Suave

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A casa está tão silenciosa que me dá um arrepio na pele, a água emerge com força pro chão, molhando meus dedos com pingos muito gelados. Fecho o box e espero, procuro algumas toalhas na parte de baixo do balcão, encosto a porta pra tentar aquecer um pouco o lugar, tiro as roupas, e verifico o calor da água, está boa o suficiente, então, fico nessa brincadeira de molhar o pé vez ou outra. Quando entrei nesse banheiro, assim como me desfiz das roupas, também despi expectativas, não iria alimentar algo que era só de uma noite, ele estava aqui porque eu queria, nós queríamos esse momento a sós, nada mais que isso. Então, eu decidi que iria pensar no hoje, no agora, sem deixar pra depois, sem esperar grandes promessas de um futuro que sabíamos que era tão incerto.

– Posso entrar? – a porta se abre devagar, eu estou à espera dele.

– Vem. – digo.

– Eu já te disse que você fica bem de qualquer jeito? Vestida, sem nada, seca ou molhada? Ele me enlaça pela cintura, dividindo a água quente comigo, ficamos assim por um bom tempo, deixando a água cair, nos braços um do outro, sem dizer nada. Estávamos confortáveis naquela situação, meu cabelo molhado colando no peito dele, as mãos confortáveis na minha cintura começaram a massagear minhas costas, lentas e ritmadas, subiam e desciam, do jeito que ele era perfeito em fazer, ele sabia como me tocar, ele sabia cada ponto que me fazia sentir.

O banho foi silencioso, então, saímos, emprestei um roupão pequeno demais pra ele e vesti um também. Ainda sem dizer nada o puxo pela mão até meu quarto.

– Você vai passar a noite aqui mesmo? – pergunto temendo a resposta.

– Sim, se tiver tudo bem pra você. Eu preciso ir embora logo cedo, mas eu gostaria de ficar.

– Sem problemas.

– Gostei do seu quarto. – ele fala me questionando sobre a decoração, era um quarto grande, bem iluminado, com quadros na parede, livros pelos cantos, fotos e flores.

– O que é isso? – ele me pergunta olhando pra uma caixinha.

– O quê? – o vejo levantar e pegar a caixa azul que tinha um ursinho dentro.

– Isso? – falo rindo. – Lembrança de uma viagem que fiz com uns amigos, tínhamos viajado e visitamos um parque de diversões, um dos caras ganhou esse ursinho em uma barraquinha e deu pra namorada dele, mas ela não quis, então, ele me deu, como achei fofo, acabei guardando.

– Claro, né, você não iria abandonar um pobre ursinho. – ele fala guardando o urso. Continua caminhando pelo quarto, o roupão curto demais praquelas pernas compridas e musculosas, eu gosto de admirar aquela bunda marcada no tecido escuro também, ele observa tudo a volta dele, explorando o lugar, parece que quer entender quem eu sou de verdade.

– E esse poema aqui na parede?

– Nossa, isso é antigo, minha mãe escreveu pra mim há muitos anos, eu acabei encontrando no meio de um livro quando me mudei pra cá, as palavras dela sempre me fizeram muito sentido, por isso, achei que seria legal deixar a minha vista. – ele se demorou um pouco lendo e continuou a explorar.

– Muito bonito, combina com você. – ele se aproxima e deita na cama ao meu lado, estamos atravessando na cama, encostados na parede, um de frente pro outro. A conversa flui tranquila, entre beijos comedidos e carinhos agradáveis.

– Eu esperei muito tempo pra tá aqui com você desse jeito. Lembro quando a gente se conheceu na escola, meu deus, como você era linda, lembra que eu ainda tinha o cabelo comprido?

– Óbvio que eu lembro, só por isso quis ficar com você.

– Mentirosa, você iria se encantar por mim a qualquer momento.

O que será de nós?Where stories live. Discover now