§ Cap. 4 O encontro oficial §

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O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido os que tem medo, muito longo para aqueles que lamentam, muito curto para os que festejam...

Mas para os que amam é eternidade.

~ William Shakespeare

Quatro dias se passaram, as aulas seguiam normalmente e Ícaro me fazia rir todos os dias com o seu jeitão de garoto marrento em uma roupa pomposa. Meu mundo parecia perfeito, minha mãe estava adorando dar aulas de computação e tínhamos bastante fartura.

Mas ainda assim algo me incomodava.

Não conseguia entender as visões que apareciam e sumiam repentinamente...a que mais me intrigou foi uma espada de dois gumes sendo levantada para o céu. Me assustava, mas não podia contar para ninguém ou seria internada.

- Terra chamando Lunna! - Ícaro balançava a mão na frente do meu rosto querendo chamar a atenção. - Alô!

Pisquei e levantei a cabeça.

- O que foi? - O barulho do refeitório ecoou pelos meus ouvidos.

- Você me deixou falando sozinho. Pra onde você foi?

- Estava aqui o tempo todo. - Mexi na comida.

- Aé? - Franziu as sobrancelhas. - Então repete o que eu acabei de dizer.

- Hum...o que foi mesmo que a professora falou sobre ir para a sala de orientação depois do almoço?

- Viu? Não me escutou.

- Desculpa...

- O que está acontecendo? - Deixou os talheres de lado.

- Se eu te contar você vai me chamar de louca...- Sussurrei.

- Lunna, o que você disse?

- Nada! Não está acontecendo nada. - Levantei e peguei minha mochila na cadeira ao lado. - Vamos, não podemos nos atrasar.

- A gente podia se atrasar só uma vez. - Resmungou vindo atrás de mim. - Sério! Por que você tem que ser tão certinha?

- Não sou certinha...só responsável.

Atravessamos o colégio até chegar em uma pequena sala de reuniões no final do corredor. A sala era predominantemente preta com detalhes prata, não era o que eu esperava. Tinham poltronas espalhadas estrategicamente por toda sala, arranjos de flores prateadas e quadros de pinturas cubistas.

Ah! Uma máquina de café expresso é uma mesa com biscoitos recheados.

- Essa galera sabe fazer mesmo uma reunião. - Assoviou Ícaro.

- Na verdade essa sala é mais para encontros jovens, quando a instituição quer que se conheçam. - Uma voz feminina veio de encontro com a gente. - Oi meu nome é Laureen. - Estendeu a mão para mim.

- O meu é Lunna.

- Ícaro! Não que você tenha perguntado.

- Realmente, pessoas como você eu não faço questão de conhecer.

- Como assim "pessoas como eu"?

Segurei o casaco do meu amigo.

- Porque será que chamaram a gente aqui? - Tentei quebrar o clima.

- Pessoas não cultas! - Não deu certo. - Arrogantes!

- Quem é você para me julgar? Nunca me viu.

- Não preciso. - Cruzou os braços. - Só o seu jeito me diz que é problema.

- Hora sua...

- Espero que eu não tenha chegado atrasada. - Uma garota de lindos cabelos loiros entrou na sala evitando que a terceira guerra mundial eclodisse. - Ah você é a garota que eu atropelei. - Gritou e me abraçou. - Desculpa pelo outro dia, minha amiga é uma idiota.

- Tá tudo bem. - Dei um meio sorriso.

- Então...por que chamaram a gente aqui?

- É o que estamos tentando descobrir. A propósito, talvez a dona sabichona aqui deve saber.

Essa não, vai começar tudo de novo.

- Eu não sou sabichona! E eu não sei porque nos chamaram aqui.

- O clima tá tenso entre esses dois. - Maya sussurrou pra mim.

A porta se abriu e revelou uma mulher jovem vestida com um elegantíssimo vestido cor vinho e saltos pretos.

- Boa tarde a todos. Desculpa a demora, mas os deverem de uma diretora nunca acabam. - Ela riu sozinha. - Me chamo Hadassa Scott, reuni você aqui porque os cinco foram os ganhadores da bolsa integral do campus.

- Então você só reuniu a gente aqui para nos parabenizar? - Ícaro a interrompeu.

- Como você é educado, Ícaro! - Laureen grunhiu. - Não liga pra ele diretora, li em um livro que o cérebro dos garotos é subdesenvolvido.

- Vou acabar com ela.

- Se controla.

- Bom, parabenizar é exatamente o que eu vim fazer e convida-los para um jantar hoje à noite.

- Que prestígio! - Maya se animou. - Aonde vamos jantar? - Todos olharam para ela. - Que? Eu preciso saber para usar a roupa certa.

- Não precisa se preocupar, vai ser um jantar não formal. Bom me despeço aqui. Nos encontramos mais tarde.

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