Chapter 3 - Videogames

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Capítulo 3 - Videogames
Changbin POV

Não me movi um centímetro por longos 5 segundos, tentando pensar em alguma resposta. Se tem uma coisa que eles não ensinam no curso preparatório é a responder esse tipo de pergunta.

- Ah, pequeno - enrolei - O papai... põe uma sementinha na barriga da mamãe quando eles se amam muito - gesticulei meio sem graça

- Com um beijinho? - seus olhos se iluminaram - Meus pais se beijaram ontem, eu vou ganhar um irmãozinho! - sorriu feliz

- Ah... Não é exatamente assim - tentei me explicar - é uma ação um poco mais longa, e tem que ter muito amor e vontade de ter um bebê, sabe?

- Meus pais se amam muito... - botou as mãozinhas no queixo refletindo - Você acha que eu vou ganhar um irmãozinho?

- Que tal você perguntar pros seus pais quando chegar em casa? Eles podem te dizer se você vai poder ter um - Nunca me senti tão covarde na minha vida, mas sim, expulsei meus problemas pros pais deles. Só consegui desejar um "Boa sorte" mentalmente pros coitados

Minha aula seguiu calmamente como o planejado, após aquela sessão de vergonha diária. Crianças são tão inocentes que simplesmente não filtram suas perguntas e menos ainda as respostas. De certo modo isso é admirável, mas se você é atacado por uma criança curiosa não resta muito como fugir, porque elas insistem e se necessário a birra pode vir incluída.

Voltei pra casa meio apressado com os pensamentos cheios de "Félix deve estar esperando". Cheguei na frente do prédio e busquei pela praia pelo mais novo, que aparentemente havia me visto antes. Ele vinha com uma toalha na mão e os cabelos molhados, outra vez cambaleando e tropeçando a cada metro quadrado. Félix chegou ofegante.

- Oi - digo com um sorriso.

- Oi, hyung!

Entramos no prédio que agora estava em reforma. Latas de tinta preenchiam todo o chão, junto com pincéis e plásticos. O síndico resolveu mudar os ares pintando todas as paredes de um amarelo forte a alegre. O cheiro era forte provocando sensações ácidas em minhas narinas.

- Que cheiro forte - fiz careta

- Uh... É, é... - Félix parecia tão bem diante desse cheiro e tão confuso ao mesmo tempo por minha reação

- Não está sentindo? Da tinta

- Meu nariz está entupido - pensou cuidadosamente em sua resposta

Claramente não era esse o motivo. Félix respirava super bem desde que cheguei do trabalho. Eu tenho reparado em cada detalhezinho sobre ele, desde os pés que quase não tem equilibrio até aqueles fios louros e macios, provavelmente naturais por sua qualidade. Chegamos no apartamento e eu joguei tudo na mesa, o cansaso já me dominava.

- Tome um banho, vou fazer a janta - me joguei no sofá tirando minutos merecidos de descanso

Félix entrou no banheiro quase que instantâneamente, e claro, esqueceu as mudas de roupa e a toalha. Ah, aquela toalha. Só de pensar em me levantar pra lavar aquele futunzinho me dava sono. Peguei uma aleatória no lugar da que por hora ficaria podre um pouco mais. Bati na porta para entregar as coisas antes que ele entrasse no banho. Félix abriu a porta já sem a camisa porém ainda com bermuda. Fitei seu abdômen não tão musculoso porém lisinho e lindo. Meu rosto esquentou e senti o vermelho dominar minha pele.

- Oh, Changbin, obrigado - pegou as coisas e fechou a porta

Me virei para voltar até a sala, mas logo me dando conta do grande volume que latejava entre minhas pernas.

- Sério, Changbin? Sério? - pensei em alto

Aproveitei a ausência momentânea do mais novo para me aliviar na sala. Sabe quando você está fazendo algo errado e o mais mínimo dos sons te faz prender a respiração? Me senti uma criança. Uma criança pervertida. Felizmente pude voltar ao meu estado normal sem que Félix se desse conta. Ele saiu do banho uma hora depois quando a comida (muito pouco gourmet por sinal) já estava posta. Miojo com ketchup era o menu da noite.

- Vamos jogar uns jogos hoje - propus

- Claro! - se animou. Deu pra perceber que agora Félix estava amontoando comida em sua boca para terminar mais cedo - Que jogos você tem??

- Mario Kart, Just Dance, Pokémon - nomeei alguns do Nintendo Switch, mas Félix apenas fazia uma cara de ponto de interrogação - Não conhece?

- Não

- Como não?? São clássicos

- Eu não tinha videogames

- Parece que vou ter que te batizar hoje - Larguei o restante da comida na mesa para começar a jogar o antes possível

Conectei o jogo na televisão e liguei no Mario Kart, que já estava aberto.

- Com esse aqui você vai pra frente, com esse aqui você usa os itens, esse muda a visão, e movendo esse você direciona. Esse aqui você aperta pra dar um turbo em rampas - O loiro me encarava atentamente

Iniciamos uma partida para testar se ele havia entendido. Foi a coisa mais lindinha e doce que eu já vi. Sempre que ele tentava usar um comando novo colocava a linguinha pra fora para focar, e se errava sua boca formava um biquinho. No final ele conseguiu chegar em segundo lugar, mesmo sendo sua primera vez. Obviamente eu estava em primeiro. O rei do Mario Kart não aceitaria a derrota de um novato.

- Hyung! Isso é muito difícil- reclamou

- Mas você ficou em segundo

- Mesmo assim - o biquinho triplicou de tamanho. Ele parecia uma criança irritada.

Estivemos toda a noite jogando e a cada vez que ele perdia era uma reclamação diferente, inventando que "o carro é muito lento" ou "aquele Pokémon é muito abusado" e até mesmo "o controle não funciona" no Just Dance que até eu vi aquela fofura dançando igual uma lagartixa. Nunca tinha conhecido alguém tão competitivo.

- Félix - o chamei envergonhado - aceita sair pra jantar comigo amanhã?

...

Hey! Goldfish - ChanglixOnde histórias criam vida. Descubra agora