As vezes, lembrar das coisas que te machucam podem estar sempre ensinando como não nos decepcionar de novo. Mas, também causam dor.
11:00 am
Harper entendeu meu pedido e fez mais um traço de tatuagem no meu braço direito.
Antes de Helena ir embora, me ensinou algo. Sendo bom ou não, faço o mesmo, mas ao invés de riscos na parede, Harper tatua em meu braço. Minha mãe, apesar de sofrer com as pessoas que a julgavam, possuía bastantes amigos. Talvez, por interesse. Meus pais estavam juntos, logo ser amiga de alguém do alto escalão da colônia, tinha seus privilégios. Mas, Helena nunca foi ingênua. Sabia separar as verdadeiras amizades, das interesseiras. Ela dava três chances para cada um de nós e eu estava inclusa. Se uma a decepcionasse três vezes, ela "cortava contato" e seguia em frente, porque segundo ela, evitava mais decepções. Ela acreditava no perdão ou pelo menos, dizia isso. O que não significava que ela não podia escolher evitar que as mesmas pessoas a magoassem várias vezes.
Pode não ser certo, mas desde que Helena foi embora, faço a mesma coisa. Porém, gosto de lembrar de cada um dos motivos em qualquer lugar que esteja. Então Harper, mesmo me achando louca, sempre me apoia.
Helena me decepcionou duas vezes, apesar de achar que mesmo se ela fizesse isso cem vezes, eu não ligaria. Digo o mesmo sobre o Dom. Dylan acrescentou mais um risco, então agora, completarei seis traços. Os motivos de cada um não são importantes agora, mas preciso gravar o do Dylan, por ter me traído. Espero um dia conseguir perdoá-lo de verdade, acho que morrer preso com um sentimento desse tipo, não deve ser bom.
Harper terminou a pequena tatuagem e comecei a me trocar para ir trabalhar na cozinha. Queria que hoje fosse um bom dia, afinal, já estava cansada de tanto estresse. Se serei obrigada a ficar aqui por seis meses, apesar de que ainda vou tentar resolver isso, precisava ficar tranquila e sem surtos de raiva.
Coloquei uma roupa clara com tênis bege, prendi meu cabelo em um coque, pois na cozinha usamos toca e peguei meu avental.
Me olhava no espelho enquanto me arrumava e observei o reflexo de Harper no espelho, pintando as unhas dos pés.
- Você não tem tarefas hoje? - Perguntei curiosa.
- Claro que tenho. Por que acha que eu estou pintando minhas unhas do pé com essas cores chamativas horríveis? Aquelas crianças amam brincar com esmaltes no meu pé. Mas, hoje terei uma desculpa para elas me deixarem em paz. - Ela ria, me fazendo gargalhar.
- Você é ridícula! - Riamos muito imaginando a cena de Harper sentada na creche enquanto crianças pintavam as suas unhas.
Harper tenta fingir ser durona e não gostar de ninguém. Mas, todo mundo sabe que lá no fundo, o coração dela é "manteiga".
- Estou indo para a cozinha, por favor, seja legal com as crianças.- Brinquei enquanto saía pela porta do quarto.
12:00 pm
Lembrei que Thomas farias algumas tarefas no mesmo turno que eu, então fui em direção ao seu quarto, para que fossemos juntos.
- Thomas? - O chamava enquanto batia na porta.
- Sim? - Ele respondeu vindo em minha direção.
- Precisamos ir para a cozinha. Está quase na hora. - Falava um pouco mais alto que o normal, para que ele pudesse me ouvir.
- Ah, quase me esqueci! - Ele disse abrindo a porta. - Entra, só vou me vestir primeiro.
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COLONY 339
Science FictionBlake Sawyer contou com a sorte de ser uma criança na época em que as colônias foram abertas para moradia. Com tantas catástrofes naturais e os mortos-vivos, ela precisa manter a colônia de seu pai segura ou fugir, enquanto conhece o misterioso Thom...