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Acordei no dia seguinte num humor espetacular

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Acordei no dia seguinte num humor espetacular. Talvez fosse porque eu finalmente sentia que pertencia a algum lugar ou porque talvez pudesse fazer novos amigos. Qualquer uma das opções era boa demais para ser verdade.

Ainda sentia que Laney S. Pierce – achei seu nome inteiro no anuário – não gostava de mim, mas também fiz um plano para mostrar para ela que eu não era mais a garota sem noção que eu costumava ser. Essa garota havia queimado com a parte esquerda do meu corpo.

Depois que sai do banho, decidi realmente olhar para o meu corpo no espelho. Era estranho ver que eu continuava a mesma: alta, magra até demais - emagreci muito durante a recuperação -, cabelo castanho comprido, nariz fino e olhos azuis esverdeados grandes abaixo das minhas sobrancelhas selvagens que odiavam ficar penteadas. Mas ao mesmo tempo, eu me sentia tão diferente. A parte esquerda do meu corpo, desde o meu quadril até o meu pescoço tinha a pele diferente dos demais lugares. Era áspera e volumosa. Queimada. E eu cresci me vendo apenas como aquela parte danificada.

Olhando no espelho naquele dia, por um segundo, eu comecei a me ver como algo a mais do que apenas o meu corpo. Mas foi apenas por um segundo, depois fiquei brava comigo mesma por ter me encarado por tanto tempo assim.

Decidi colocar meu suéter vermelho borgonha, porque estava animada e cores quentes me animavam. Depois de um tempo, me acostumei a usar gola alta e manga comprida todos os dias. No começo, os verões eram horríveis, mas é questão de costume. Meu corpo se adaptou ao calor extremo.

Quando desci, meus pais estavam conversando – quase com sussurros – e sem sinal de Jace. Estranhei um pouco, mas achei melhor deixar para lá. Ele mesmo havia dito que sabia o que estava fazendo.

- Bom dia - disse, dando um sorriso empolgado.

- Bom dia, querida - disse minha mãe, colocando a mão no pescoço, aflita.

Parei e olhei para os dois, enquanto pegava minha xícara de café. Eles se entreolharam.

- O que aconteceu? - soltei, aflita.

- Eu espero que você não esteja atrasada - começou meu pai, comendo um pedaço de sua torrada. Senti a ironia da sua voz quando soltou a seguinte frase: - Porque vai ter que ir a pé hoje.

Tirei os dedos da xícara e me virei para eles, furiosa.

- O que? - indaguei.

- Seu irmão pegou seu carro emprestado - disse minha mãe, dando de ombros e bebericando seu café. - Ele disse que "precisa resolver umas coisas".

Senti que meu rosto havia ficado da cor do meu suéter quando ela pronunciou aquelas palavras. Não era do feitio de Jace pegar as coisas sem pedir, mas eu não duvidava de nada. Ele não era mais como antigamente, algo nele havia mudado. Era cristalino de tão óbvio que estava na sua cara. Por isso, não impedi a raiva de tomar conta de mim.

De Pele para PeleOnde histórias criam vida. Descubra agora