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O cenário era o mesmo

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O cenário era o mesmo.

Taehyung coçou as pálpebras sonolentas e sentou-se na cama. Olhou ao redor. As mesmas paredes cinzentas, os livros que nunca leu nas estantes, as roupas sujas no chão, os copos vazios na mesa de cabeceira. Como qualquer outro dia.

Mas havia uma voz. Baixa, discreta, mas com certeza real. Ecoando de um dos cômodos, atravessando os corredores e invadindo o quarto — a voz de um homem. Um homem dentro de sua casa. Um homem cujo nome nem sabia, e ele cantava!

Devia ser assustador, tinha certeza. Devia ser aterrorizante a ideia de que um completo estranho estava ali, dentro de seu apartamento. Devia ser pavorosa a realização de que aquele cara não tinha ido embora. Aquela voz, melódica e suave, devia causar medo. Mas Taehyung sentia alívio.

Não estava sozinho.

Sentiu uma ardência aguda na sobrancelha e fez uma careta de dor. As memórias da noite anterior voltaram, aos poucos, e Taehyung sentiu a cabeça pesar. Tocou o próprio corpo, sabendo que algo precisava estar errado. Pois foi vívido demais para ser só um pesadelo, e aquela voz confirmava a realidade louca da noite anterior. Afastou os cobertores e se levantou, surpreso por suas pernas funcionarem. Esperava nem conseguir ficar de pé, mas seu corpo parecia saudável. Na verdade, sentia-se até melhor que nos últimos dias.

Merda, a noite anterior não podia ser só uma enorme badtrip, uma ilusão causada pelo ecstasy, podia? Era impossível! Tinha clareza demais em suas memórias – Alexia, a dívida, a surra.

Não fazia sentido. Taehyung se lembrava, ia morrer. Seu corpo sem vida seria encontrado numa vala qualquer, exatamente como Park Bogum. Como se enfim o destino decidisse voltar para cobrar a vítima merecida.

Mas estava em casa. Vivo e, por algum milagre, inteiro. E a voz continuava a cantar, uma melodia desconhecida, num idioma estrangeiro. Uma voz doce e comovente, como Taehyung nunca havia ouvido antes.

Teve certeza que era a voz de um anjo.

Apressou-se a sair do quarto e atravessou o pequeno apartamento, em silêncio, buscando a fonte da música. Se aproximou quase na ponta dos pés, como se um movimento brusco fosse fazê-lo desaparecer. Ao chegar na cozinha, o viu. De costas, com os braços apoiados no balcão de granito da área de serviço, olhando pela janela. Do lado de fora, o sol começava a se pôr.

Taehyung ficou absorto na cena, na melodia, e nada disse. Não sentia medo, mas um estranho fascínio por aquela figura, uma atração inexplicável por sua voz. E antes que pudesse anunciar sua presença, o garoto parou de cantar e se virou. Não ficou surpreso ao vê-lo. Sua expressão era tranquila, como se já soubesse que estava sendo observado.

— Você acordou. – ele disse, e abriu um sorriso ameno.

Oh, nossa! Taehyung abriu a boca, mas não produziu nenhum som, e ficou assim: boquiaberto e mudo. Na noite anterior pensou que devia ser o efeito do ecstasy, uma droga sempre muito gentil com a aparência das pessoas. Contudo, aquele garoto parecia ainda mais bonito agora, se possível.

Empíreo | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora