Chapter 14 - Visiting the depths

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Capítulo 14 - Visitando as profundezas
Changbin POV

Mais uma manhã de domingo começara, e o céu límpido convida todos da pequena cidade a ir à praia. Félix se exalava nervosismo, não queria mostrar sua cauda de sereia em plena luz do sol, já que era quase o mesmo que estar nu, porém como o combinado, eu iria ver aquela sua natureza mística mais uma vez. O amarelo que ofusca qualquer visão quando sobre a luz combinava com sua essência.

- Pegou tudo? - Confiro antes de passar pela porta. - Não esquece o protetor solar, hoje vai ser um dia bem quente.

- Pode deixar! - Félix alcançou uma última maletinha com itens pessoais.

Apreciamos a bela visão antes de chegar a altura do mar, e como o esperado, meia cidade aproveitava a manhã de domingo ensolarada tostando em suas cangas de praia coloridas. Claro que não deveríamos deixar que ninguém visse sua metade peixe, por isso encontramos uma costa vazia, maioritariamente constituída por pedras e uma areia de coloração escura.

- Você vai entrar primeiro? - Félix pergunta já retirando suas peças.

- Não vai querer dar uma cambalhota no ar? Igual nos filmes? - Zombei do mesmo.

- Muito engraçado, Changbin, olha a minha cara de quem achou graça, hahaha - Félix debochou.

- Eu tô' brincando! Bobo. Mas sério, entra primeiro, está frio.

- Medroso. - O loiro se posicionou na beirada de uma das grandes rochas próximas ao mar e mergulhou em grande estilo, respingando água por todas as partes.

Sem perder a oportunidade de se exibir, Félix fez o comentado anteriormente, dando a famosa cabalhota no ar, igual golfinhos treinados, porém sua cauda era mais bela que qualquer outro animal. As escamas cintilantes refletiram ao sol ardente, quase cegando por um instante.

- Não vai entrar? - O pequeno tritão sorriu brincalhão, e eu como um namorado obediente saltei próximo a si.

- Você é... Lindo - Baixei a visão até encontrar o que costumavam ser pernas, mas agora eram substituídas por sua metade peixe brilhante.

- Eu sei! Sou o maior gostosão.

- Félix! Onde aprendeu isso? - Me espantei, Félix nunca havia dito aquele tipo de gíria, menos ainda em tom obsceno.

- O Jisung me ensinou, ele disse que o namorado dele era gostosão porque ele é bonito, e eu sou bonito.

- Ok, senhor gostosão, vai me levar a um passeio? - Apoiei minha mão esquerda ao redor de seu pescoço, esperando por uma iniciativa sua.

- Sobe nas minhas costas e prende a respiração. Vou ser rápido, eu prometo. - Fiz o que o mesmo ordenou, e em segundos eu parecia uma tartaruguinha em suas costas.

Félix me deu sinal de que mergulharia, e que eu deveria respirar fundo antes da submersão. E assim o fiz, antes de descermos a uma velocidade absurda até mar aberto. Abri meus olhos e tive toda aquela visão mágica, corais coloridos, cardumes numerosos e todo tipo de maravilhas que se pode imaginar da vida aquática. Meu ar se esgotava, mas o loiro não tinha planos de subir, então desesperado sinalizei que necessitava oxigênio. Félix mesmo assim não subiu, apenas se posicionou em frente a meu rosto e selou seus lábios nos meus, logo expulsando uma grande quantidade de ar em meus pulmões. Me senti renovado, mesmo sendo algo questionável, mas que era problema para mais tarde.

Seguimos o passeio, e agora ele apenas segurava minha mão. Encostei meus pés na areia macia que se encontrava nas profundesas, de colorações também inusitadas, algo próximo ao verde. O mais novo olhou em meus olhos, feliz por mostrar parte de seu mundo, e sorriu. Aquele sorriso devastador, mais brilhante que as estrelas, acompanhado das pequenas sardas tão belas quanto. Esboçei um sorrido amplo e bolhas escaparam entre os orifícios. Félix voltou a fazer o procedimento, enchendo meu corpo com o oxigênio tirado não sei de onde. "Vem, quero te mostrar uma coisa" sinalizou com ambas mãos. Ele me guiou até uma espécie de caverna, não tão extensa, porém coberta de esferas avermelhadas. As pequenas bolinhas escondiam algo, me aproximei, e eram pequenos embriões. O loiro apontou a si mesmo, orgulhoso de suas origens. Então assim que ele havia nascido? Do ovo de um peixe? Como algo tão minúsculo pudesse gerar esse ser tão... Majestoso?

E então seguimos viagem, descendo mais e mais, até uma área obscura. A pressão nos alcançava de pouco em pouco, e meus ouvidos pulsavam com a sensação de aperto. O tritão ainda se mostrava intacto, sem ser afetado pelo peso da água, até chegarmos em uma zona ainda mais ausente de claridade, quase um breu total. Mas o escuro durou até que a ponta de seus dedos tocassem corais incandescentes. A fileira iluminou todo o círculo escuro, criando um clima talvez romântico. Peixes foram atraidos pela luz, e logo tudo ao nosso redor parecia dançar em harmonia. Félix segurou minha cintura e sorriu apaixonado, enquanto seus fios rebeldes balançavam com as ondas. Nossos corpos se aproximavam mais e mais, até estar completamente colados, sua cauda ao meu redor e rostos á milímetros de distância. Não pude evitar sorrir, ele havia preparado isso? Como um encontro romântico debaixo d'água, para mostrar suas origens e terra natal? Seus lábios sussurraram um "eu te amo", e logo selaram os meus em um beijo apaixonado. A cena lembrava um filme fantasioso, como uma versão alternativa de A Pequena Sereia, mas talvez fosse tudo que eu precisasse. O ósculo se intensificou, e o que acredito ser as bolhas fizeram meu corpo flutuar. O beijo da sereia, não era essa uma das ações de uma expansão aquática de The Sims? Isso existia na vida real? Os criadores do jogo devem ter acesso a mais informações do que acreditamos. Mas nessa exata posição foi como ambos corpos, ainda entrelaçados, alcançaram a superfície clara.

- Uau, Félix! Lá embaixo é tão... lindo - Um sorriso cobriu todo o meu rosto, emocionado. - Você preparou isso tudo? E aqueles ovos... É como você nasceu?

- Óbvio que preparei! Percebi que nunca havia feito algo romântico para você antes, e queria mostrar um pouco de onde eu venho. Viu as bolinhas, né? Sim, é dali que os pequenos tritões saem - O mais novo sorriu empolgado de voltar a ver a maternidade aquática.

- E eu não sabia que podia soprar oxigênio na minha boca, como você fez isso? - Indaguei ainda fascinado.

- Eu não sei muito sobre minha anatomia, mas acredito que esse oxigênio seja produzido dentro de nossos corpos, talvez por isso não necessitemos respirar o ar da superfície.

- Você é tão incrível... Eu não sei se mereço te ter aqui. Eu sou só um homem normal, que tem uma vida medíocre e nem tão interessante.

- Cala a boca! Você é incrível do jeitinho que é, ok? E nunca pense que não me merece, o destino nos uniu e vamos seguir juntos, e isso é uma promessa. - Félix não fez o que costumávamos fazer ao jurar algo, de esperar minha concordância, ele apenas segurou minha mão e afirmou que seria eterno.

Senti fazer parte de um conto de fadas, onde tudo era perfeito e as preocupações não existiam. Até a praia ao horizonte parecia harmoniosa, todos contentes e satisfeitos. Pode parecer uma sensação boa, mas pensar que tudo poderia acabar de um dia para o outro engolia minha felicidade. Não estamos em um filme, muito menos em um lugar perfeito, mas eu escolho oprimir esse sentimento ruim e aproveitar o momento ao lado de Félix.

Ele nos levou ao ponto de partida, as pedras rochosas e desocupadas. A aglomeração ao lado seguia tostando, e as meninas antes branquelas ganhavam cor, quase igual panquecas. Um homem se exibia ao alto de uma formação rochosa ao lado oposto, e vendedores ambulantes rodeavam os guarda-sóis coloridos. Todos pareciam felizes, afogando os problemas na areia, mas eu não julgo, pois faria o mesmo.

Voltamos andando até em casa, como sempre, e Félix entrelaçando nossos dedos feliz, sentindo que nossa relação acabara de entrar em outro patamar. O apartamento vazio e gélido nos tirou dos encantos da praia, e a sensação de vazio abriu um pequeno buraco em meu coração. Não é nada que envolva Félix, mas uma realização pessoal. O ambiente escuro e apertado, que só me satisfazia pela bela vista não me completava, e uma mudança de ares talvez nos fizesse bem. Não podemos nos mudar, já que o orçamento anda um pouco apertado, mas uma re-decoração... Parece boa ideia, pintar as paredes, adicionar plantas e trocar as luzes impotentes por algo mais animado e acolhedor, algo que me faça sentir em casa. Quero que Félix também se sinta bem com o ambiente, e acho que inaugurar aquele quarto vago com um novo ar-condicionado traria mais conforto. Semana que vem; isso! Semana que vem vou reformar nosso cafofo, justo quando o salário cair na conta.

...

Hey! Goldfish - ChanglixOnde histórias criam vida. Descubra agora