Capítulo 01

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Blásio.

Um mês. Faziam exatos trinta dias desde o momento em que Luna Lovegood havia me ajudado no meio da estrada e depois saído, sem mais nem menos, antes mesmo que eu pudesse responder algo à sua última frase.
Por algum motivo, aquela garota havia me intrigado mais do que imaginava ser possível. Depois do ocorrido na estrada, passei a observá-la com um pouco mais de atenção do que poderia ser considerado normal. Luna era de fato, uma menina única, de personalidade completamente diferente e um estilo próprio. Ela sempre estava com roupas coloridas, calças jeans folgadas nas pernas e presas na cintura por cintos, vestidos de flores ou bichos de estimação… haviam dias que ela vinha com roupas tão desconexas que simplesmente parecia que pegava a primeira que via. E de uma forma estranha, ela continuava adorável em cada uma de suas peças excêntricas que compunham uma moda única. Também tinha algo sobre seus cabelos… Eles nunca estavam soltos, sempre em uma trança lateral, dois rabos de cavalo de cada lado ou um rabo de cavalo alto, com suas pontas coloridas, cada dia com uma cor diferente, intrigando a todos.
Havia algo sobre aquela garota que não era condizente com nada do que os outros diziam sobre ela. Sim, era fato que Luna era diferente. Ela não fazia parte de nenhuma "panelinha" da universidade, tinha um carro dos anos 90, ria alto quando estava com suas amigas, que se limitavam a apenas duas, uma ruiva de cabelos longos e uma morena baixinha de cabelos armados. Ela também andava com várias pulseiras que faziam barulho quando chacoalhava os braços, colares aleatórios de pedras e tinha alguns piercings, no lábio inferior, no nariz e um acima da sobrancelha, no supercílio, que eram discretos, apenas bolinhas brilhantes que enfeitavam o belo rosto. E tinham tatuagens ali. Eram pequenas e diferentes como frases em outro idioma, números em algarismo romano e outras um pouco menos convencionais, como a na parte de trás do seu tríceps: um pequeno cavalo com asas, preto e feito do esqueleto do animal. E ainda assim, era uma coisa tão a cara dela que não parecia feio ou assustador. Apenas diferente. Para completar tudo, ela tinha os olhos mais azuis e vivos que já tinha visto em alguém. E por algum motivo, estava cada dia mais encantado por aquela menina.
Eu não sabia em que ponto exato aquele fascínio havia começado. Quer dizer, no dia em que ela me ajudou, eu pensei um pouco nela, lógico. Ela tinha sido legal em parar o carro para um cara que não conhecia, no meio de uma estrada deserta, consertou o meu carro e além de tudo, não saiu por ali espalhando para a faculdade inteira que havia ajudado o sobrinho do reitor — isso se ela sabia quem eu era — mas o que realmente me intrigou foi quando com muito esforço eu descobri qual era seu armário e coloquei um colar simples em um envelope, passando ele por uma das saídas de ar. Esse era o meu muito obrigado e depois disso, eu esqueceria e seguiria em frente. Só que algumas horas depois, a menina responsável pela rádio da UCN disse pelos alto falantes que Luna havia encontrado o colar de alguém e que havia entregue ao reitor, pedindo para que o dono fosse até lá. Primeira tentativa fracassada.
Eu costumava ser um cara que não gostava de dever nada a ninguém, principalmente se o que eu devia não era algo material. No caso dela, eu devia um agradecimento à altura e um pedido de desculpas também… Então veio a segunda tentativa. Eu já havia visto em sua mochila botons dos Lakers e haveria um jogo dali a alguns dias então comprei dois ingressos — o motivo de serem dois nem eu sabia. Talvez fosse uma leve esperança de que eu a acompanhasse… — dessa vez, coloquei os ingressos no envelope, mas com um curto bilhete: "É o meu pedido de desculpas e também meu agradecimento. Você salvou o dia, literalmente. B. Zabini". Fiquei satisfeito e pensando que agora sim eu seguiria tranquilo… Duas horas mais tarde, quando enfim as aulas terminaram, abri meu armário e o envelope estava ali, junto com os ingressos, meu bilhete e um bilhete novo. "Muito obrigada pela gentileza, Blásio. Porém, vai contra tudo o que eu acredito ganhar prêmios por ter ajudado alguém que precisa. Sua intenção já foi agradecimento o suficiente e estou satisfeita com isso. Luna." e essas pequenas palavras, me impulsionaram a fazer uma coisa totalmente maluca, que poderia ser facilmente catastrófica. 
Estava na secretaria a aproximadamente vinte minutos, com a desculpa de que queria falar com Minerva, uma das secretárias que eu sabia, só chegaria dali há uma hora. Dolores, a velha nojenta que todos odiavam e que ficava na secretaria pela parte da manhã, me lançava olhares furtivos e arrogantes, deixando claro que não suportava o fato de eu estar ali. Eu só precisava de mais dez minutos e sabia que o horário de almoço da mulher chegaria e que ela sairia dali sem nem se importar com o fato de me deixar esperando e foi exatamente o que ela fez. 

Unic - BlunaOnde histórias criam vida. Descubra agora