Bem ali, olhando nos olhos de Tom, por uma fração de segundos, me esqueci do quão era assustador estar naquele lugar novamente. O clima, o cheiro as pessoas com sorrisos largos dando bom dia a estranhos... tudo me lembrava aquele dia. O dia que ...
- Você está bem? - Tom pergunta me trazendo de volta a realidade.
- Sim, só em dúvida do que pedir - digo encarando o cardápio em minhas mãos.
- Sei como é, tem muita coisa boa aqui - ele diz sorrindo. Era tão fácil assim arrancar um sorriso dele? Porquê se fosse, meu coração teria que se acostumar com isso imediatamente.
Pedi chá e uns pãezinhos amanteigados, Tom pede apenas um café gelado.
- Então...- começo - obrigada por ter aceitado nos trazer até aqui. Temo que se não tivesse, Christian surtaria - se Kris estivesse aqui, estaria orgulhosa com meu progresso em conversação com Tom.
- Afinal, o que ele quer fazer aqui?
- Não faço idéia.
- Mais de qualquer forma, eu acabaria trazendo vocês de qualquer forma, eu querendo ou não, Christian não ia desistir.
- Seja lá o que ele veio fazer aqui. É muito importante para ele - digo pensando nos milhões de motivos de ele insistir tanto para ir a aquele lugar, enquanto eu só queria fugir dali. Mas não conheço Christian bem o suficiente para afirmar com toda a certeza o que o levara até lá.
- Ele tem uma lábia muito boa - um sorriso malicioso começa a se abrir em seu rosto, mais logo é ocultado por um gole de seu café.
- Sério? O que ele te disse? -
- Que tinha uma gatinha vindo com ele, que se eu topasse, poderia ficar com ela - cuspo todo o meu chá. Tom se assusta. Ao vê meu constrangimento, ele abafa as risadas com a mão.
- O chá estava quente - envergonhada, limpo a boca. A garçonete que estava próxima sorri enquanto dizia para eu tomar cuidado - Não acredito que ele disse isso - tenho quase certeza de que estou corada.
- Pelo menos ele disse a verdade - arregalo os olhos, dou outro gole no chá e finjo que nem escutei tal declaração.
Pensando bem, talvez Kris não ficasse tão orgulhosa assim de mim.
***** ***** *****
Já fazia bastante tempo em que esperávamos a volta de Christian. Tom olhava no relógio e parecia impaciente.
- Onde será que ele se meteu? - pergunto me sentando pela milésima vez na calçada.
- O pior é que ele nem se quer deu uma pista de onde estava.
- Que tal a gente dá uma volta por aí? - sugiro - Eu já morei aqui por um tempo, conheço umas pessoas e uns lugares também. Afinal, a cidade não é muito grande, vai ser tão difícil encontra-lo.
- Ele pode voltar, e se não estivermos aqui? - Tom cruza os braços e olha para o chão, mais logo ergue a cabeça ao ter uma idéia - Me dá o seu celular - sem hesitar o tiro do bolço e coloco em sua mão.
- O que vai fazer? - pergunto.
- Como você conhece a cidade você deveria ir atrás dele e busca-lo. Eu fico aqui caso ele volte. Salvei meu número no seu celular,quando encontra-lo me liga que eu vou buscar vocês.
- E se ele voltar antes de mim?
- Vou salvar seu número também. Por precaução .
Sei que a idéia de andar por aí foi minha, mais me assusto com a idéia de despertar minhas memórias nesta cidade. Mas Christian estava por aí fazendo sabe se lá o quê. E eu não podia laga-lo para trás.
***** ***** *****
Fazia um tempo em que eu andava. Fui ao açougue do Bem, a padaria da Lu e vários outros lugares que eu conhecia. Ninguém viu um rapaz com as características de Christian. Mas todos faziam perguntas difíceis de responder, como : " Como vai a sua mãe?" . Me esquivava ao máximo de todas aquelas perguntas. Mais era bom revê todas aquelas pessoas.
Andei por todas as ruas da cidade, olhando nos comercios e perguntando as pessoas que passavam nas ruas, nada.
Ao passar em frente ao pequeno cinema comunitário eu paralizo. Minhas memórias daquele lugar ainda estavam bem frescas em minha mente.
Quando eu era criança, eu tinha um melhor amigo seu nome era Frédéric. Éramos inseparáveis, sempre íamos naquele cinema, tomávamos sorvete e brincávamos até tarde no lago. Eu só me sentia completa na companhia dele. Éramos bons amigos.
Minha família o adotou como filho. Frédéric passava mais tempo em minha casa do que na sua própria. O que é aceitável já que os pais Frédéric eram bem diferente dos meus.
Uma vez era tarde da noite, Frédéric foi até a minha casa sozinho e escalou até meu quarto. Levei um susto ao vê que alguem me observava enquanto eu dormia. Eu liguei a luz rapidamente e logo me acalmei ao vê que era ele. Antes de lhe dá um bronca ou questiona-lo o porquê estava ali, vi que sua camisa, que um dia ja foi branca estava vermelha, repleta de sangue.
- Ai meu Deus - pulei da cama - O que aconteceu com você? - ele não disse nada, apenas me encarava com os olhos molhados e os lábios rochos de tanto frio. Estava apenas com roupas leves de dormir, e fazia um frio imenso lá fora.
Vou até ele e levanto vagarosamente sua blusa, a maior parte do sangue vinham das costas, apenas poucos ferimentos na frente. Alguém parecia ter açoita-lo com um chicote ou algo padecido.
- Seu pai fez isso com você? - pergunto, mas nenhuma resposta saía dos lábios trêmulos de Frédéric - Ele bebeu de novo? - sem resposta - Vou chamar a mamãe, ela vai nos ajudar ela é enfermeira - Frédéric segura minha mão e pela primeira vez ouza se pronunciar.
- Não.
- Mais não posso fazer isso sozinha Frédéric. Você precisa de ajuda.
- Não. Ele vai me matar se souber que eu contei - seu olhar estava repleto de lágrimas e pânico, não duvidava de suas palavras, seu pai era capaz de tudo.
Estava tanto tempo, ali parada encarando aquele cinema e revivendo minhas histórias do passado, que deixo de notar que estou no meio da rua. Um carro buzina chamando minha atenção e me arrancando de minhas lembranças. Mais era tarde de mais, ele me joga para o outro lado da pista e não vejo mais nada além da escuridão.
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Amor A Segunda Vista
RomanceEva, uma garota cumum, é apaixonada por Tom desde a quinta série, ele porém, nem se quer se lembra de ter estudado com ela na quinta série. Mais não se engane, essa não é aquelas histórias de a nerd e o popular, isso não tem nada a ver com quem se...