pessimistas' são consideradas um passo para a infelicidade de indivíduos que desistiram fácil. Porém, nunca se questionam do porquê preferiram acreditar na tão bela e mentirosa vida do que ter conhecimento que nossa negatividade é mais como uma salvação.

A romantização tornava tudo mais fácil, simples. Sonhar com a melhoria e evolução de tudo e todos eram formas de se distrair da realidade trágica vivida cotidianamente."

Seonghwa estava um tanto embasbacado com o que lia, mesmo que fosse a vigésima vez relendo aquele livro escrito por um teórico alheio.

Faltando algumas horas para ambas as cerimônias, o príncipe se encontrava na biblioteca fugindo dos servos de suas majestades e não satisfeito, começou a engatar em várias leituras num canto qualquer. Mesmo que parecesse despretensioso, vagava pelos corredores separados por estantes extensas na esperança de achar um cantinho discreto, mas não impossível para deixar sua carta. No caso, uma de suas cartas.

Por uma obra infeliz do destino, enquanto se afastava andando de costas para observar em demasiados ângulos o lugar onde deixou o papel dobrado, pisou numa elevação desregular abaixo de si e escutou um grunhido de dor.

— Vossa alteza... — Seonghwa se virou receoso, mas já sabia de quem era aquela voz aguda. — atrapalhei algo? — Malli perguntou em tom de divertimento e cruzou os braços encarando o rosto alheio.

— Mil perdões, senhora Malli! Zeus, eu nem percebi que tinha alguém atrás de mim — disse se curvando repetidas vezes.

— Tudo bem alteza — a mais velha riu e manteve a pose. — Só gostaria de saber por que o príncipe está aqui ao invés de estar recebendo os últimos ajustes do vestuário real...

— Ah isso, eu... precisei espairecer um pouco a mente, sabe? Hoje o dia será bastante agitado.

— O que seria esse "espairecer" no meio das estantes? Parecia bastante curioso ali — a mulher era bastante observadora, um detalhe que o outro tinha esquecido.

— Eu estava apenas procurando um livro que li recentemente e não me recordo o nome — por incrível que pareça, a desculpa esfarrapada soou mais natural do que esperava e foi o suficiente para convencer a mais baixa dali.

— Imagino, mas acredito que já tenha descansado demais! Ande depressa, pois daqui a pouco haverá uma última reunião com as majestades e a sua presença é crucial — lhe disse pronta para arrastar o príncipe dali.

— Certo, certo... só me deixe dar uma última olhada, por favor? — Pediu juntando as mãos em súplica e recebeu uma afirmação por parte da mais velha.

Esperou que a outra se afastasse e caminhou novamente na direção da mesma estante. Antes que causasse qualquer estranhamento, pegou o livro lido anteriormente e enfiou a carta minuciosamente entre as páginas o recolocando no lugar em seguida. Após um longo suspiro, se direcionou para a saída da biblioteca e encontrou a serva com as mãos escoradas na cintura lhe encarando impaciente.

— Vossa alteza primeiro — sinalizou se reverenciando e deixou que o moreno caminhasse à sua frente.

— Senhora Malli?

— Sim príncipe Park? — Respondeu enquanto caminhava atrás do garoto, estava a reparar na lentidão e presunção dele.

— O nome é Oblíquo.

— Nome do quê alteza? — Perguntou arqueando uma sobrancelha em confusão.

— Do livro. O nome do livro é Oblíquo — respondeu com um sorriso singelo nos lábios e continuou a caminhar enquanto havia uma senhora atrás de si tentando entender como funcionava a mente do garoto.

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⏰ Última atualização: Oct 05, 2023 ⏰

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