Avenida 110.

tempo passa, saca? [EXTRA]

tempo passa, saca?

chuva que leva palavras do passado aos córregos do esquecimento,
que lava a alma e filtra o sentimento,
que não era retocado a muito tempo,
fez de mim, hoje, dependente de aparelhos,
viver em leitos desde os últimos feitos.

lembrar das falas e dos jeitos,
é um caminho sem volta
em direção ao inferno,
direto e sem direito.

chuva que parte no meio toda a história,
me faz lembrar do orelhão que faz parte da história,
como figurante,
vira protagonista em instantes,
sei bem que você lembra muito bem dessas horas.

que a gente prezava pelo seu tênis limpo,
no mundo, eu pouco reparava quando estava contigo,
enroscando o guarda chuva na estreita calçada,
te recitando poemas e palavras enquanto andava.

e em mente tudo que sonhava pra gente,
um cobertor, um chocolate, nós dois juntos e um quarto quente.
pena que fui pouco no presente,
te tive como presente,
te perdi, fiquei ausente.

sente?

como mudou tudo depois daquilo?
tempestades e temporais pós dias tranquilos,
sorrisos,
te transmitia perante a sua presença,
foi foda lidar com tudo sobre a sua ausência.

sei que nada que vai, volta.
nem como foi,
nem diferente,
muito menos escrito bem em linhas tortas.
infelizmente, pouco importa,
todas essas palavras sem procêde,
isso é só mais um pecado
chamado "pensar em você".