4. All I'm not

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09:18 am

Já estava de olhos abertos, mas ainda deitada e absolutamente acordada. 

09:19 am 

Os olhos ansiosos fixados aos ponteiros do relógio na cômoda, esperando que eles se movam mais um pouco para a direita, até alcançar a hora exata de despertar. 

09:20 am

A música estridente e irritante inicia seu toque maçante. O despertador faz seu trabalho como em todos os dias mesmo hoje não sendo necessário, pois, eu já estava desperta durante os 30 minutos anteriores. 

Não consigo dizer ao certo o motivo da minha falta de sono. 

Pode ser o fato do meu corpo estar acostumado a acordar muito mais cedo que isso, o que é bem provável. E como hoje eu não precisaria ir até a editora, acabei ganhando essas horas extras na cama. 

Talvez seja a medicação, que potencializa a resposta do cérebro aos estímulos, deixando o corpo mais ativo ou acelerado.
Ou pode ser apenas insônia, um possível efeito colateral da minha boa e velha depressão.

E pode até ser mesmo a ansiedade.

A ansiedade em seu sentido bom, dessa vez. 

Essa inquietação no meu peito que me faz querer levantar e ir correndo até… Até o photoshoot. 

Se Holland fizesse o que faz de melhor, as fotos seriam impecáveis. Assim como a entrevista foi, apesar de meus deslizes - que  acabaram por tornar tudo mais interessante. 

Analisando as opções dessa forma, posso definir que o motivo de meus olhos terem se arregalado tão cedo seja, provavelmente, uma combinação de todas. 

Em vista disso, me apresso logo que a música odiosa do relógio cessa. 

Posso ouvir dezenas de barulhos e vozes pela casa, mesmo com a porta fechada, durante os 20 minutos que eu levo para me arrumar, ouço quase tudo que os outros fazem. 

Escuto o barulho do salto fino de Cecília batendo contra piso e também sua voz ao telefone. Os tênis de borracha de Peter correndo no primeiro andar, e a música do desenho favorito de Ana sendo entoada em sua voz e preenchendo a casa. 

Percebo que não foi apenas eu quem acordou ansiosa. 

Termino de calçar o par de coturnos em meus pés e alcanço a bolsa na cadeira, em direção a porta passo pela frente do espelho, mas tento ao máximo ignorar minha imagem. 

Não consigo lidar com ela da melhor maneira, por isso prefiro evitar olhá-la demais. 

Logo quando piso no andar debaixo, um furacão de 9 anos com lacinhos no cabelo quase me derruba, mas recùo dois passos e a deixo passar correndo para mesa do café. Ana estava a milhão, mas não posso julgá-la, hoje ela teria sua primeira excursão escolar. 

— Bom dia, Rosaline. Venha, seu mingau está esfriando. - Mamãe diz afastando o telefone da orelha. 

Mingau

Meu Deus, eu não suporto mingau. 

Peter que já está sentado comendo uma torrada, me olha esperando a resposta que ele sabia que eu daria. 

— Mãe, você sabia que eu tenho dentes?! Não precisa me fazer comer sempre sopa, ou mingau. Eu tenho a capacidade de comer como eles. Isso não vai me matar.

— Pare de sempre reclamar da sua dieta, senta e come seu prato. 

Me aproximo mais da mesa e encaro a tigela, com a pasta branca me aguardando. Sinto meu estômago revirar, e eu concluo que não consigo comer aquilo. Cecília volta a sua ligação e agora o único que tem minha atenção é Pete. 

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⏰ Última atualização: Jul 05, 2020 ⏰

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I promise | Tom Holland | HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora