O que o tempo significava afinal? O que nos certificava na nossa ingenuidade o que aconteceria com nossas amizades, nossos relacionamentos, família, durante todo esse tempo? Achávamos mesmo que o tempo não iria muda-los? Que permaceriam intocáveis ali, como um troféu atrás de um vidro. No final, a vida é feita de imprevistos. Não sabemos o que pode ou não acontecer.
E era por isso que Tzuyu estava ali, de pé na porta de Sana. Porque podemos não saber o que o tempo vai fazer, mas sabemos que existem aqueles que são mais afetados por ele.
A taiwanesa estava parada a uns 5 minutos, encarando o tapete da família Minatozaki que dizia "bem vindo!". Não é como se ela não tivesse passado por aquela porta umas 100 vezes. Mas passar mais uma e ter que questionar Sana sobre coisas que ela mesma também preferia não falar sobre, era torturante.
Ao finalmente tocar a campainha, Tzuyu engoliu tudo o que sentia novamente. Ela não fazia ideia do que falar para Sana, mas sabia que o que quer que fosse sair dali, ia decidir como a amizade de Mina e a outra garota iria ficar.
...
- Posso te fazer uma pergunta? - Mina estava deitada em sua cama.
Chaeyoung, do outro lado do quarto, apenas concordou.
Mina hesitou por um minuto. Ela sentia como se qualquer coisa relacionada ao dia do acidente houvesse ficado como um grande borrão em sua cabeça. Talvez ela tivesse se obrigado a fazer isso, pois pensar em Chaeyoung sem vida em um monte de aço deformado embrulhava seu estômago.
- Você sentiu alguma dor? Na hora em que... O carro bateu?
Chaeyoung parou de folhear os mangás de Mina. Ela sentiu seus dedos simplesmente ficarem imóveis.
- Por que está perguntando isso?
- Preciso ficar em paz com a ideia de que você não sofreu naquele dia. Preciso muito.
Chae sentiu o pesar na voz de Mina, apesar de seus olhos não expressarem quase nada. Ela se esforçou para lembrar, pois a japonesa parecia desejar a resposta.
Ela se forçou a voltar aquela noite. Do minuto em que se despediu de Mina, até o minuto em que ria com Sana dentro do carro, talvez por algum motivo idiota já que Sana sempre fazia graça de alguma coisa. Quando sua risada se transformou em um repetir desesperado do nome de Sana, que estava inconsciente no banco do motorista, com a testa ensanguentada, e o braço em um ângulo estranho.
- Chae?
Chaeyoung piscou, direcionando sua cabeça em direção a voz de Mina.
- Você tá bem?
- Eu... Eu tô sim. Não consigo me lembrar muito bem. Mas acho que não. Como eu disse, tudo aconteceu muito rápido. - Ela sorriu fraco para Mina, em uma tentativa de conforta-la ou algo do tipo, não que fosse fazer tanta diferença.
O que funcionou, pois Mina parecia satisfeita com a resposta.
- Não precisa ficar se remoendo com isso. - Chaeyoung completou.
A dor de Chaeyoung, na verdade, durou quase 5 minutos suficientes para ela se perguntar naquele carro amassado no meio do nada, o que ela tinha feito de tão mal para merecer aquilo.
...
- Por que você não está aparecendo na escola? - Tzuyu perguntou. Ela estava sentada na beirada da cama de Sana, enquanto a mesma jogava alguma coisa de tiro no seu videogame. Ela estava sentada no chão do quarto. O controle em sua mão e sua expressão vazia deixava em evidência que ela havia passado dias naquilo. Tzuyu já havia visto a japonesa assim antes.
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Ghost in the Wind; Michaeng
FanfictionJá faziam 2 anos desde a morte do amor, e melhor amiga de Mina, Chaeyoung. Em seu aniversário de morte, Mina é surpreendida com a presença da menina em sua casa, só que dessa vez como um fantasma. NIX corporation©