Nem passamos da porta

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Oi – disse a ele. Já passavam das 9 da noite.

Ele disse que ia passar me dar um "oi" depois do trabalho.

A noite estava ligeiramente fria e uma garoa fina caia. Eu tinha trabalhado em uns novos quadros, tinha algumas manchas de tinta pela saia e pela camisa. Calcei meu all star e fui ao encontro dele. O carro preto estava estacionado no fim da rua. A meia luz do poste deixava tudo com uma aparência levemente sombria.

E ai? – ele me disse, me tomando pela mão e me fazendo entrar no carro. Ele tinha os olhos cansados, vestia uma camiseta branca e macia, os cabelos cacheados ligeiramente molhados da chuva. No fundo ouvi uma música tranquila, ele era o meu passado. Ele tinha pouco pra me dar, mas era tudo que eu precisava.

Tem tinta no teu cabelo. – ele disse achando uma brecha pra me tocar. Do cabelo ele se manteve em meu rosto.

– É, passei a tarde trabalhando em uns quadros novos. – as mãos desciam pro meu pescoço, lentas e firmes. Me fazendo fechar os olhos de prazer. Há dias eu não o via, ele tinha sido muito claro das últimas vezes, sobre não ter tempo pra ser quem eu precisava. Ele era assim ia e vinha quando dava. Eu também não tinha tempo, queria algo rápido e satisfatório. Eu não queria me apegar a alguém e depois quebrar a cara, a última lição tinha sido bem dura.

Estava com saudade da sua pele manchada de tinta. – ele sussurrava se aproximando, o beijo era profundo, molhado, do tipo que me fazia ficar com os lábios doloridos depois.

Ele me beijava com força e com tesão. Abrindo os botões da minha camisa, eu com as mãos embaixo da dele. Seria mais um dia que não passaríamos da porta. Ele massageava meus seios, puxando levemente o piercing do mamilo, me fazendo gemer em sua boca. Ele sabia onde me fazer sentir. As mãos eram ágeis, a boca também. Era sempre assim, cumprimentos simples, uma frase atenciosa e estávamos perdidos um no outro. Ele era o alívio semanal que eu precisava. Subo no colo dele, abrindo o zíper da calça, a essa altura tudo que eu precisava era ele dentro de mim. A saia me facilitava o acesso. Sento nele, os joelhos esfregando no estofado. As mãos apertando minha bunda, a boca sugando meu mamilo, tudo que eu mais amava e ele sabia disso. Deixo ele entrar, sento, sinto o calor dele dentro de mim, grosso e profundo, minhas entranhas deliram de prazer. Naquele momento, nada mais importa. Somos só eu e ele e um mundo silencioso. Ele geme na minha boca, estamos numa guerra de línguas e mãos, o frio foi embora, somos só dois corpos quentes e emaranhados.

– Caralho, você é tão boa. – ele fala entrecortado, puxando meu cabelo e deixando meu pescoço exposto. Ele lambe minha pele, me come com força. Eu amo aquilo, a pegada forte, as mãos firmes pela minha pele. Rebolo mais, mostro pra ele como eu gosto, subo e desço, faço o que sei de melhor. Quero que todos meus demônios vão embora hoje, quero ser minha, quero ser dele.

– Assim, mais forte. – deixo ele conduzir, metendo fundo em mim. Jogo a cabeça pra traz, ele espalha a mão entre meus seios, descendo lentamente, encontra meu ponto fraco, massageia.

– Olha pra mim. – ele pede em tom duro. Eu olho, dou a ele o que pede. Com olhos semi–abertos, vendo ele me chupar, eu não aguento. Eu gozo e sinto ele vir em seguida. E eu rebolo mais enquanto ele vem, eu sei que ele gosta assim. Ele vai parando aos poucos e eu diminuo. Eu sei que nosso tempo acabou. Ele me dá um último beijo entre os seios, ainda dentro de mim. Então, começa a fechar minha blusa, eu estou sonolenta. Ele já aprendeu que fico assim depois de gozar. Há meses fazemos isso. Há meses não passamos da porta deste carro. Então, ele guarda minha camisa dentro da saia, aproveita e me abraça, descansa a cabeça em meu peito. Como se lembrasse que está no mundo real e que isso foi só um alívio momentâneo.

– Foi bom te ver. – ele fala com a cabeça encostada em mim, enquanto ouve meu coração. Somos dois fodidos. Acho que por isso não precisamos dizer muito. Queremos sentir e sentimos e seguimos. É tudo que a gente precisa.

O que será de nós?Where stories live. Discover now