1. Superfície

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O prazer não é um mal em si; mas certos prazeres trazem mais dor do que felicidade. — Epicuro

Passavam das nove quando ele finalmente se acomodou à sua poltrona, trazendo em suas mãos um copo de vidro baixo cheio até a metade com Isabella Islay, seu whisky favorito. Tomou num gole e virou o pescoço, encarando a garrafa do outro lado da grande sala de tons escuros. Mesmo com a pouca iluminação que saía do candelabro, era suficiente para que o recipiente achatado reluzisse de volta para si; pensou se teria forças para caminhar até ela após o dia corrido que acabara de ter. Constatou que não, então fechou seus olhos e perdeu a consciência antes que pudesse evitar que o copo escorregasse de seus dedos, chocando-se contra o chão.

A muitas milhas dali havia uma história quase igual, a única diferença é que numa sexta à noite Harry Styles nunca recusaria uma festa. Calçando algum par de Chelsea Boots, ele ignorava a dor nas costas adquirida após horas sentado atrás de uma mesa. Ele mantinha o padrão de vida que qualquer homem de vinte anos desejaria ter — com direito a muita luxúria e luxo. Já estava acostumado a vender sua imagem, era lucrativo para ele e para a imprensa que não tinha muito trabalho para conseguir que alguma polêmica escapasse de seus passeios noturnos. Ele era recomendado a fazer isso, ele sabia que precisava fazer.

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Louis olhava pela janela do jato o quão rápido as casas passavam por debaixo das pequenas asas do mesmo. Tinha tido algumas horas de sono suficientes para conseguir se concentrar para uma nova reunião um concorrente na área que atuava — a produção de vinhos e conhaques. Ele não havia herdado a empresa de ninguém, nem era centenar, como havia ouvido sobre seu concorrente. Ele mesmo havia começado sozinho alguns anos atrás, mas seu talento o fez subir diretamente para o topo das listas de avaliação. Ele gostava de poder se gabar disso.

Harry fazia a viagem para o mesmo destino, dormindo. O centro de Londres já estava próximo quando foi acordado para o café da manhã, que comeu mesmo estando enjoado. Ele ainda teria que entrar em algum site para descobrir o que ele havia feito na noite passada, não se lembrava de nada mais. Não estava tão preocupado com a reunião a seguir também; maioria das decisões seriam tomadas por terceiros. 

Ele sabia que era apenas o herdeiro, no fundo não levava muito jeito para o ramo mas algo naquele universo o puxava de volta.

Horas mais tarde, ao entrar na sala de reunião, as expectativas de Louis não eram tão altas, ele se sentia exausto, tanto fisicamente quanto mentalmente. Sua cabeça latejava, mas a mesa oval vazia à sua frente acendia uma faísca de esperança de que aquele dia pudesse se tornar produtivo, afinal, ele amava o mundo dos negócios mais do que amava as vantagens dele.

O assunto que iria tratar era a compra de alguns terrenos na América do Sul que pareciam ser bastante lucrativos para o ramo; o problema é que as duas maiores marcas de brandy da atualidade estavam interessadas nele. Naquela reunião era esperado que ambos entrassem em consenso sobre quem ficaria com ele.

Depois de algum tempo relendo a papelada que havia trago, viu os advogados de sua empresa acompanhados de outros homens engravatados que pareciam ser os advogados da outra. Por último, um homem de cabelos longos que escorriam por seu pescoço até sua clavícula passou pela porta acompanhado de uma mulher, que fechou a porta. Ele estava vestido com um terno preto, mas sem gravata e com alguns botões abertos na camisa social branca e transpareciam algumas tatuagens através do blazer; ele fechou a mão em punho e se reacomodou na cadeira. 

Quando o homem de cabelo cumprido tomou seu lugar na outra extremidade da mesa, cumprimentando todos ali, também fixou seus olhos alguns milésimos a mais em Louis. Algo enigmático em sua expressão era convidativo para saber mais sobre quem ele era, afinal nunca tinha o visto pessoalmente. Um silêncio se instaurou na sala por tempo demais até que o coçar de garganta de um dos advogados fez com que todos levantassem para, assim, começar a tratar dos assuntos das empresas.

Businessman (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora