6

62 13 6
                                    

Meu programa de sábado à noite não parecia tão divertido quanto o da sexta aos olhos de qualquer um, mas para mim era uma das minhas coisas favoritas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Meu programa de sábado à noite não parecia tão divertido quanto o da sexta aos olhos de qualquer um, mas para mim era uma das minhas coisas favoritas.

Eu estava numa das exposições de arte que meu pai fazia no Museu de Arte de Cleveland. Normalmente dirigíamos até lá e era sempre a melhor viagem em família. Cantávamos as músicas do rádio, conversávamos e eu sempre voltava para casa feliz demais.

Naquela viagem, contudo, o clima estava um pouco tenso devido ao comparecimento do meu irmão. Não sabia o que estava acontecendo entre os três que ninguém queria me contar, mas sabia que fora o suficiente para deixar a viagem bem mais monótona.

A exposição conseguiu me animar. Sempre era um sonho ver quadros do meu pai pendurados na parede e eu amava pensar que um dia poderiam ser os meus. Só imaginar viver uma vida onde eu não precisasse me esconder todos os dias me arrepiava inteira.

Eu estava observando um dos meus quadros favoritos do meu pai, se chamava "A Mulher em Azul" e era uma pintura da minha mãe. Ele havia feito antes mesmo de eu nascer, mas toda vez que eu via sentia meu coração transbordar de ternura. Alguém parou do meu lado e eu virei para dar um sorriso simpático a pessoa.

Felizmente, conhecia o homem parado ao meu lado e fiquei extremamente feliz ao vê-lo. Era Phil Jenkins, um amigo muito antigo do meu pai e um crítico de arte famoso em Nova Iorque. Apesar de estar mais velho, ganhado mais peso e com a barba branca, eu só conseguia enxerga-lo como o homem que brincava comigo quando era menor. O considerava como se fosse da minha família.

- Tio Phil - o abracei, dando um sorriso. - Não sabia que você vinha!

Ele deu de ombros e abriu um de seus sorrisos carismáticos.

- Eu não perderia a volta do seu pai por nada nesse mundo!

A volta que ele quis dizer significava que meu pai finalmente estava voltando a fazer exposições. Ele havia parado já fazia um ano e tivera um bloqueio imenso. Gostava de vê-lo tão bem.

- E como você está? - perguntou ele. - Pintando bastante?

Desviei o olhar, passando a mão no cabelo. Phil sabia e conhecia também meu amor por pintura, mas achava que ele não sabia que eu havia parado de mostrar para os outros depois do acidente.

- Só umas coisinhas estúpidas - dei de ombros, sorrindo.

- Ah, eu duvido muito que qualquer coisa que você faça seja só uma coisinha estúpida - disse ele, me olhando sério.

Comprimi meus lábios, ficando embaraçada. Elogios me deixavam nervosa.

- Eu não tenho certeza se um dia serei boa como o meu pai - falei, sendo sincera. - Mas é um bom hobby!

Phil parou e me olhou incrédulo. Por um momento achei que ele me daria um sermão.

- Hobby? - indagou. - River, eu vi os seus quadros. Eles eram ótimos e você tinha o que? Doze anos?

De Pele para PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora