30 dias para ser feliz

t r i n t a

Henry Hart

Dois anos.

Dois anos é o tempo que se passou desde o pior dia da minha vida; desde a morte da minha melhor amiga; desde o meu pior pesadelo; desde o dia em que meu coração foi quebrado sem chances de ser concertado.

Tudo dói. Parece que a dor não tem fim. Desde a morte de Charlotte, todo nós mudamos. Piper não grita mais com ninguém, e ela tenta se mostrar forte mas eu ainda escuto seu choro todas as noites.

Jasper foi o que mais mudou fisicamente, ele não é mais o garoto alegre que sempre faz piadas horríveis mas que no final faz todos rirem. Ele se distanciou de todos nós; agora meu amigo está isolado, ele se isolou em seu próprio mundo. Quase todas as noites eu tenho que buscá-lo em algum bar. Ele começou a beber, usar drogas e fumar. Jasper se tornou sua pior versão. Ele e Piper ainda namoram, mas estão prestes a se separar, pois ambos estão quebrados, e ao contrário doque eu pensava eles não conseguiram juntas os cacos um do outro.

Sr.Paige também mudou. Agora ela está mais fechada. Nós ainda mantemos contato. Ela nunca mais entrou no quarto de Charlotte; toda vez que eu vou lá eu também não consigo entrar em seu quarto. É como se o quarto de Charlotte não existisse mais, sua porta está fechada.
Ela conversa comigo e nós evitamos falar em Char, pois nós dois sabemos que se Charlotte voltar a ser o assunto número de nossas conversas, iríamos sofrer mais doque já estamos sofrendo.

E eu? Eu não preciso nem dizer o quão quebrado eu estou. Choro todos os dias; nenhuma mulher me interessa mais, aliás eu não saio mais como antes. Não me alimento mais como antes, não durmo mais como antes e muito menos sorrio como antes. O sorriso não está mais no dia a dia de nenhum de nós.

— Henry, os biscoitos estão prontos. — Sr.Paige avisa gritando da cozinha.

Nesse tempo ela descobriu o dom culinário, e agora está cozinhando na maior parte de seu tempo. Óbvio que eu sempre lhe ajudo quando necessário, porém hoje ela me disse que iria fazer biscoitos sozinha, e como não havia nada para mim fazer, eu resolvi entrar no quarto de Charlotte depois de dois terríveis anos.

Seu quarto continua o mesmo. Tudo está como ela deixou; com o mesmo edredom, com o mesmo tapete, com os mesmos quadros; tudo esta perfeitamente igual a antes de sua partida.

— Venha antes que esfrie, querido. — A mãe de Char grita mais uma vez. Com pressa, me viro e saio rápido, porém acabo esbarrando em sua prateleira de livros e uma caixa cai no chão.

— Merda. — Murmuro.

Pego a caixa e vejo que com a queda ela abriu. Quando vou fechá-la, olho um envelope dentro dela aonde está escrito "Para Henry, Piper, Jasper e minha mãe". Com a curiosidade, acabo pegando o envelope e então ligo para Jasper; quando ele atende percebo que não há barulho de alguma música ou risadas ou conversas, me fazendo descartar a possibilidade dele estar em algum bar novamente.

— Henry? O que você quer? — Pelo seu tom de voz percebo que ele está bravo.

— Encontrei algo que será interessante.

— Pode ser outra hora? Estou ocupado com a sua irmã. — No fundo, escuto Piper gritando "Fale de uma vez para ele que estamos discutindo!" diz gritando.

Meu coração se aperta, me fazendo querer chorar. Já é a terceira briga que eles tem em uma semana; ambos ainda se amam, mas eles estão tão quebrados que não conseguem concertar um ao outro.