Capítulo 5

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Já se passaram dois anos desde o dia em que encontrei uma garotinha dormindo no meu capacho de entrada. Muitas coisas mudaram de lá para cá. Josué se mudou de vez para a minha casa. Eu rompi o contrato com a minha antiga gravadora e comecei a compor músicas novas sem qualquer pressão de trabalho. Não tem faltado inspiração.

— Amor, você viu minha camisa social azul? — a voz de Josué me desperta do transe em que me encontrava.

— Eu passei, tá em cima da cama — digo e sou recompensado com um beijo

— Eu tô tão nervoso que não tô nem conseguindo abotoar.

— Eu te ajudo — digo e ele solta a camisa para que eu possa abotoar. — E você não precisa ficar nervoso. Já passamos por todo o processo... Hoje é dia de comemorar.

— Dá para acreditar que a partir de hoje nossa menina vai estar correndo por essa casa todo dia?

— Parece um sonho... — divaguei. Quando entregamos Raíssa ao conselho tutelar eu tive a sensação de estar perdendo um pedacinho de mim. A casa tem estado vazia e monótona desde então. Levou algum tempo até que a justiça entendesse que os familiares não tinham condições de cuidar da menina e o poder familiar fosse destituído. Josué e eu entramos para o cadastro de adoção logo em seguida e passamos por um longo processo que se estendeu até hoje.

***

— Eu vou morar com vocês para sempre? — Raíssa questionou com os olhos rasos de lágrimas.

— Vai sim! — Josué afirmou tentando esconder que ele também estava bem perto do choro.

A educadora do abrigo me entregou uma mochila com os pertences pessoais de Raíssa e todos os funcionários começaram a se despedir da menina. Assisti a tudo apertando cada vez mais forte contra o peito a pasta onde guardava o documento que nos dava a guarda dela. Quando saímos da instituição, Raíssa fez questão de andar entre mim e Josué segurando a mão de nós dois.

— Que tal um sorvete para comemorar? — Josué propôs ao avistar numa sorveteria.

— Você pisou na linha! — Raíssa riu alto lembrando a nós dois do desafio que ela nos fazia sempre que estávamos caminhando pela rua.

— Tudo bem... — Ele ergueu as mãos em rendição. — Você venceu de novo! O que você vai querer como prêmio dessa fez?

— Você pode me contar uma história antes de dormir hoje... — sugeriu.

— Posso fazer isso pelo resto das nossas vidas! — Josué sorriu e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

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⏰ Última atualização: Jul 03, 2020 ⏰

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