3. Nice to meet you

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O papel estava nas minhas mãos já faziam algumas horas. O papel que me atormentava por semanas. Aquele mesmo onde eu escrevi e reescrevi milhares de vezes as perguntas daquela entrevista.

Se tornaram incontáveis os momentos que eu tive vontade de amassar e rasgar aquela folha. Largar mão de tudo e gritar. Não que eu não tenha gritado com a cara no travesseiro, mas eu realmente quis explodir algumas vezes. 

Nada parecia bom o suficiente. 
Nada estava ficando como eu gostaria. 

Devo confessar, que chegar ao resultado mais "difícil e desafiador" que eu poderia oferecer, acabou me custando longos e cansativos dias. E, agora ele está aqui, nas minhas mãos, há algumas lentas horas.

Eu e Bob estamos sentados em uma sala de espera com outras pessoas como nós. Há alguns sofás e uma mesa com água e café. Os outros que estão aqui pela mesma razão, concentram sua atenção em seus celulares ou em conversas paralelas. Todos ansiando e esperando para ter um momento exclusivo com a estrela. 

Bob era a pessoa da Editora que ficava responsável por acompanhar os jornalistas nas entrevistas, e hoje era minha vez de ter a honra de sua companhia. Então, aqui estamos, sentados e esperando. 

Meu estômago dói, talvez seja fome pela ausência de café da manhã. Porém, meu corpo está tenso, minhas juntas parecem duras, como as de uma porta que precisa de óleo lubrificante nas dobradiças quando está rangendo. Estou apreensiva, pensando em como será, em como devo agir quando estiver lá ou se preciso de uma aula de como me comportar antes. Devo confessar, estou nervosa. 

Involuntariamente, começo a bater o pé no chão em uma tentativa falha de desconcentrar a tensão. E geralmente, quando as pessoas a minha volta começam com esse tipo de comportamento eu acabo me incomodando, mas hoje eu não pude controlar o 'tique' nos pés. 

Percebo que Bob encara meus movimentos com um olhar de canto. Ele estava tão acostumado com essas situações, será que vai mesmo me julgar por estar nervosa?

— Nós somos os próximos, fica calma. - O homem de pele escura murmura, checando o próprio relógio.

— Bob, eu nunca fiz uma entrevista assim antes, eu tô com a sensação que vai dar tudo errado. - Sussurro sem olhar pra ele. - E se o Tom… 

— Vai dar certo, o garoto é uma simpatia. A assessoria dele é um pouco rígida meio chatinha, mas ele é muito legal. Só não pergunta quanto ele recebe e vai ficar tudo bem. 

— Defina rígida e chatinha, por favor. - Arregalo os olhos e viro meu rosto pra ele em um movimento instantâneo mas antes que Bob possa me responder, uma mulher loira adentra a saleta onde estamos e atraí a atenção de todos. 

— C.S.H, é sua vez. - Ela anuncia e me faz engolir em seco.

Ficamos em pé depressa e Bob apoia a mão das minhas costas me incentivando a ir mais rápido. Tento ignorar minhas inseguranças e guardá-las no fundo do consciente. 

Nós acompanhamos a mulher por um corredor imenso e cheio de portas, até pararmos na frente de uma delas que possuí uma plaquinha com o nome "Tom Holland". A loira segura e vira a maçaneta, abrindo a porta e me dando a visão de um quase estúdio. 

Percorro o ambiente inteiro com os olhos rapidamente no momento em que coloquei os pés na sala. Há câmeras, um cenário com o poster do filme, cadeiras para o entrevistado e entrevistador, uma equipe de meia dúzia de pessoas e… Ele. 

Tom Holland 

Ou Thomas Stanley Holland, de acordo com as minhas pesquisas.

A pouquíssimos metros de distância de mim está o cara que milhões de pessoas dariam qualquer quantia para respirar o mesmo ar. 

I promise | Tom Holland | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora