§ Cap. 1 O começo do fim §

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A vida é como andar de bicicleta.

Para ter equilíbrio,

Você tem que se manter em movimento...

~ Albert Einstein.


Nem tudo o que queremos se realiza, mas isso não significa que temos que desistir de tudo só porque alguém disse que você não é capaz.

Passei metade da minha vida tentando descobri aonde me encaixava na sociedade, a outra metade fingindo que não me importo e aceitando o fato de que não sirvo para nada, e não posso obrigar as pessoas a gostarem de alguém como eu.

Moro com a minha mãe em uma casinha tão pequena que as vezes chega a ser claustrofóbica em uma cidade que ainda não tem maturidade o suficiente para aceitar que existe pessoas como nós. Desde que me lembro somos só nós duas, nunca conheci o meu pai. Minha mãe nunca quis contar nada a respeito dele e eu simplesmente desisti de perguntar e tento não senti falta de alguém que nunca esteve presente.

Graças a força e astucia da única pessoa por quem realmente me importo nunca faltou nada na nossa casa e estudo em um colégio razoavelmente bom no qual ela trabalha e me proporcionou uma bolsa integral cem por cento. Me sinto privilegiada, mas como eu disse no começo: os seres humanos do planeta Terra não estão prontos para aceitar pessoas como eu.

- Que cheiro bom! – Cristina entrou na cozinha e abriu as panelas com poucas porções de comida.

- Hoje eu fiz feijão com alguns pedaços de carne e legumes que estavam na geladeira. – Falei desligando o fogão e pegando os pratos em cima da pia. – Tive que jogar fora alguns que estavam muito estragados.

- Você é um anjo na minha vida, meu amor. – Beijou minha bochecha e sentou em uma das cadeiras da mesa para tirar as galochas pretas e pesadas. – Não sei o que faria sem você. – Sorriu cansada.

- Provavelmente teria uma vida muito chata. – Brinquei colocando os pratos fumegantes na mesa e me sentei. – Como foi o trabalho?

- Como sempre, não sei como os garotos fazem tanta sujeira no banheiro. – Contorci o rosto imaginando. – Hoje eu tive que...

Levantei as mãos e as abanei na frente do meu rosto a cortando.

- Poupe-me dos detalhes nojentos na hora do jantar, mãe.

Ela sorriu.

- Tem razão...e o seu como foi? – Levou um pouco do caldo preto quase sem tempero aos lábios, suspirei queria poder fazer comidas mais gostosas. – Foi tão ruim assim?

- Nada de novo, na verdade. – Abaixei a cabeça e brinquei com a comida. – As mesmas pessoas, as mesmas piadinhas, matérias novas, nada de amigos, comer escondida encostada na arvore fingindo que sou invisível...

- Sinto muito meu amor... – Segurou minha mão livre em cima da mesa.

Neguei com a cabeça.

- Nada disso é sua culpa, até gosto de ficar sozinha...me dá mais tempo para ler e pensar no nosso futuro. Faltam só 912 dias para acabar, estou contando... - Levantei a cabeça e me deparei com a mesma expressão no rosto da minha mãe, dor. Ela sabe que nada que eu digo é a culpando ou apontando o dedo, mas como mãe deve ser difícil ver a filha passar por isso e não poder fazer nada, não por opção, mas porque a vida gosta de se fazer difícil. – Mãe eu não...

- Eu sei. – Suspirou e soltou os cabelos escuros que antes estavam presos em um rabo de cavalo bagunçado. – Eu tenho pensado muito nisso e finalmente me decidi. – Levantou os olhos azuis em minha direção. – Recebi um convite de emprego.

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