Capítulo um

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Fecho o notebook, finalmente terminei esse trabalho enorme. Pensei que nunca acabaria, meu corpo relaxa na cadeira e agradeço internamente por poder descansar. Confiro o horário pelo visor do celular e percebo que já passou do horário do Pedro voltar.

Me espreguiço e com relutância me levanto da cadeira sonolenta e subo para dar banho na Antonella que provavelmente está pulando na minha cama e do Marco enquanto ele observa com orgulho.

Errei.
Eles estão no quarto todo rosa da nossa filha, os pés do Marco ficam para fora da cama devido ao seu tamanho, Antonella está aninhada nos seus braços e deitada adormecida no seu tórax, a cabeça do Marco está apoiada no alto da cabeça dela e os dois estão profundamente adormecidos. Vejo o livro de princesas caído ao lado da cama e imagino que dormiram durante a leitura.

Meu coração se enche de amor e silenciosamente eu pego o livro jogado e cubro os dois, não quero despertar eles. Ligo o abajur e desligo a luz quando saio do quarto.

Vejo a porta convidativa do meu quarto e sinto um desejo enorme de me jogar na cama e cair no sono profundo, mas disco o número do Pedro e enquanto chama me preparo para ir buscá-lo.

Ele não atende.
Meu coração de mãe já começa a ficar angustiado quando pela segunda vez cai na caixa postal.

Amélia:
Pê, atende o celular. Estou indo te buscar.

Mando a mensagem e procuro o endereço que ele mandou, caminhando até o carro coloco no GPS e antes de iniciar a rota eu tento entrar em contato mais uma vez.

Sem respostas.

Engulo seco e tiro a ideia de algo ruim ter acontecido. Deus queira que seja só um adolescente querendo ficar mais alguns minutos na festa. Início o GPS e fico aliviada ao ver que estou há vinte e cinco minutos do local.

Odiava quando o Pedro me deixava preocupada. Afinal, eu dei um celular para que eu pudesse falar com ele a qualquer momento e não para que ele ficasse fazendo stories no Instagram sem sentido. Acho que os filhos esqueceram o real significado de um telefone.

Quando estou há poucas quadras tento ligar novamente ao Pedro. Me frustro ao ouvir a mulher da caixa postal novamente.

Senhor, por favor, proteja meu filho. Que ele esteja bem. E caso ele estiver me perdoe, pois eu vou dar na cara dele.

Estaciono o carro e a festa ainda está cheia, o barulho, os adolescentes bebendo e se divertindo. Antes de entrar e fazer o meu filho pagar o maior mico do ano, tento ligar novamente.

Estou dando chances, Pedro. É melhor atender.

Enquanto chama observo o quanto eles são novos e se acham adultos. Será que eles sabem que eles estão vivendo a melhor idade e não precisa desperdiçar agindo como se fossem mais velhos? Digo isso ao Pedro sempre, contudo entra por um ouvido e sai pelo outro.

Caixa postal.

Meu celular toca e eu olho esperançosa para o visor, mas ao ver o nome do Marco de certa forma me dá um desespero.

- Ele falou com você? - Atendo.

- Ele? Quem? - Boceja - Do que está falando?

- Aí meu Deus. - Meus olhos enchem de lágrimas.

- O que foi, amor? Cadê o Pedrinho? - O tom de voz sai carregado de preocupação. - Onde você está?

- Estou na porta da festa. Ele não me atende, Marco. Vou entrar lá e procurá-lo. Mas estou com medo de não encontrar ele lá dentro.

- Com certeza ele está. Não tenha dúvidas, fica em paz. Vai lá que eu vou tentando ligar pra ele, tá bom? Me avisa assim que encontrá-lo. E por favor, não bata em nenhum adolescente.

Procura-se um Pai IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora