(6) Separation.

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   Jeon Jungkook

Após voltarmos para nossa casa especialmente felizes, me jogo no sofá e Jimin se senta ao meu lado, encostando a cabeça em meu ombro e sorrindo de uma maneira confortável. Passo meus dedos pelo seu lindo cabelo e sinto a maciez de seus fios passando pelo meu indicador, tendo leves arrepios com aquilo. Iria continuar, porém o telefone do mesmo tocou e o fez se retirar dali. Não sabia quem era ou o que poderia querer com ele, mas somente achei estranho que ele nunca atendia telefonemas, a não ser que fosse de alguém que ele tivesse salvo em sua lista de contatos, pessoas essas que só ligavam quando uma tragédia poderia ter acontecido. Seus parentes eram totalmente exagerados quando se tratava de dar notícias ou apenas contar coisas simples, pois eles aumentavam a história numa proporção gigantesca e inacreditável. Momentos depois, o menor volta com lágrimas em seu rosto, demonstrando preocupação e tristeza.

— Jeon... — Me chama, cabisbaixo.— Meu pais, eles... Não estão nada bem.

— O que aconteceu, pequeno? — Me levanto e vou até ele, abraçando-o.

— Ocorreu um incêndio na casa deles e os médicos disseram que as chances de ele sair vivo dali são quase zero. Eu queria ver ele caso acontecesse algo, mas eu preciso ir sozinho, porque eles não autorizam ninguém que não seja muito próximo da pessoa a entrar, é um hospital bem rígido com regras. Minha mãe disse que é melhor você não ir também porque ele está com uma cara péssima, literalmente. Seu corpo foi queimado demais e ele mal respira direito, mas ainda consegue ouvir e entender alguma coisa, pelo menos eu espero.— As lágrimas em seu rosto se assemelhavam a uma cachoeira de tantas que caíam.  — Minha mãe foi apenas queimada parcialmente, ainda bem. Mas o meu pai não teve a mesma sorte...

— A-ah, Ji. — Conseguia sentir sua dor em seu olhar, parecia que seu coração estava literalmente quebrado. — Tudo bem, você pode ir. Você sabe muito bem que eu não te proíbo de nada, mas tome muito cuidado ao dirigir, pois você não tá' bem. Vá devagar, sério. Eu te amo muito.

— Também te amo. Muito. Obrigado por ser tão compreensivo e incrível pra' mim. — Um sorriso fraco é lançado e ele sela nossos lábios antes de pegar suas coisas e sair. Ele não queria se arrumar, acho que estava com medo que fosse tarde demais para isso. Não o julgo, também não me arrumaria.

Não consigo imaginar como deve estar sendo para ele agora, com o seu pai praticamente sem vida em um leito de hospital, sem chances de viver. Ele deve estar arrasado, mas sei que ele é forte e vai conseguir passar por tudo isso. Passamos por muita coisa juntos e eu espero que possamos passar por mais essa. Ele é realmente especial para mim e ver ele chorando é uma das coisas que eu mais odeio e abomino nessa vida. Situações delicadas são essas que a vida traz... Só desejo que ele não demore muito para voltar para casa, afinal, eu também sinto a falta dele. Ele me faz bem, um bem tão grande que eu mal posso explicar. Mas não vou ser egoísta em pensar que eu sou mais importante que os seus pais. Definitivamente, não. Se acalme Jeon, ele volta logo.

                             Park Jimin

As pesadas lágrimas que eu soltava enquanto pegava naquele volante e o girava não eram poucas e até embaçavam minha visão as vezes. Precisava tentar me manter controlado ou algo pior poderia acontecer, e dessa vez seria comigo. Parei num semáforo vermelho, esperando que ficasse verde e, enquanto não ficava, enxugava meu rosto, tentando secá-lo. Quando acabei, vi que já podia ir e então segui meu caminho, porém aconteceu algo que eu nunca esperava que fosse acontecer: um carro estava vindo em alta velocidade e, em poucos segundos, atravessou o sinal vermelho e bateu na lateral de meu carro com toda a força. Senti meu mundo girar e a minha vista começar a ficar escura, então a última coisa que fiz foi encostar minha cabeça no airbag (que já estava aberto) e sentir a escuridão tomar conta do mundo ao meu redor.

                      Jeon Jungkook

Quando estava procurando algo para comer, meu telefone toca dessa vez. Achei estranho, era raro que alguém me ligasse, mas fui atender. Uma voz grossa do outro lado da linha me disse coisas difíceis de entender no primeiro momento, porém comecei a processar tudo depois de leves segundos.

— Você é o namorado de Park Jimin? — Pergunta e eu, confuso, concordo. — Sentimos muito em te avisar, mas ele sofreu um acidente de carro. Um homem ultrapassou o sinal vermelho e colidiu contra a sua porta contrária, a do passageiro. Ele está desacordado, porém continua bem e respirando. Tem altas chances de que ele acorde em breve, porém terá que ficar aqui por enquanto para sabermos se não ocorreu nada com ele.

Meu coração começa a bater muito mais forte e minha ansiedade começa a atacar. Eu sei que ele estava bem, porém estava machucado também. Não conseguia respirar direito, então apenas larguei o telefone de lado e desliguei a ligação, pegando um copo d'água, apesar de estar andando em ziguezague, praticamente. Minhas mãos tremiam demais e eu não conseguia segurar o recipiente direito, acabando por derrubá-lo no chão. Eu sabia que deveria ter ido com ele... Porém o acidente aconteceria da mesma forma, indo ou não. Não sei se tenho coragem de ir visitá-lo, pois ficaria desesperado se visse ele ali, entre a vida e a morte, inconsciente e sem poder me ouvir, mas eu iria tentar. Então, antes que pudesse ter mais um surto, fui até o meu quarto e troquei de roupa, chamando um táxi e pedi para que me levasse até onde ele estava. Olhava para os lados constantemente, nervoso e com gotas de suor em meu rosto, que caíam e eu só sabia me preocupar com aquilo. O motorista percebeu que eu estava inquieto e tentou ir mais rápido, porém não ocorreu com sucesso, porque haviam muitos carros ali e o tráfego estava gigantesco naquelas ruas especialmente hoje.

Comecei a morder minhas unhas enquanto esperava, até que finalmente chegamos. Desci do carro completamente eufórico, sem esperar muito e fui até uma das enfermeiras, que me atendeu e pediu certos dados para que eu pudesse visitar meu amor. Após isso, fui rapidamente até o quarto onde ela me falara que o mesmo estaria e entrei, vendo o seu estado. Seu rosto estava machucado e seus braços estavam um pouco ralados. Tinha vontade de o beijar, porém poderia passar algo para ele, alguma bactéria e isso só poderia piorar o sistema imunológico dele, que já não estava dos melhores.

— Bem, eu não sei se você vai me ouvir ou me entender, mas eu vim aqui só para te ver. Eu não queria, mas vim. Você sabe o quanto eu te amo, não é? Sabe o quanto eu quero que acorde e não queria ver você assim. Eu te amo muito, Jimin-ssi. — Digo e saio dali por motivos de não estar mais aguentando ver ele assim. Me mantenho na sala de espera, sentado. Observando a paisagem, até que vejo que estava tarde e resolvo ir para casa. Jimin precisa se recuperar, apesar de eu não aceitar que tudo isso está realmente acontecendo.

Eu esperarei quanto tempo for preciso até que ele acorde.

                          Narrador
                               
                               
                     3 meses depois...

Os médicos estavam perdendo as esperanças, Jimin não acordava mais e apenas estava em coma profundo. Jeon se preocupava com a situação de seu namorado, pois a mãe de seu amado já estava pensando em desligar todos os aparelhos e desistir de tentar mantê-lo em coma por muito tempo, já que já se sentia mal pela morte de seu marido também, que iria fazer pouco tempo que partira. Até o dia em que o mesmo resolve acordar. Os médicos estavam surpresos, pois não esperavam aquilo, não naquele momento.

— Gguk...? — Abrindo seus pequenos olhos, ele chama a pessoa que mais importava para ele.

Ele apenas chamou pelo nome de seu amado, aquela mesma pessoa que transformou o seu luar na melhor noite que ele já teve. Era significativo, ainda mais se vermos pela perspectiva de que ele vem sonhado com o momento em que acordaria há três meses e agora, ele quisesse recuperar o que perdeu, mesmo que não seja muito. Perdeu o seu pai, porém ganhou mais amor de sua cara metade, que compensaria a fenda feita.

"As promessas que são feitas debaixo da luz da Lua são aquelas que mais duram, ou até podem ser eternas."

— Fim.

moonlight || pjm+ jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora