Capítulo seis

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ATENÇÃO: Esse capítulo contém gatilho.


PEDRO

Ela segura na minha mão e me faz caminhar mais rápido e mesmo com o pé latejando eu tento acompanhar, pois ela está visivelmente preocupada e assustada.

- Sabe para onde estamos indo? - Pergunto um pouco sem fôlego. Já estamos andando há minutos.

- Ali. - Aponta para um carro velho parado no acostamento. - Não imaginei que fosse tão longe, eu fui correndo e parecia perto.

Entramos no carro e por dentro ele é mais velho ainda. Respiro fundo sentindo o cheiro de tecido antigo, lembro do fusca que um dia o Edu pegou. A Gabi fez ele devolver na mesma semana, e perguntou a ele se o bebê conforto ia do lado de fora igual a moto da baba McPhee.

- Vamos lá, me ajuda Mike. - Ela sussurra baixinho virando a chave no contato. - Por favor. Por favor.

O barulho do motor faz ela respirar aliviada e sem demora ela começa a conduzir o carro pela estrada escura e vazia.

Me ajeito no banco e observo as árvores e o céu. Pensei que jamais iria ver isso novamente, que jamais sentiria a sensação de liberdade.

- Então... - Começo.

- Então que eu estou te ajudando. - Responde ranzinza - Quer que eu diga o que?

- Primeiro: por que deu nome ao seu carro?

Ela tenta não sorrir, mas se rende depois de alguns segundos.

- Não fui eu. - O sorriso some. - Vamos parar em um hotel, eles com certeza vão me procurar e não quero correr o risco de nos encontrarem em uma estrada deserta.

- Quem são eles afinal?

- Pessoas com quem você não deve mexer.

- Nunca mexi com eles e acabei em um cativeiro, agredido e com fome.

- É. - Seus dedos apertam o volante - É do tipo dele.

- Qual é o seu nome? - Pergunto e ela me olha de canto.

- Não interessa.

- Ok. - Dou uma pausa e volto a olhá-la. - Será que posso usar um celular?

Seu silêncio me faz entender que não.
Afinal, estou livre ou ainda continuo preso?

***

AMÉLIA

Após receber a notícia de que o cativeiro estava vazio, voltamos pra casa pois desmaiei. Não estou bem psicologicamente e muito menos fisicamente.

Acharam sangue no local e as roupas do meu filho. O resultado do sangue irá sair nas próximas 24h mas sei que é dele. Ele estar sem as suas próprias roupas me assusta. O que estão fazendo com o meu menino?

Quando entramos minha mãe está adormecida no sofá e ao lado dela Gabi. A minha amiga cobre a minha mãe e pede silêncio, vamos até a cozinha para conversar melhor.

- O que houve? - Pergunta aflita.

- Ele não está mais lá. Acharam roupas e sangue. - Volto a chorar.

Procura-se um Pai IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora