Chapter 2 - Hyung

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Capítulo 2 - Hyung
Changbin POV

Me levantei da cama em um pulo. Aquele estrondo inicial se cessou em fases, passando por pequenos sons arrastados até o silencio completo. Apavorado me dirigi ao banheiro, de onde parecia proceder o barulho. Dei três batidas na porta até que Félix abrisse.

- Uh... Tá tudo bem? - já me irritava a frequencia com que precisava fazer essa pergunta

- Ah... sim sim, me desculpe. Eu estava com calor e vim me refrescar um pouco... - reparei que seu rosto e cabelo estavam molhados - acabei tropeçando, mil perdões - O menor abaixou a cabeça como anteriormente, exalando culpa. Não pude me sentir bravo, ele era tão pequeninho e inocente, com dois pés esquerdos que se moviam quase igual a pinguins. Podia ser uma doença, eu teria que me informar antes de reclamar.

- É verdade - coçei a cabeça constrangido - no quarto não tem ar-condicionado... Melhor você dormir comigo

- C-contigo?! - se assustou

- N-não! Me expressei mal - ri de nervoso - dorme na sala com o ar, eu durmo no tapete, não me incomoda.

- Eu posso? - pediu uma confirmação envergonhado. Tão fofo...

- Claro! - sorri - Companhia é sempre bom - ele riu

Peguei almofadas e um edredom bem grosso para cobrir o chão. Félix se ajeitou encolhido na cama, de uma maneira confortável para suas feridas. Me deitei ao seu lado com os pés esticados encostando na base da mesinha de centro e os braços sob minha cabeça. Ficar nessa posição me fazia me sentir alto.

- Boa noite - Felix não me respondeu. Ele já estava dormindo, provavelmente exausto. Havia sido um dia difícil para ele, e meu dever como ser humano era amenizar seu sofrimento.

Dessa vez dormi rapidamente. Em poucos minutos estava em meu mais profundo sono. O loiro não se encontrava longe disso, talvez mais além. Novamente ele murmurava palavras soltas e irreconhecíveis, como um próprio idioma. Consegui entender algo como "home", que significa casa em inglês. Talvez soubesse falar inglês. Isso poderia ser uma dica sobre sua procedência.

Pela manhã senti algo roçando em minha clavícula. Era macio e leve. Esfreguei meus olhos um par de vezes até me acostumar á luz do sol que invadia toda a casa. Félix seguia em seu sono profundo, e a tal coisa sobre mim era sua mãozinha delicada. Parecia ter metade do tamanho da minha, tão pequenina e suave. Não a retirei de imediato, apenas apreciei. Lentamente tentei deslizar para fora de seu alcance sem acordar-lo, e funcionou. Agora cada passo meu seria silencioso, tentando não acordar o mais novo.

Fui até a cozinha e preparei um café da manhã para dois incluindo tudo que tinha direito, como ovos, torradas, um suquinho de laranja fresco e alguns morangos de sobremesa. Tentei agradar o convidado, sendo que obviamente não comia assim todos os dias pois não era nada sustentável, meu salário não seria suficiente. Em uma hora ou duas Félix se levantou igual um gatinho, se espreguiçando com a cara amassada e seus dois pés esquerdos cambaleando.

- Bom dia bela adormecida - arrisquei uma piada para fazer amizade

- Aish, bom dia - riu de leve - 'tá cozinhando oque? - tentou olhar por cima de minhas costas

- O café da manhã - preparei a mesa para dois, ele parecia estar com agua na boca

Nos sentamos um de frente para o outro. Tentei comer na maior classe possível, mas ao mesmo tempo Félix não se importava nadinha, e a cada mordida fazia uma cara de satisfação diferente, quase caretas.

- Issu ta delifiosu - falou com a boca cheia de morangos, logo tomando um gole do suco para ajudar a descer aquele bolo de comida

- Come devagar - alertei com um sorriso bobo. Estava super feliz que ele estivesse gostando - Daqui a pouco tenho que ir trabalhar... Você prefere ficar aqui ou dar uma volta?

- Vou dar uma volta pela praia. Passar a tarde, talvez.

- Beleza - confirmei - vou te emprestar algumas roupas de mergulho se quiser nadar

- Obrigado, hyung - o mais novo simplesmente soltou essa palavra da maneira mais simples possível, como se me conhecesse à decadas. Engasguei surpreso, corando quase que instantâneamente - 'Tá tudo bem? - deu tapinhas na minhas costas passando por cima da mesa - Se assustou? Desculpa, eu não devia ter te chamado assim, mal nos conhecemos...

- N-não! Não faz mal, 'tá tudo bem - me surpreendi, porém lá no fundo foi bom escutar aquilo - E não precisa se desculpar sempre, ta tudo bem errar. Eu sou legal, eu juro - ri

- Então posso te chamar assim? - corou

- Claro - meu dia acabara de se adocicar mais um pouco. Sempre que aquelas sardas se mostravam era como se todo o ódio do mundo acabasse em um piscar de olhos

Arrumei toda a mesa com sua ajuda, como uma bela equipe. Eu lavava e ele secava. Em questão de minutos tudo estava impecável novamente. Me vesti com uma camisa da Disney, coisa que encantava meus alunos. A maioria só sabia falar de querer ser a tal princesa Aurora e vestir um vestido rosa. Os garotos se apaixonavam mais por super-heróis, sempre brigando para ser o Homem-de-Ferro no faz de conta.

Saímos da casa cerca de meio-dia, debaixo do sol escaldante. Félix se apressava para ir até a praia, se despedindo o antes possível. Segui meu caminho até o trabalho, recebendo abraços calorosos dos pequeninos. Querendo ou não, eu amava ser titio de creche.

- Tio Bin! - Eunbi esticou seus bracinhos para pedir colo - Você 'tá bonito hoje! A camisa da Cinderela é linda, você me dá? - fez os famosos olhos de cachorrinho

- Minha princesa, ficaria enorme em você - fiz um carinho leve em suas costas - mas prometo que amanhã eu te deixo experimentar - estiquei meu mindinho para oficializar a promessa, a pequena riu e concordou

Entrei em minha sala de aula, e todos aqueles pestinhas corriam de um lado ao outro. A única que se comportava era Eunbi, a que quase adotei como minha. Aquela picurrucha de cinco aninhos conquistou meu coração. Apoiei todo meu material na mesa e fui até o centro das cadeiras cuidadosamente postas em um círculo. Tentei começar minha aula com atividades sobre o corpo humano. Repassei temas sobre banhos, atividades físicas e comidas da maneira mais divertida que pude imaginar, mas com pouco menos de uma hora de aula um dos pequenos me interrompeu curioso.

- Tio Bin, como se fazem os Bebês? - De repente a classe que antes ignorava me olhou curiosa. Cada criança, sem exceções, me encarava esperançosa.

merda

...

Hey! Goldfish - ChanglixOnde histórias criam vida. Descubra agora