Vinte - Amor fati

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Avisos: Tortura, uso de drogas e menção ao suicídio

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Avisos: Tortura, uso de drogas e menção ao suicídio.

A morte é um espetáculo solitário, dura um instante. Não existe tempo par ver a vida passar diante dos seus olhos. Dizem que é mais breve que um respirar. Que passa ligeiro, não há nenhuma sinfonia majestosa na morte, o mundo não para de girar. Simples assim, complicado assim.

Lyra não derramou uma só lágrima.

No momento que entrou naquele quarto e encontrou Lyra Eva caída, pateticamente, segurando uma garrafa de vinho em meio aos dedos finos e enrugados, ela já sabia. Antes de o médico confirmar, ela já sentia. Estava finalmente sozinha.

Pode ter certeza disso com as reações do depois da notícia. O seu pai deu-lhe um abraço frio. Romeu olhou profundamente para ela, como se tivesse lhe culpando de alguma forma e Perseu não lhe dirigiu uma só palavra.

Paralisada naquela janela ponderou a respeito de o que deveria fazer a partir dali. A sua avó sempre representou o seu passado e futuro, era com a sua caligrafia que o seu horizonte se escrevia. Horizonte esse que a cada segundo ficava mais frio e morto.

A porta sendo aberta e o repique dos scarpins Prada contra o piso amarelo lustrado acordaram ela dos seus devaneios trágicos. Lyra ergueu da cama já sabendo quem encontraria.

Óbvio, apenas uma pessoa em todo o país tinha coragem de entrar no seu quarto e não pedir licença: Andrômeda Morrisey-Wright.

Ficaram a cara a cara. Andrômeda nunca foi boa vocalizando sentimentos, Lyra também não.

Morrisey suspirou.

— Precisamos conversar, você e eu – Revelou a maior. Os olhos verdes em chamas capazes de derreter até um "iceberg". — É do seu interesse.

Lyra ficou no mesmo lugar, Andrômeda passou a mão nos cabelos pretos brilhantes e disse a única coisa que podia:

— Sinto muito.

— Também sinto muito. – Não há o que dizer além disso, porque quem tinha que sentir algo era exatamente Lyra.

A britânica ficou parada no centro do quarto. Queria aproximar e dar um abraço em Lyra, mas supôs que seus abraços jamais consertariam aquilo. Julgou mal o coração de gelo da espanhola. Quem imaginaria que desejaria um abracinho? Chuif...

Se elas fossem amantes convencionais derramaria nos seus braços para curar a sua dor. Se beijariam e And a colocaria para dormir com um beijo de "te amo sempre". Hahaha. Foi enquanto fantasiava essa cena, direto da Netflix que Lyra notou o envelope nas mãos de Andrômeda. Fato irrelevante, não fosse o brasão da sua família vedando o papel.

— Isso é seu. – A voz rouca da morena ecoou no quarto. DiCastillo manteve o olhar fixo no envelope creme preso entre os dedos e as unhas pintadas de preto de Andrômeda Morrisey-Wright. – Não quero ter uma tendinite, heartbreaker. É da sua avô. – pontuou.

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