O orgulho e a tradição são duas das coisas que sempre afundaram os grandes imperadores do tempo. Muito se lê sobre os reinos que caíram por conta da estupidez daqueles que os deveriam erguer, mas Thaegor não cometeria tamanho erro.
Herdeiro dos Reinos Áureos, o rei elfo sabia muito bem suas prioridades e deveres: Proteger e prover. As duas palavras sempre dançavam por sua mente antes de tomar grandes decisões e essa era sua eterna receita para o sucesso de um povo.
Veio de uma linhagem de Elfos da floresta, aqueles conhecidos por procurar a harmonia entre as diversas raças enquanto ascendem entre aqueles de sua própria. São os donos da natureza e da magia que vem da terra.
Mas Thaegor nunca ligou para hamornia ou qualquer que seja a baboseira que ouviu seus anciões contarem. Ao invés disso, ele queria ser conhecido como um imponente líder, capaz de ter um legado frutífero que seja mantido por um herdeiro legítimo.
Era arrogante sim, mas até mesmo as árvores de seu reino sabiam o respeito que lhe era merecido, e foi por isso que quando saiu à procura daquela que carregaria no ventre o futuro de sua herança, não encontrou recusa em lugar nenhum.
Elfas de todas as raças tentavam cortejar o jovem rei, mas nenhuma parecia bonita ou forte o suficiente para seus apetites. Até que, no semblante inóspito de uma humana, ele viu uma possibilidade.
- Grande rei Thaegor dos Reinos Áureos, peço que considere a minha filha como uma opção de matrimônio para celar o reino dos homens com o dos elfos. - O homem corcunda falava sem ousar olhar nos olhos de Thaegor que estava sentado em seu grande trono de madeira. Era nobre também, mas de um reino sem nome ou pelo menos tão indiferente que ninguém o lembraria.
A garota atrás dele transbordava sua falta de vontade em estar ali. Era uma princesa cumprindo a vontade do pai, à caminho de se tornar uma rainha. Mas não a importava o quão belo fosse o rei prometido com seus longos cabelos loiros e olhos de esmeralda, ou o quão reluzente fossem seus tesouros amontoados em centenas de salas, a jovem Myra não gostava de elfos.
- Aparenta-me que a inocente moça não parece estar tão de acordo com esse contrato. - Thaegor sorria, tentando buscar contato visual com os olhos de cobre quase vermelhos de Myra, que o ignorava firmemente. - Diga-me, não sou suficiente para suas vontades?
- Perdoe-me Vossa Alteza, mas nenhum elfo seria. - Ela disse finalmente, ganhando um leve tapa do pai enquanto desafiava com os olhos a postura impenetrável do rei.
- Oh! Por favor Alteza, não escute o que essa pequena insolente diz! Essa união seria uma grande honra para nossa família. - O velho dizia enquanto se curvava e pedia perdão várias e várias vezes.
O contato visual entre o elfo e a humana, no entanto, se fixou à partir do momento em que começou. Ambos pareciam vidrados naquilo que viam um no outro, aquilo que mais desprezavam na terra. Para ele, a fraqueza. Para ela, a soberba.
- Escute-me bem. - Thaegor disse chamando a atenção do pai de Myra. - Casarei com sua filha e colocarei dentro dela o herdeiro dos meus reinos. A tratarei como minha rainha e não negarei nenhum presente que venha a atiçar seu desejo, além de conceder ao senhor e à sua família todo o luxo que precisarem. Mas, quero algo em troca.
- Pelos deuses! Sim, sim, tudo que Vossa Alteza desejar é seu! - Ele dizia quase com lágrimas nos olhos, aquela era a oportunidade que sempre quis para si.
- Quero que venha ate os pés do meu trono e me conceda um beijo doce nos lábios agora. - Impôs com o sorriso ladino, aquilo não seria apenas um simples tocar de bocas, o que Thaegor vislumbrava era a submissão que vinha acompanhada.
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Os Cinco
AdventureCinco viajantes, cinco aventureiros, cinco almas, apenas um destino.