Orange; terça-feira; 5:31 da tarde;
Noah subia com cautela e ao mesmo tempo com nervosismo as escadas do prédio mal iluminado. Estava em um dos piores lugares de Londres para se estar: onde gangues se encontravam, pessoas fumavam baseados e traficantes andavam livremente pelas ruas.
Mas sua postura altiva e confiante, apesar de não se sentir assim por dentro, seria a responsável por mantê-los afastados enquanto cruzava os limites de um muro de tijolos e abria a porta principal do velho edifício, com um rechinar.Respirou fundo ao parar na frente do apartamento 201. Aliás, do apartamento 20, uma vez que algum engraçadinho lhe arrancara um “1”. Porém, a marca do número perdido continuava lá, impregnando na madeira da porta.
Noah se afastou um pouco ao perceber o celular vibrar dentro do bolso da calça. Desceu alguns degraus e o atendeu, falando no sussurro mais baixo que podia:
- Daves.
- Já está aí? – o homem do outro lado da linha perguntou.
- Sim.
- Senhor Urrea, - o detetive deu um suspiro pesaroso. – não acha que seria mais prudente de sua parte deixar esse trabalho pra mim?
- Você não entende. – sussurrou ainda mais baixo. – Isso é algo que quero fazer.
E com o longo silêncio que se estabeleceu entre ele o outro, Noah sentiu-se livre para desligar o aparelho. Voltou a colocá-lo no bolso esquerdo da calça, dessa vez concentrado em uma proeminência que sentia no direito.
Sorriu frio e voltou a ficar de frente para a porta do apartamento 201. Bateu três vezes.
A porta se abriu, revelando apenas uma fresta, que era o máximo que a corrente de proteção permitia chegar. Noah observou algo brilhar no escuro do apartamento, e reconheceu o pequeno brilho preto como olhos de uma pessoa.- O que quer de uma velha senhora? – uma voz trêmula veio de dentro da sala.
Noah apartou uma risada, vendo ainda mais estupidez naquela senha do que na primeira vez em que visitara o local com Ivane, no ano anterior.
- Seus biscoitos de polvilho, madame. – sorriu, sentindo-se absurdamente idiota.
A porta se fechou, e, durante alguns segundos, Noah pôde ouvir os barulhos de algumas trancas sendo destravadas. Um tempo depois, um enorme homem – que fingia a voz da velha senhora – abriu-a.
Sem esperar o convite para entrar, Noah se colocou para dentro do pequeno quarto que era o apartamento, de forma tão bruta que chegou a esbarrar um dos ombros no homem que permitiu sua entrada.
O grandalhão sentiu-se desafiado, virando-se imediatamente para o garoto que já estava atrás de si no aposento e apertando os punhos:
- Escuta aqui, seu fedelho...
Mas não prosseguiu. Não conseguiu proferir mais nenhuma palavra assim que vislumbrou de perto o cano de um revólver de calibre 38, diretamente apontado para uma de suas bochechas: a que possuía uma extensa cicatriz.
- O que você quer? – se deu por vencido olhando para Noah, que segurava a arma com aptidão.
- Quero a ficha dos seus clientes do ano passado. – o homem levantou um dedo para protestar. - Agora.
O traficante olhou Noah de cima a baixo. Depois, rendendo-se, caminhou na pequena sala até um armário escondido pelas sombras.
Noah observou a quitinete com desgosto. A única coisa no local que de fato lhe chamara a atenção tinha sido a mesa de madeira, no centro do cômodo. Sabia que tinha sido exatamente a mesma mesa na qual tinha se sentado com Ivane no ano anterior, na qual a menina tentou induzi-lo a experimentar cocaína. Noah sorriu amargo, sem perder por um segundo o homem da mira de sua arma.
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Ópera [✓] | adaptação noany
Misterio / SuspensoPreparade para participar dessa ópera? Então bom proveito, e que abram-se as cortinas! Any Gabrielly é uma garota de 17 anos, estudante do último ano do ensino médio, seu maior desejo era fazer um intercâmbio de um ano para o exterior. Quando a opor...