§ Cap. 2 Primeiro dia de desventuras §

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A vida é para quem topa qualquer parada.

Não para quem para em qualquer topada.

~ Bob Marley


O espelho poderia se rachar de tanto que eu me encarava analisando e reanalisando o uniforme do colégio. A saia rosa pálida com pregas e estampa listrada cinza estava um pouco a acima do meio das minhas coxas, embora estivesse usando meias ¾ que chegavam até os meus joelhos, me deixava desconfortável tinha a sensação que tinha pele de mais a mostra. A blusa branca engomada com a gravata rosa pálida me sufocava e para completar tinha que usar um blazer azul meia noite com o símbolo dos peixes azul Royal no bolso direito. E para completar tinha que me equilibrar em um tipo de bota cano baixo preta com um salto meio grosso.

- Lunna você vai acabar se atrasando para o seu... – Minha mãe parou de falar para encarar sua filha. – Você está linda. – Sua voz estava carregada de emoção.

- Me sinto seminua. – Fiz uma careta.

- Você vai se acostumar, agora vai antes que se atrase.

- Até mais tarde mãe e me deseje sorte. – Abri a porta e agarrei a mochila.

- Você não precisa de sorte, é uma grande aluna.

- Há não para as aulas, sorte para eu não cair em público com esses saltos.

Cambaleei pelo corredor até chegar com sucesso até o meu novo armário para colocar e pegar os livros que ia precisar naquele primeiro dia de aula.

- Bu! – Tive um sobressalto e perdi o equilíbrio, por sorte o dono da voz me segurou pela cintura me impedindo de ir de encontro com o chão.

- Você tem que parar de querer me ver estatelada no chão!

- Pelo menos dessa vez eu te segurei. – Icaro sorriu vitorioso.

- Sim. – Me afastei dele e não consegui me segurar ao ver vestido de qualquer jeito em um terno azul meia noite com o símbolo do colégio.

- O que foi?

- Você ficou muito engraçado vestido assim. – Falei tentando recuperar o folego. – E eu pensando que eu estava mal.

- Muito engraçada. – Ironizou. – Você já pegou os horários?

- Sim, minha primeira aula é de Biologia com o professor Roberto.

- A minha também, então vamos juntos?

- Claro. – Fechou a porta de ferro. – Vamos.

As aulas que se passaram podiam ser resumidas em apresentações de professores e alunos novos. Como sempre, eu me encolhia na frente das pessoas que me olhavam de maneira superior, principalmente quando os professores me pediam para falar à frente da classe.

Icaro, por outro lado, parecia acostumado com tanta atenção e revidava os olhares esnobes de maneira fria e sem nenhum interesse de sua parte.

No final da aula caminhamos juntos de volta aos dormitórios, estava determinada a não perguntar nada, mas a minha curiosidade falou mais alto.

- Como faz isso?

- Isso o quê?

- Ter tanto controle na frente de todos.

- Quando eu era criança meu pai me levava para reuniões de negócios e me fazia falar na frente de muitas pessoas. – Riu com desgosto. – Dizia que era para me preparar para quando eu fosse assumir a empresa.

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